(Fonte: The
Psychology Book, Globo, 2012, vários colaboradores)
Gosto sempre de organizar meus
pensamentos pela cronologia. Assim, imagino, as ideias encontram consistência e
fica mais fácil fazer-se entendido. Considerem, portanto, esta sequencia de
fatos históricos:
495 – 435 a.C. : Empédocles, filósofo grego, argumentou que as
características dos até então considerados quatro elementos básicos da natureza
(terra, ar, fogo e água) estavam na origem de todas as substâncias conhecidas. E
quais eram essas características? Terra (fria e seca); ar (quente e úmido); fogo
(quente e seco); água (fria e úmida).
460 – 370 a.C. : Hipócrates, também grego e considerado o
pai da medicina, foi na cola de Empédocles e desenhou o seu modelo médico
servindo-se das características dos mesmos
quatro elementos básicos. Propôs que elas se manifestavam no corpo
humano na forma de fluídos corporais a que chamou de humores.
129 – 201 a.D. : Galeno, médico e filósofo romano, aplicou a
teoria de Hipócrates que era basicamente corporal também para a personalidade.
Ele não tinha dúvidas da correspondência direta entre a quantidade de humores que
havia em cada pessoa com o seu temperamento.
Daí a teoria de Galeno:
As pessoas, dependendo da
prevalência de determinado humor, podem ser classificadas em quatro tipos de
temperamentos, cada qual com as suas próprias características: Vejam também a figura
que ilustra este texto!
Sanguíneas, por terem
muito sangue, são em geral, alegres, otimistas, confiantes, mas podem ser
também egoístas;
Fleumáticas, apresentam
excesso de fleuma, frieza e normalmente são quietas, tranquilas, racionais e
coerentes, mas também podem ser lentas, tímidas e desinteressadas.
Coléricas, acumulam muita
bílis amarela oriunda do fígado e por isso são impetuosas, enérgicas,
apaixonadas, mas em contrapartida podem ser irritadiças.
Melancólicas, apresentam
excesso da bile negra vinda do baço e se destacam pelas suas tendências poéticas
e artísticas, mas isto lhes custa suportar as companhias nada agradáveis da
tristeza e do medo.
Para Galeno, é da harmonia desses
quatro humores que se obtém uma vida feliz. O fato de que um deles se
sobressaia não preocupa, apenas determina a sua característica, ou seja, o
temperamento da pessoa. Quando, contudo, isso se apresenta de forma excessiva é
que reside o busilis, o xis da questão. Aqui de volta ao eterno “virtus in medium
est”. A virtude está no meio, no equilíbrio, ou, nem tanto ao céu nem tanto à
terra...
Não sou credenciado nem é minha
intenção tratar das terapias que se desenvolveram para a busca do equilíbrio desses
humores. O que sei é que na busca da paz e para que tenhamos uma vida mais
saudável, o equilíbrio desses humores é condição “sine qua non”, mesmo porque –
pelo que já se sabe – a teoria de Galeno mostrou-se posteriormente desprovida
de base científica e portanto caiu em desuso.
Mas, mesmo fora de moda, temos
que reconhecer que a teoria de Galeno continua sendo muito interessante para
explicar os temperamentos que as pessoas em geral apresentam. Quem não conhece,
ou mesmo se identifica como sendo, um colérico, um fleumático, um sanguíneo ou
um melancólico? Estes temperamentos estão por toda parte, nas pessoas
conhecidas, nas desconhecidas ou em nós mesmos.
Isso é bom, ruim ou não tem importância
para o convívio social a que nos submetemos?
É sempre uma batalha inglória a
tentativa de dar a um colérico, por exemplo, um pouco de fleuma ou transformar
um melancólico em um tipo alegre e confiante como se encontra nos sanguíneos. O
caminho mais correto para esse reequilíbrio - penso - deveria ser o
autoconhecimento, pois é só com ele que podemos mudar nossa essência. Portanto,
nos autoanalisemos. Temos o dom da inteligência e a prerrogativa do
livre-arbítrio. Equilibrar nossos humores é algo que diz respeito a cada um e a
mais ninguém.
Edson Pinto
Junho’2015
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
O maravilhoso da vida é que embora sejamos todos biologicamente semelhantes temos, contudo, temperamentos diferentes. Também penso que se fossemos iguais em tudo a vida não seria o que é.
Nesta semana resolvi especular sobre o tema e escrevi este texto QUAL É O SEU TEMPERAMENTO?.
Abraço e bom final de semana a todos!
Edson Pinto
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