__ “De omni re scibili et quibus dana allis”. Isto é, meus amigos, de tudo o que se pode saber e mais alguma coisa, expresso aqui perante tão augusta platéia a certeza de que minha demanda ao cargo de prefeito dessa magna municipalidade encontrará abrigo em vossos corações agigantados. “Tempus fugit”!
Platéia tomada de grande emoção sob o embalo de ruidosos apupos. Aquilo lhe era, na essência, incompreensível, menos para o ex-padre Rosário que ao cabo de tanto estudo do latim tomara gosto pela cachaça da terra e assim considerou a conveniência de abandonar a batina e viver mundanamente. “Alea jacta est” A sorte está lançada, pronunciou com a ênfase do outrora pastor de almas para encerrar em alto estilo o discurso apoteótico de sua campanha política.
Tinha certeza de que seria eleito. Na cidade, quase todos o conheciam pelo seu apego ao tradicional subproduto da destilação do sumo da nossa “Saccharum officinarum”, como ele, em latim, se referia à caninha que consumia à farta. Como não fazê-lo agora prefeito para tornar realidade o seu apregoado projeto da “Bolsa Cachaça” com distribuição gratuita em todos os dias da semana, exceto, frisava com a veemência de quem sempre professava a fé, aos domingos, dia sagrado que haveria de ser respeitado pelo bem da família e pelo necessário temor a Deus?
Nem por sonho Miguelão, oposicionista, que prometia “Escola e Trabalho para Todos” conseguiria vencer o ex-padre Rosário com seu atraente plano de governo. Até as pesquisas de boca de botequins confirmavam: Rosário 99%, Miguelão 0%, Votos nulos 1%. Favas contadas, isto é, pingas tomadas.
A apuração pega Rosário de surpresa. Miguelão ganha com expressiva diferença contrariando todas as expectativas e até mesmo certezas que se formaram ao longo da campanha. O que teria acontecido? A população teria se conscientizado de que “Estudo e Trabalho” eram mais dignificantes do que o programa pão e circo de Rosário? O comportamento furtivo de seus até então fiéis companheiros de boteco parecia indicar que algo de muito estranho ocorrera nos momentos derradeiros da campanha.
Tudo esclarecido: Enquanto Rosário permanecia até o último minuto da votação no boteco de sempre, Miguelão, numa jogada de mestre, abordava eleitores na boca da urna com a promessa de troca do seu “Escola e Trabalho” por plano equivalente ao de Rosário de distribuição gratuita de cachaça, porém não apenas de segunda a sábado, mas, também, aos domingos.
E o povo votou “feliz e consciente”. À Rosário, inconformado com a traição dos agora ex-amigos, restou-lhe a decisão de um último trago e a partida para outra, não sem antes maldizer: carpe omnium: aproveitem tudo!!
Edson Pinto
23/09/08
Platéia tomada de grande emoção sob o embalo de ruidosos apupos. Aquilo lhe era, na essência, incompreensível, menos para o ex-padre Rosário que ao cabo de tanto estudo do latim tomara gosto pela cachaça da terra e assim considerou a conveniência de abandonar a batina e viver mundanamente. “Alea jacta est” A sorte está lançada, pronunciou com a ênfase do outrora pastor de almas para encerrar em alto estilo o discurso apoteótico de sua campanha política.
Tinha certeza de que seria eleito. Na cidade, quase todos o conheciam pelo seu apego ao tradicional subproduto da destilação do sumo da nossa “Saccharum officinarum”, como ele, em latim, se referia à caninha que consumia à farta. Como não fazê-lo agora prefeito para tornar realidade o seu apregoado projeto da “Bolsa Cachaça” com distribuição gratuita em todos os dias da semana, exceto, frisava com a veemência de quem sempre professava a fé, aos domingos, dia sagrado que haveria de ser respeitado pelo bem da família e pelo necessário temor a Deus?
Nem por sonho Miguelão, oposicionista, que prometia “Escola e Trabalho para Todos” conseguiria vencer o ex-padre Rosário com seu atraente plano de governo. Até as pesquisas de boca de botequins confirmavam: Rosário 99%, Miguelão 0%, Votos nulos 1%. Favas contadas, isto é, pingas tomadas.
A apuração pega Rosário de surpresa. Miguelão ganha com expressiva diferença contrariando todas as expectativas e até mesmo certezas que se formaram ao longo da campanha. O que teria acontecido? A população teria se conscientizado de que “Estudo e Trabalho” eram mais dignificantes do que o programa pão e circo de Rosário? O comportamento furtivo de seus até então fiéis companheiros de boteco parecia indicar que algo de muito estranho ocorrera nos momentos derradeiros da campanha.
Tudo esclarecido: Enquanto Rosário permanecia até o último minuto da votação no boteco de sempre, Miguelão, numa jogada de mestre, abordava eleitores na boca da urna com a promessa de troca do seu “Escola e Trabalho” por plano equivalente ao de Rosário de distribuição gratuita de cachaça, porém não apenas de segunda a sábado, mas, também, aos domingos.
E o povo votou “feliz e consciente”. À Rosário, inconformado com a traição dos agora ex-amigos, restou-lhe a decisão de um último trago e a partida para outra, não sem antes maldizer: carpe omnium: aproveitem tudo!!
Edson Pinto
23/09/08
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