O prefeito da cidade de São
Paulo, Fernando Haddad, concebeu e vem aos trancos e barrancos executando um
ambicioso plano para prover a cidade com 400 quilômetros de ciclovias e “ciclofaixas”
até o final de seu mandato. A diferença entre os dois termos é sutil e não vem
ao caso de aqui perder preciosas linhas para o esclarecimento. Usarei apenas o
terno ciclovia que além de mais sonoro é o que se encontra registrado no
Aurélio. O importante é que, obviamente mirando-se em exemplos de cidades
europeias, quer o prefeito petista fazer de Sampa uma terra de ciclistas e
assim passar glorificado para a história. Neste mérito me recuso a entrar...
Como todo projeto polêmico este
anda eivado de criticas pelo seu fraco planejamento e principalmente pela forma
atabalhoada com que vem sendo executado. Os moradores e comerciantes das ruas
afetadas não são previamente ouvidos e, não raro, faixas pintadas de vermelho
sobrepõem-se a buracos e encontram postes e árvores e outros obstáculos intransponíveis
pela frente. O importante para a Administração petista é tocar as obras, custe
o que custar. Neste particular, a propósito, há até quem já apontou que vêm
custando muitíssimo mais do que custa em outros países. Mas isso é outra
questão. De outro lado, um grande contingente de ciclistas aprecia em muito a
iniciativa e isso é positivo...
O ciclismo é uma atividade impecável.
Eu mesmo já tive, no passado, a experiência de usufruir de saudáveis pedaladas
quando por dois anos morei na Holanda. Posso dizer, portanto e por experiência pessoal,
que esse simples e econômico meio de transporte aperfeiçoado pelos ingleses no
final do século XIX continua sendo – dada as circunstâncias – o que há de
melhor, pois alia meio de locomoção prático e econômico com a saudável atividade
física e - em tempos de acirrada preocupação com o meio ambiente – um ato
ecologicamente perfeito. Eu disse perfeito e não prefeito...
Há, contudo dois grandes
obstáculos para o sucesso dessa iniciativa em muitas das cidades brasileiras: A
primeira é que as vias urbanas já estão definidas e nessa circunstância é muito
mais difícil achar espaço para as ciclovias do que tê-las já definidas quando
do projeto urbanístico. Construir uma faixa para uso exclusivo de ciclistas
rouba espaço do transporte público, dos automóveis, das áreas de paradas e até
mesmo dos pedestres. O outro problemão refere-se à topografia. Na Holanda, o
país referência para o ciclismo, é um território essencialmente plano. Os
ciclistas têm condições confortáveis para pedalar e o clima de ameno a frio
ajuda em muito. Em São Paulo, salvo em áreas bem especificas, temos muitas vias
íngremes que dificultam em muito a prática confortável do ciclismo,
especialmente quando sob temperaturas elevadas. As realidades, com se vê, são
bem distintas, porém não de todo irreconciliáveis.
De qualquer forma, eu sou
daqueles que consideram que a ideia é boa e que mesmo se pouco se avançar nesse
projeto pelo menos ele já terá o mérito de despertar a consciência dos
planejadores urbanos para que os novos projetos viários considerem o espaço
adequado e seguro para os ciclistas. Cidades menores e mais planas certamente
têm muito a ganhar, e muitas já ganham, com criação de ciclovias. Até mesmo por
uma questão econômica, pois custa muito menos construir ciclovias do que
construir grandes avenidas para suportar o crescente aumento da frota de
automóveis.
A lição que nos fica desse
projeto é que ele – infelizmente para o prefeito Haddad – é a associação que
somos levados a fazer entre as pedaladas ciclísticas com as maluquices que o
seu partido, o PT, vem demonstrando na condução da economia do País. Não sei
quem imita quem, mas o fato é que Dilma, mesmo morando em Brasília, mostrou-se
também fã de pedaladas, só que de natureza fiscais e não ecológicas. Já se desconfiava,
mas agora o Tribunal de Contas da União demonstrou a prática da criminosa
pedalada com as contas públicas em flagrante desrespeito à lei de
Responsabilidade Fiscal.
Para mostrar que as contas
andavam bem, o governo (Tesouro Nacional) deixava de transferir aos bancos os
valores para pagamento de obrigações como, por exemplo, o Bolsa Família.
Passava a ideia de que fazia superávit fiscal o que significa boa administração
e deixava, o que é proibido e, portanto criminoso, que os Bancos oficiais como
a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil fizessem os pagamentos numa forma
oculta de empréstimo. No mês seguinte pagava-se o devido e fazia-se nova
jogada. A isso, o mundo dos negócios convencionou chamar de pedalada. É como,
ao andar de bicicleta, não poder interromper as pedalas sob pena de se levar um
tombo.
Agora estamos neste imbróglio:
Brasília pedalando, São Paulo de Haddad pedalando e o povo pagando a conta. Ou
quem sabe, o povo, já massacrado com a carga tributária e com a inflação corroendo
suas rendas, também já não aprendeu a pedalar a sua sobrevivência?
Afinal, parodiando Fernando Pessoa: viver não é preciso, pedalar é preciso...
Afinal, parodiando Fernando Pessoa: viver não é preciso, pedalar é preciso...
Edson Pinto
Abril’2015
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Será que pedalar virou moda para o partido do governo atual?
Eu vi uma relação entre as pedalas nas ciclovias do prefeito Fernando Haddad, de São Paulo, e as pedaladas fiscais do governo federal.
Confiram no texto desta semana "NO PAÍS DAS PEDALADAS" se há, de fato, alguma semelhança!
Bom final de semana a todos!
Edson Pinto
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