O matemático alemão Johann Peter Gustav Lejeune Dirichlet que viveu na primeira metade do século XIX ganhou notoriedade com seus estudos no campo da teoria dos números. Legou-nos um princípio tão óbvio e simples que, se quisermos, podemos aplicá-lo em campos vários do relacionamento humano.
Na versão mais simples do Princípio de Dirichlet aprendemos que “se existem “n+1” pérolas em “n” caixas, então alguma caixa conterá mais uma pérola”. Simples assim, podemos inferir que muitos problemas que o dia-a-dia nos apresenta podem ser facilmente resolvidos sem necessidade de zelosas lucubrações. Exemplo: Se tenho oito compromissos em uma semana, logo, em no mínimo um dos dias, terei mais de um compromisso a ser cumprido. Óbvio, pois a semana tem somente sete dias. Sabendo disso, eu me reprogramo ou já saberei de antemão que terei uma semana infernal, já que moro em São Paulo onde o trânsito, no máximo, nos permite assumir um único compromisso por dia.
Extrapolemos a aplicação desse princípio para a vida política do País. Se cada homem público tem “n+x” parentes, namorados de netas, colegas de sobrinhos, primos de conhecidos, indicados de amigos e coisas do gênero enquanto só temos “n” cargos disponíveis na máquina estatal, logo, para os mesmos cargos existirão sempre vários apaniguados. A conseqüência é que toda essa gente continuará na Folha de Pagamentos da Pátria Amada mesmo que não tenha absolutamente nada a fazer.
Aqui o Principio de Dirichlet nos indicaria a necessidade de cortar toda a gordura até que a eficiência máxima possível fosse alcançada. __ Mas, quem faria isso? Dirichlet só enunciou o seu princípio, convenhamos. Compete a nós entendê-lo e usá-lo em favor de nossas melhores intenções. __ E por que não o fazemos? Todo nós que não somos políticos, não estamos em posição de mando na máquina estatal e que somente pagamos impostos e cada vez mais altos, ficamos lamentando a própria impotência diante de tão avassaladores desmandos.
É a democracia! Responderiam os puros que, como eu, acreditam no andamento ainda inacabado do nosso processo democrático. Um dia, esperamos nós os otimistas, chegaremos a ser um país mais eficiente e por conseqüência mais justo. Tudo depende de duas coisas muitos simples: A intensidade de nossa paciência para esperar por tempos melhores e da nossa atuação ativa para que o processo se complete de forma mais rápida.
Paciência é uma questão pessoal. Uns tem menos que outros e por isso podem sofrer mais. Atuação, contudo, é muito mais simples e o momento é igual para todos: É só levarmos a sério o valor do nosso voto no momento sagrado do sufrágio. 2010 já está bem aí...
Edson Pinto
Novembro’2009
2 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos:
A coisa esta cada vez mais feia e, por mais otimistas que sejamos, não dá para vislumbrar quando tudo isso terá um fim: Na política brasileira, quanto mais o povo se surpreende com as constantes revelações das horripilantes safadezas de nossos políticos, eles demonstram elevada criatividade para - de modos diversos - continuarem a nos surrupiar. Assusta-nos mais ainda o fato de que a malversação da coisa alheia, na facilidade com a qual ora se dá, tende a ser assimilada e reproduzida pela sociedade civil de forma generalizada. Triste será se chegarmos ao ponto de que as nulidades, a desonra, a injustiça e o agigantamento dos poderes nas mãos dos homens maus - como nos ensinou o grande Rui Barbosa – nos leve a todos a termos vergonha de ser honestos.
O malandro do José Roberto Arruda, atual governador do Distrito Federal, que já tinha feito seu "debut” em matéria de mau-caratismo naquele episódio do painel do Senado em 2001, agora volta em alto estilo. De mero coadjuvante do falecido Antonio Carlos Magalhães, agora tem a sua própria quadrilha. Meteu, sem pudor, a mão no dinheiro do povo e - acredite quem quiser - aparecerá ao longo desta semana perante a plenária de seu partido, o DEM, como uma versão estapafúrdia para as propinas recebidas. Vamos aguardar para rir ou chorar, ou mais certo ainda, as duas coisas ao mesmo tempo!
Enquanto isso não acontece, mas dentro ainda do temário de mazelas da política brasileira, reflito sobre o nepotismo tupiniquim, mas encontro uma base científica para explicar-lhe uma de suas facetas mais cruéis qual seja a de entenderem os cofres públicos como uma cornucópia para seus fins pessoais. Escrevi O PRINCIPIO DE DIRICHLET que já se encontra disponível em meu blog.
Uma boa semana a todos!
Edson Pinto
De: Ataide
Para: Edson Pinto
Edson,
Confesso que não conhecia esse tal de Dirichlet. Parece que o homem sabia das coisas simples.....
Bom, de suas duas opções de melhorias creio mesmo mais na primeira, paciência. Só a eleição do ano que vem não irá resolver quase nada. A corja continuará a mesma. As leis estão nas mãos deles.
Acho que temos que passar, sim, aos nossos descententes a ideia da moral e de nossos deveres.
Um abraço,
Ataíde
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