Incursões avassaladoras dos ferozes hunos no século IV desmantelaram o Império Romano do Ocidente e abriram caminho para a sua queda. Os hunos, destemidos guerreiros de origem mongólica eram comandados por Átila que, devido às expedições impiedosas que comandou, deram-lhe a alcunha de “o flagelo de Deus” e mais do que isso, passou para a posteridade a famosa frase “onde o cavalo de Átila pisava a grama não voltava a crescer”
Nos dias de hoje - com raras exceções - as nações já não correm o perigo de conquistadores, especialmente desses com a crueldade de Átila, de seus guerreiros e até mesmo de seu cavalo. No entanto, intriga-nos o fato de que os gramados Brasil afora, notadamente os de Brasília, dos amplos jardins que emolduram a Praça dos Três Poderes, andam prá lá de sequinhos e até mesmo fumegantes. Indícios de que o cavalo de Átila anda pisando com muita freqüência por aqui.
Os Átilas do momento não usam cavalos e sim aviões modernos pagos com as verbas de passagens aéreas sobre as quais já não falamos mais. Não têm os guerreiros mongóis valentes e impiedosos, mas um exército de apaniguados que se encontram na Folha de Pagamentos do Erário e que nem precisam freqüentar escritórios ou mesmo fazer qualquer coisa para justificar os seus generosos soldos. Ocupam, por apadrinhamento político e sem qualquer critério de mérito profissional, cargos nas empresas estatais provocando – por falta de competência – apagões assustadores que paralisam o País. Questionados, jogam toda a culpa à mãe-natureza e inventam raios, aos milhares, caindo sobre torres em locais onde mal chovera. Não precisam empunhar espadas para conquistas, pois suas armas são a venda de votos, a composição promíscua entre partidos na defesa de presidentes do Senado e arquivamento de inquéritos nos Conselhos de “Araque” de Ética, tudo para manterem-se firmes nas tetas pejadas da mãe-pátria.
Se estivéssemos ainda no longínquo século IV talvez fosse mais razoável erigirmos um monumento a Átila e ao seu cavalo como forma de impedir que nos esquecêssemos de quão cruel os invasores da pátria poderiam ser. Mas, como os tempos e os métodos são outros, fiquemos com um memorial à cara-de-pau de nossos políticos.
Edson Pinto
Novembro’2009
2 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos:
Semana passada, 9/11, comemorou-se 20 anos da queda do muro de Berlim, simbolizando o fim do comunismo e consequente triunfo do sistema capitalista e de sua liberdade, vencedora, de atuação dos agentes econômicos. No dia 15, ontem, comemoramos 120 anos da proclamação de nossa Republica com o seu ideal de nação plural com igualdade de oportunidades para todos, inclusive das funções políticas e de mando.
Caprichosa coincidência de semana nos leva a refletir o quão democráticos temos sido na gestão da coisa pública, especialmente nesse tema do nítido açambarcamento que políticos e apaniguados fazem da máquina estatal. À parte de custar caro, incomoda-nos, ainda mais, a ineficiência do Estado como gestor. Parece até um “flagelo de Deus” a compensar com maus políticos as benesses naturais com que nos brindou em abundância. Escrevi o texto “O CAVALO DE ÁTILA” para continuar cutucando as nossas mazelas na esperança de que um belo dia – não dá prá prever – as coisa melhorem.
Boa semana a todos!
Edson Pinto
De: José Carlos Meismith
Para: Edson Pinto
Caro Edson,
Excelente o seu artigo . Compartilho com sua indignação e protesto . Espero que a frase de um general americano sobre o Brasil na década de 70 não tenha perdido a validade e dizia mais ou menos o seguinte : “ Ouço dizerem que o Brasil vai para o abismo, mas o Brasil é maior que o abismo “.
Um forte abraço,
Carlos
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