Todas as noites, exceto aos
domingos, dentro do Jornal Nacional da Globo, William Bonner e sua parceira Renata
Vasconcellos chamam ao telão a charmosa Maju, Maria Júlia Coutinho, para falar
sobre o tempo. Com extrema simpatia e desenvoltura a bela moça reproduz de
forma fácil e inteligível aquilo que os meteorologistas, em jargão cientifico e
ao longo do dia, transmitiram a ela como fruto de suas complexas e
ininterruptas investigações das condições climáticas do País. Saber o que o
tempo nos reserva para os dias seguintes é tema do maior interesse para quem
produz na agricultura, na indústria ou na construção civil. Importante também
para quem vai sair de férias ou mesmo para quem tem que decidir se no dia próximo
sai de blusa, se leva o guarda-chuva ou
vai de motocicleta, de ônibus ou carro...
Todos nós sabemos do alto grau de
precisão das previsões para o dia seguinte ou mesmo para uns poucos dias mais à
frente. Mas, já perceberam que nunca temos uma previsão confiável para períodos
mais longos, como algumas semanas ou mesmo alguns meses, por exemplo? Sim, é
verdade! E olha que é realmente muito difícil, diria até mesmo improvável, que
isto seja alcançado mesmo quando levamos em conta o avanço dos computadores, as
coletas de dados cada vez mais sofisticadas, os "big data" dessa área
cientifica, bem como tudo o mais que os cientistas em geral, matemáticos e
meteorologistas em especifico, podem hoje contar. Portanto, previsão boa para o curto prazo,
tudo bem... Para o longo prazo, nem pensar...
Embora historicamente já houvesse
sinais de que algumas áreas do conhecimento humano são tão complexas que
tornava impossível seguir os modelos objetivos da Física, esta uma ciência
exata, só foi por volta de 1950 que o meteorologista e também matemático
americano Edward Lorenz concebeu a sua chamada “Teoria do Caos”. Suas análises indicaram
que minúsculas mudanças na atmosfera tinham o poder de gerar fortes alterações
nas condições do tempo no porvir. Daí deriva a formulação alegórica de que um
simples bater de asas de uma borboleta no Brasil pode levar a um ciclone no sul
dos Estados Unidos, por exemplo.
Trazida essa ideia para o campo
da Economia, temos que os formuladores das políticas em geral presumem que as
pessoas agem racionalmente e que tudo segue o modelo físico de causa e efeito.
Assim, dada uma ação espera-se por tal ou qual efeito. Os modelos teóricos da Economia,
fortemente baseados nas leis de movimento da Física Newtoniana, indicam que a
cada ação correspondem resultados previsíveis. Fosse isso verdade absoluta,
poderíamos dizer que a Economia teria alto grau de previsibilidade. Como, contudo, cada pessoa pode agir de forma
infimamente diferente das outras, essas pequenas variações podem levar a
resultados bastante diferentes dos previstos. Isso nos permite concluir que a Economia,
tal qual a Meteorologia, é um campo do conhecimento bem caótico, mesmo quando
consideramos que as pessoas em geral apresentam comportamentos assemelhados.
Vejam o que estamos vivendo neste
momento no país: A maioria dos eleitores acreditou nas palavras da candidata que
garantia, com juras até, que a economia caminhava muito bem. Bastaram pouquíssimos
meses do segundo mandato para essa maioria que reconduzira a presidente viesse
a descobrir que tal não era verdade. A economia, como se vê agora, está um
caos, e o pior, infelizmente, ainda nos dá sinais de recrudescimento. Será mais
desemprego; inflação acirrada; aumento do endividamento das pessoas e das empresas,
bem como suas consequências sociais nefastas como o aumento da insegurança
pública e outras mazelas.
Somente devido à imposição das
circunstâncias, um ministro com perfil conservador foi colocado para ver se consegue
dar um jeito no caos. Vem dizendo, já há meses, que todo o arrocho é necessário
para por as finanças em ordem. Mas, curiosamente, esse arrocho parece só ser
aplicado sobre o cidadão contribuinte que terá de pagar mais impostos; sobre o chefe
de família e a dona de casa que terão elevadas as suas contas de luz, de água,
escola e plano de saúde entre outras; sobre as empresas que pagarão mais impostos, também.
Quase nenhuma pressão sobre os custos enormes da máquina estatal. Os 39
ministérios continuam os mesmos e os ajustes e benesses do funcionalismo
público parecem intocáveis.
Como os indivíduos, cada qual com
suas próprias circunstâncias, olham com desconfiança o que vem acontecendo,
suas ações nunca serão uniformes a tal ponto para oferecer certa
previsibilidade aos resultados da desesperada política econômica que o governo
vem adotando. O temor maior, e plenamente explicado pela Teoria do Caos, é que
essas borboletas que andam batendo asas na Praça dos Três Poderes, Esplanada dos
Ministérios e adjacências possam provocar, mais à frente, uma tempestade de
grandes proporções em todo o país. Nesse momento, não haverá guarda-chuva, bote
de salvamento ou mesmo uma arca de Noé que pelo menos nos garanta uma forma de
começar tudo de novo.
Estaria eu sendo muito pessimista?
Edson Pinto
Junho’2015
2 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Fica difícil evitar os temas econômicos quando temos uma crise em plena gestação...
Por isso, nesta semana, achei por bem refletir sobre o experimentalismo dos nossos fazedores de política.
No campo da Física, sabemos que sempre que o Ferro (Fe) é aquecido a 1.538 ºC ele entra em estado de fusão. Será que na Economia determinada ação levará sempre ao mesmo e esperado resultado?
Abraço e bom final de semana a todos!
Edson Pinto
De: Geraldo Ribas
Para: Edson Pinto
Perfeito!!!!
Lamento que o povo continua na ignorancia . Por bem menos o Collor cai.
Abc
Geraldo Ribas
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