Quando ficamos com sobrepeso - desde que isso não seja causado por uma doença, coisa que nos deve levar ao médico -, sabemos que a solução é uma boa dieta. A máquina, neste caso o nosso corpo, está sendo abastecida com mais insumos do que precisa para cumprir seus objetivos. O que excede vai para as células adiposas numa espécie de depósito inútil. O corpo, assim mais pesado, começa a exigir mais insumos para ser sustentado e um círculo vicioso se instala no organismo: mais gordo, mais alimento, mais gordo... As consequências disso, nem é preciso falar, pois são as piores possíveis.
Em uma empresa, em uma
organização qualquer ou mesmo no governo o fenômeno igualmente se repete. As
estruturas vão sendo alimentadas quase que por inércia e inchando tal qual
acontece com o corpo humano que se alimenta descontroladamente. A cada ano
novos funcionários são orçados e admitidos para atender às novas necessidades.
As necessidades novas, ou mesmo antigas, podem desaparecer por razões várias,
mas a estrutura, se não tiver controle, se ajeita para acomodar aquele sobrepeso.
Está aqui a semelhança entre o corpo humano e as estruturas organizacionais.
Tal qual o gordinho que percebe
que algo vai mal com a sua vida e toma as providencias corretivas necessárias,
as empresas também – com raras exceções, é claro –, são, até mesmo por uma
questão de sobrevivência, levadas à adoção de dietas. De como isso é feito
falarei mais adiante.
As organizações privadas que dependem de fluxo financeiro escasso também são forçadas a isso. Não se pode dizer o mesmo das estruturas da máquina estatal, por três razões básicas: (1) Os cargos públicos de comando têm, em geral, caráter transitório. Isto significa que a preocupação pelo aumento da eficiência da máquina torna-se menos importante que outros propósitos do gestor. Neste caso este tema nunca é prioritário. (2) O chamado instituto da estabilidade que torna quase impossível a demissão de pessoal e (3) O poder desmesurado do governo de tributar e de endividar-se para suprir de forma quase infinita a sua necessidade de recursos para sustentação de sua obesidade.
As organizações privadas que dependem de fluxo financeiro escasso também são forçadas a isso. Não se pode dizer o mesmo das estruturas da máquina estatal, por três razões básicas: (1) Os cargos públicos de comando têm, em geral, caráter transitório. Isto significa que a preocupação pelo aumento da eficiência da máquina torna-se menos importante que outros propósitos do gestor. Neste caso este tema nunca é prioritário. (2) O chamado instituto da estabilidade que torna quase impossível a demissão de pessoal e (3) O poder desmesurado do governo de tributar e de endividar-se para suprir de forma quase infinita a sua necessidade de recursos para sustentação de sua obesidade.
Por experiência profissional vou discorrer,
brevemente, sobre uma das formas pela qual uma empresa que percebe os
malefícios de seu sobrepeso age: Existem consultorias especializadas em análise
de custos das organizações que podem ajudar nesta tarefa, porém não vem ao caso
citar aqui a metodologia que adotam. Em geral, trata-se de um processo bem
simples:
(1) Todos os funcionários devem
listar, com a ajuda de um consultor, as tarefas que fazem; o tempo que gastam
com elas; a frequência; os custos envolvidos e para quem o produto de seu
trabalho se destina (exemplo: relatório semanal tal enviado ao setor qual...).
Pede-se ainda a identificação das tarefas quanto à sua importância segundo sua
própria avaliação.
(2) Depois de tudo levantado,
entrevista-se as pessoas que são beneficiárias dos produtos dos serviços
indicados pelos outros. Aqui, novamente, se pede para identificar os tais
produtos pela sua importância que têm em seu próprio trabalho.
(3) Finalmente, a análise
identifica de forma clara o que tem pouco ou nenhum valor e aí se efetua os
cortes de despesas e pessoal correspondentes à reorganização que disso decorre.
Toma-se assim uma decisão consciente e praticamente isenta de erros. A empresa
corta seus excessos de gordura e fica enxuta para enfrentar com maior eficiência
as condições do mercado em que atua.
As perguntas que não querem calar
são muito simples:
(1) Por que os governos não fazem
o mesmo em suas inúmeras repartições, secretarias, departamentos, ministérios e
outros órgãos sob a sua responsabilidade, ao invés de somente determinar o
aumento de impostos e de sua divida?
(2) Quando teremos um governo
sério e corajoso o bastante para criar condições de cortar a própria gordura e
com isso tornar a máquina pública menos custosa?
(3) Será que os governos têm
consciência de que se nada for feito neste sentido atingiremos em breve a uma
situação insustentável que pode nos levar de novo ao FMI como a Grécia agora
depende da ajuda da Comunidade Europeia?
Imaginem quanto trabalho inútil e
funções redundantes não existem dentro da máquina pública. Quanta gente fingindo
que trabalha e sendo mantida pela mal aplicada instituição da estabilidade ou
porque tem sustentação política. Somos todos nós, os contribuintes, que pagamos
a conta dessa ineficiência.
Até quando suportaremos essa
irresponsabilidade?
Edson Pinto
Março’2015
2 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Exceto para aqueles que não sabem o quanto é difícil ganhar dinheiro honesto, ou para os nefelíbatas de sempre, administrar o orçamento é uma necessidade imperiosa.
Nessas últimas semanas em que muito se falou das agruras das nossas contas públicas, refleti sobre como isto tem a ver com a fisiologia humana.
Meu texto CONTROLE DE PESO já se encontra aqui publicado.
Vejam se concordam comigo!
Edson Pinto
Caro Edson,
Tudo que você descreve como orientação para uma boa "dieta" é correto, e considera um bom senso administrativo.
Todavia, quando os responsáveis têm objetivos políticos cristalizados, religiosos até, vão fazer uma parte do que você indica, mas não abrirão mão dos seus "princípios" e do poder envolvido.
Infelizmente sugiro que percamos as esperanças de que "eles" façam o que é necessário, a única alternativa é promover uma pressão política forte...
Abs, Giba Canto.
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