5 de out. de 2008

51) PROJETO MEU PRIMEIRO EMPREGO



A minha caixa de correios – e aposto que a sua também – esteve nesses últimos dias entupida de panfletos coloridos, tamanhos diversos, textos mal escritos, criatividade gráfica duvidosa, que, além de números em dimensões garrafais estampavam, ora posudas, ora bizarras, fotos de astutos candidatos a uma vaga na Assembléia Legislativa ou mesmo para a cadeira de alcaide do nosso município.

Quanto cinismo travestido de falsa sinceridade cívica: “Construirei o trem-bala”. Seria uma versão mais robusta e criativa das tormentosas balas perdidas que com grande freqüência encontram os inocentes que passam de trem? “Lutarei por viagens grátis nos ônibus da cidade”. Quem paga a conta? “Sou corintiano, por isso votem em mim”. E daí, o que esse fato melhora a vida da cidade? Uns se apropriam de imagens, trejeitos e idéias de outros, sempre imaginando que no mar de desavisados caiam alguns votos na sua rede de esperteza.

Por anos tem sido uma diversão analisar as listas dos candidatos aos pleitos de sempre. Alguns já não se dão nem mais ao trabalho de atualizar as promessas, os refrões e as musiquetas surradas. Tudo, tudo, com o beneplácito de partidos políticos que os acolhem e os usam. Uns apelam para parentes assumindo um paroxismo de pieguice fajuta. Outros vêem no bizarro a forma de angariar incautos.

Entra pleito, sai pleito e lá estão os postulantes do momento com os seus projetos pessoais a lhes garantir um lugar na história, mesmo que seja pelo reconhecimento público do ridículo de seus sonhos. Despreparados para coisas tão simples como escrever o próprio nome ou ler com proveito intelectual um texto por mais simples que seja, ainda, se julgam bons o suficiente para subirem a uma tribuna e de lá defenderem em nome de todos nós seus projetos devotados ao bem da sociedade.

Há o grupo de velhas raposas que nem precisaria de mais cargos para o enriquecimento ilícito já conseguido no passado, mas com toda a certeza, vêem no cargo público um refúgio seguro à justiça ainda a lhes atormentar o sossego.

Agora uma nova categoria de postulantes: Os que buscam no cargo público o seu primeiro emprego: Socialites que nunca dirigiram nada, malandros que nunca pegaram no batente, playboys que vivem nas costas de famosos, garotos que mal terminaram o segundo grau escolar e outros, querem, porque querem ser vereadores, prefeitos ou qualquer que seja o cargo em disputa.

Como toda onda comportamental tem sua gênese, somos forçados a pensar que antecedentes bem-sucedidos e conhecidos de todos – Lula e Obama, por exemplo - dão respaldo aos sonhos dos membros dessa nova categoria.

Em sã consciência: Você lhes daria esse primeiro emprego?

Edson Pinto
05/10/08

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