14 de jan. de 2012

189) UM ESPECTRO RONDA A EUROPA...


... E não é exatamente o fantasma do comunismo a que se referiam Karl Marx e Friedrich Engels no famoso Manifesto do Partido Comunista de 1848. As razões da volta do fantasma, no entanto, são muito assemelhadas: Recidiva de crise econômica a mostrar que as imperfeições do sistema capitalista nunca foram completamente superadas e, ao que parece, continuarão incólumes por todo o tempo que pudermos vislumbrar à frente. Pessimismo? Não, necessariamente. Apenas realidade...

Não há, no presente, disposição do proletariado politizado para liquidar a burguesia nem promover, pela via revolucionária, a histórica luta de classes. Há, de fato, uma insatisfação que paira sobre o velho continente clamando por reformas. A armadilha da euromoeda passou do sonho ao pesadelo e as nações que ansiaram embarcar no imenso transatlântico da prosperidade acabaram de descobrir que o seu codinome é Titanic. Têm solução? Claro que sim! A humanidade sempre encontrou uma forma de superar crises e retomar o inevitável continuum do progresso. Não é o fim da História, nem o fim das esperanças. Muitos sairão feridos, outros naufragarão nas profundezas abissais, mas ao final um novo ciclo virtuoso de progresso tende a emergir.

Quem não ficaria perplexo com um país como a Espanha com índice de desemprego de 23% de sua força de trabalho, ou com uma dívida pública líquida superior a 100% do PIB como na Itália ou mesmo uma variação negativa de mais de 2% na economia portuguesa? E a França que acaba de perder seu status de triple A? A insensata nau européia topou com o inesperado iceberg e faz água. Pânico geral... Mas, nunca devemos nos esquecer que a globalização exerce suas forças tanto para o mal como para o bem. “Oh, mercados de todo a Terra, salvai os recém-empobrecidos irmãos da vetusta Europa!” Brasileiros, russos, indianos e chineses (o BRIC), invadirão Paris, Roma, Londres, Lisboa, Madri e tutti quanti para consumir até não mais poder. Salvaremos suas anacrônicas economias para o bem geral e progresso do mundo...

O comunismo teve morte encefálica em novembro de 1989 quando veio abaixo o muro de Berlim. Fidel está prá lá de Bagdá, Kim Jong-il nem emplacou 2012 e tudo indica que uma nova experiência socialista foi agora para as calendas gregas. O capitalismo continua, apesar de tudo, sendo o melhor dos sistemas econômicos. Continuará o primado da propriedade privada e o lucro seguirá ditando a conduta dos homens. Passada a crise, novas forças propulsoras tenderão a se organizar para a felicidade geral e até que a próxima crise advenha.

Só há uma preocupação quanto ao diagnóstico do real problema e que difere muito das observadas nas crises capitalistas anteriores: Nunca se atingiu tamanho e sofisticado nível de consumo e bem-estar como agora no mundo. Já somos sete bilhões de consumidores reais e potenciais. Milhões de terráqueos a cada ano, legitimamente, aspiram e passam a demandar o mesmo padrão de consumo que as classes abastadas vêm desde a Revolução Industrial se servindo do mundo. A pergunta que não pode calar é se este já tão dilapidado planeta terá condições de continuar sendo a mesma mãe de cujos seios se servirão, de forma generosa e equânime, todos os seus filhos? Mas isso é tema para especulações posteriores.

Que tenham todos um feliz 2012!


Edson Pinto
Janeiro’ 2012


Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos

Caros amigos:

Embora estivesse programado para voltar a publicar minhas veleidades no blog só quando fevereiro viesse, pois em janeiro fico preguiçoso, não resisti...

O mundo não para de girar e assim não me restou alternativa senão escrever algo antes mesmo do mês de Momo. Mesmo porque, até lá, tudo já pode estar diferente e o que escrevi, hoje, tornar-se intempestivo.

Esse assunto da crise européia, embora num primeiro momento não nos diga muito a respeito, tem potencial de mexer com a vida de muita gente, tanto lá como cá.

Fiz neste texto de férias uma reflexão sobre o novo espectro que ronda a Europa e estou convencido de que mesmo com soluções possíveis, tal qual sempre aconteceu, o diagnóstico do problema atual apresenta um componente diferenciado.

Veja se concordam comigo no texto UM ESPECTRO RONDA A EUROPA.

Ainda estou de férias, por isso o texto da semana que vem não é garantido. Afinal, como o meu amigo J. M. Wanderley, abaianei-me...

Abraço a todos!

Edson Pinto