Temos sido bombardeados com informações, análises, campanhas e manifestações, até mesmo públicas, de grupos organizados contrários à realização da Copa do Mundo de Futebol aqui no Brasil. Dois seriam os argumentos centrais que sustentam as bandeiras do “Não vai ter Copa” ou do “Vou torcer contra o Brasil”:
Primeiro, os gastos excessivos
com o evento em detrimento da mitigação de problemas maiores do País como as
péssimas condições da saúde pública, a baixa qualidade da educação entre outros
descalabros notoriamente conhecidos por todos. O segundo argumento, este de
ordem bem política, é de que, saindo-se bem o Brasil, na Copa, isto é,
sagrando-se campeão do mundo pela sexta vez, o governo petista, hoje mais execrado
do que cão sarnento, tirará proveito para angariar votos para a reeleição da
atual presidente.
Começo dizendo que continuarei entusiasmado
com a Copa aqui no Brasil, mesmo porque isto já é um fato consumado e
impossível de ser revertido sem que consequências muitíssimo piores afetem a
todos nós. Vou torcer como sempre fiz pelo meu País, pois sou patriota. E, por
fim, informo aos amigos que até já consegui ingressos para pelo menos uma das
semifinais e que não abro mão de ser entusiasta participe deste grande evento,
pois isso me proporciona unir o gosto pelo futebol ao orgulho de ser
brasileiro.
Meus argumentos:
(i) Em 1950 quando da primeira
Copa no Brasil eu tinha apenas um ano de idade e, obviamente nada acompanhei.
Tudo o que sei a respeito daquela Copa foi-me contado pelos mais velhos e/ou li
em textos legados pela história.
(ii) Aprendi como a maioria dos
brasileiros a gostar de futebol, este esporte de agradável plasticidade, de arte,
de vigor, de caráter democrático que encanta a quase totalidade das pessoas. Hoje,
como se sabe, todo o mundo aprecia o futebol e a Copa do Mundo é considerada o
maior evento esportivo da Terra, superando até mesmo os jogos Olímpicos.
(iii) Nós brasileiros amamos o
futebol desde a infância, talvez porque combina muito bem com o nosso clima e
como a espontaneidade social do nosso povo. Não foi por outro motivo que o
saudoso Nelson Rodrigues nos legou a expressão símbolo desta paixão nacional,
“a pátria de chuteiras”, título desta crônica.
(iv) Estou com 65 anos e não
tenho esperança de viver outros 65 anos até que o Brasil venha a sediar outra
Copa, torcendo para que até lá o País tenha antes resolvido todas as suas
outras infindáveis mazelas. É, portanto, agora ou nunca...
A favor de minha posição filosófica
sobre o tema tenho ainda a consciência correta de que política e futebol não se
misturam na cabeça das pessoas de bom senso. Ao contrário – e as provas nos são
abundantes – toda vez que políticos tentam tirar proveito dessa paixão nacional
que é o futebol, o tiro acaba saindo pela culatra. Na situação presente em que
prevalece o sentimento generalizado de que o governo com todos os seus partidos
e seus 40 ministérios, a desacreditada classe política, os desarranjos da economia,
a falta de segurança pública, a infraestrutura paupérrima entre outras encrencas
têm jogado uma balde de água fria no tradicional otimismo do brasileiro.
Impossível, portanto, encontrar momento mais inconveniente do que o atual para se
misturar as duas coisas, isto é, política e futebol. Como água e óleo o futebol
assume a posição do óleo sobre a água mal cheirosa da politicagem. Vença o
Brasil todas as partidas e se torne o campeão, ou perca todas e se
desclassifica, nada mudará o meu voto que já está definido. Política e futebol
são departamentos diferentes...
A presidente Dilma já disse que
se limitará a balbuciar rapidamente a clássica e obrigatória expressão “Declaro
aberta a Copa do Mundo 2014” e torcer para que as vaias sejam, na melhor das
hipóteses, em nível moderado. Mas que vaias virão, não tenho dúvidas... Sejamos
francos! Dá pra imaginar o deputado André Vargas, este que tem relações de
negócios com o doleiro Alberto Youssef na história do Labogen mostrando a cara
numa partida de futebol ou dando uma entrevista para comentar um gol de Neymar?
Dá pra imaginar a Dilma afirmando que o bom desempenho do escrete do Felipão é
decorrência dos programas sociais do governo ou que o drible de Davi Luiz no
jogo contra a Croácia estava previsto no PAC2?
Não! Definitivamente não dá para
misturar as duas coisas. Quem achar que isto é possível deve ter outra razão que
eu suponho seja única: Não gostar de futebol, assim como tem gente que não
gosta de sol, outras não gostam de praia, outras detestam o campo, odeiam as
cidades, desprezam os momentos de lazer e praguejam pela vida que têm. O
futebol – nem precisa ser um de seus praticantes – tem essa magia: soma de
arte, de juventude, de confraternização, de amor e de paixão. Muita paixão,
mesmo...
Que me perdoem os jovens que são
contra a Copa do Mundo no Brasil. Vocês ainda terão muitos anos pela frente
para manterem as esperanças de verem uma Copa menos onerosa, em um Brasil mais
justo, no futuro. Eu como não tenho mais tempo para isto, só me resta tirar
todo o proveito possível desta de 2014. Não me conformo em partir para a outra
dimensão sem ter presenciado ao vivo e a cores o extravasamento da alegria
deste povo sofrido em um grande grito de gol. Quiçá de HEXACAMPEÃO!
Edson Pinto
Maio’ 2014
2 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Falta pouco mais de um mês para o início da Copa do Mundo de Futebol aqui no Brasil.
Cada dia que passa, a expectativa aumenta tanto do lado daqueles que amam o futebol e que querem a Copa, quanto do lado daqueles que vêm nisto um grande equivoco que precisa ser combatido, até mesmo de forma feroz.
Estou no primeiro grupo, mas com a ressalva de que consigo muito bem não deixar que os fatos políticos me tirem o deleite deste espetáculo que ocorre a cada quatro anos e que o tivemos, aqui no Brasil, pela primeira vez em 1950, época anterior ao início do meu autoentendimento como gente.
Vejam os meus argumentos!
Eles estão na crônica que escrevi esta semana com o título “A PÁTRIA DE CHUTEIRAS” que publico hoje neste blog:
Boa final de semana a todos!
Edson Pinto
Lúcido e correto seu ponto de vista.Te desejo um excelente espetáculo(contando com o seu pé quente), e que ao retornar para casa,nosso time já esteje inscrito na finalíssima do Maraca.Meu abraço. J.Paulo
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