De diversos amigos do Facebook recebi
o desafio que ilustra este texto. Se
você é participante da rede social deve tê-lo visto também, pois ele faz parte
dessas publicações virais que vez por outra surgem na internet. Li várias respostas na seção de “comentários”,
sendo que a totalidade fazia algum sentido e se escudava em raciocínio aparentemente
lógico e demonstrável.
Uns afirmavam que o resultado seria 90, pois
considerava a lógica de se multiplicar, em cada linha, o número da esquerda pelo
numero da mesma posição que dá continuidade a sequencia numérica e que está, ou
estaria, na linha seguinte. Assim, como na linha do número 5 (à esquerda) a sua
multiplicação pelo número 6 da linha seguinte levou ao resultado 30, bastaria a
multiplicação do 9 pelo seu lógico sequente que seria o 10. Neste caso o
resultado seria, obviamente, 90. A hipótese aqui assumida é a de que os
algarismos 7 e 8 foram propositadamente omitidos apenas para confundir o
desafiado.
Outra resposta que também faz
sentido é considerar que o resultado de uma linha corresponde ao resultado da
linha anterior acrescido do dobro do número da primeira coluna da linha
analisada. O 42, por exemplo, se explicaria pela soma do resultado de 30 da
linha anterior somado ao dobro de 6, isto é, 12, da linha para a qual se faz o
cálculo. Por essa lógica, o 90 como resultado da linha da interrogação se
justificaria, pois o número 72, que se pressupõe estaria na linha anterior
omitida, somados ao dobro de 9, isto é, 18, levariam ao mesmo 90.
O que pega neste exercício é
saber o que há por trás da omissão dos números 7 e 8 na sequência. Seria
exatamente esse o enigma a ser desvendado? O número 234569 (formador da sequência
da primeira coluna) teria alguma propriedade especifica como, por exemplo, ser
um número primo, um fatorial, um número perfeito, poligonal, ou mesmo um número
de Fibonacci, de Bell ou Catalão? Não é nada disso. Há de se questionar, então,
se trata de uma omissão capciosa ou se devemos respeitar a sequência tal qual
apresentada?
Sem querer polemizar, pois meu
objetivo neste texto é outro, como saberão no parágrafo seguinte, eu me
arriscaria a dar a resposta que considera a sequência tal qual demonstrada,
isto é, nada foi omitido sem que isso tivesse sido explicitado na formulação do
desafio. Parto, portanto, do principio de que as informações só são essas. Assim,
diria eu que o resultado seria 60. Explico:
Já que não há como garantir que o próximo número seria o 10 ou o 0 ou mesmo o 1,
então eu só posso trabalhar com os números dados. Usei o resultado da linha
anterior, 42, somando duas vezes o número 9 da linha pedida. Se for isso que o
autor do teste esperava como resultado, ou se é o 90 ou outro número qualquer
só ele pode explicar. Devolvo o desafio a ele...
Eu fico, contudo, com a lição que
esse problema nos sugere, ou seja, a de que a verdade é uma das questões mais
profundas e difíceis para nós os seres racionais. Não é por outra razão que
filósofos desde priscas eras têm discutido o tema sem que uma conclusão satisfatória
e definitiva se tenha alcançado. Fala-se em vários tipos de verdades, inclusive
em verdades relativas, aquelas que se moldam a cada circunstância. O que para
uma pessoa faz todo o sentido para outra pode nada significar.
Quando olhamos o quadro político
em que vivemos somos – não raro – surpreendidos com a multiplicidade de
verdades que são apresentadas para um mesmo fato, um mesmo comportamento. Temos
inúmeras versões dos mesmos eventos, suas relativizações, suas temporalidades, a
exegese das nossas leis, os costumes presentes e pretéritos e, acima de tudo, os
aspectos morais. Pode ser legal, mas não ser moral. E até mesmo, em sendo moral,
nem tanto...
Resolver os enigmas da vida não é
um desafio só para os gênios como se instiga no desafio matemático acima. Pode
e deve ser algo muito simples, pois, como nos ensinou o mestre Khalil Gibran:
“A simplicidade é o último degrau
da sabedoria”.
Edson Pinto
Maio’ 2015
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
A verdade é tão somente aquilo que os nossos olhos veem? Aquilo que o tesoureiro jura que fez ou que não fez? Aquilo que a presidente diz saber ou não saber?
Será que para entender isso há de ser um desafio para gênios?
Neste 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, fiz uma reflexão sobre esse enigma.
Vejam se concordam comigo!
Bom feriado e bom final de semana a todos!
Edson Pinto
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