“Poetas, seresteiros, namorados, correi / É chegada a hora de escrever e cantar / Talvez as derradeiras noites de luar...”
Quem tem mais de 50 poderá se lembrar da bela música “Lunik 9” que Gilberto Gil entregou para a primorosa interpretação da grande e saudosa Elis Regina. Isto foi em 1966. Faltavam ainda três anos para que o homem finalmente colocasse os pés no nosso mítico satélite, embora os poetas já pressentissem que a sua musa inspiradora, a Lua, estivesse a ponto de ser violentada. Talvez - como dizia a magnífica canção - prestes a nos dar as derradeiras noites de luar...
Não, não! A Lua, mesmo dessacralizada, continua a brilhar e, embora cada vez mais raros, pelas circunstâncias da vida moderna, os poetas ainda podem dela se servir para extravasar suas angustias e romantismo. Mas, ainda há, como sempre, outras musas. Elas respondem pelo nome de felicidade, de saudade e de amor, entre outras. Que os avanços tecnológicos acabem com o luar, tudo bem, mas destas três, dirão os apaixonados de sempre, será difícil se livrar. Não há como tirá-las do peito dos poetas...
Espera lá! Se Camões disse que “Amor é fogo que arde sem se ver, / é ferida que dói e não se sente; / é um contentamento descontente, / é dor que desatina sem doer.”, então, é preciso ter saudade de alguém que esteja distante para sentir-lhe a falta? Os versos, convenhamos, são a sua mais direta conseqüência. Quando a saudade não cabe mais na alma e escapa pelos olhos na forma de lágrimas ou corre aos dedos para produzir versos, somos ainda poetas, ou não? Justiça seja feita: Camões jamais imaginaria que um dia viessem a inventar o telefone, o celular, o smartphone, o Skype, o Facebook, o WhatsApp e toda essa parafernália eletrônica e moderna que pode também ser útil na busca da felicidade, no abrandamento da saudade e na satisfação da inata necessidade humana de amar e ser amado.
Senhores poetas, seresteiros e namorados, vocês não precisam perder o romantismo só porque não lhes circulam mais nas veias a seiva da poesia que nutre a alma dos românticos e que os estimula a externar a felicidade, a tristeza e o amor que sentem. Existe modernamente uma forma alternativa para se externar angustias e paixões: Usem os meios de que dispõem e enviem mensagens “high-tech” para as pessoas que amam e vejam se funciona, ou não...
Supondo que já tenham perdido a capacidade de formar uma frase poética para externar o seu real sentimento, enviem os “emoticons” que melhor traduzam o estado de suas almas e saibam que, mesmo com o acelerado processo de extinção da poesia clássica, ainda houve tempo para o “Homo tecnologicus” recriar as rudimentares e rupestres formas de emoção que permitem revelar o poeta que há em você:
Quando quiser dizer que está feliz, em vez de criar versos bem elaborados mande um ou simplesmente digite no seu computador :)
Quando quiser dizer que se sente triste com a alma dilacerada e ardendo no fogo que não se vê, mande um ou simplesmente digite :(
Mas para dizer que ama, que está com o coração tomado pelo mais nobre sentimento de amor, mande um ou simplesmente digite S2
Viram, então, que a poesia, ao contrário do que muitos andam dizendo, nunca há de terminar!
Maio’2013
6 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos:
Dizem que a informática anda impedindo os jovens de escreverem bem. Se isso for verdade, imaginem quanto a fazerem poesias!
Pensando nisso, escrevi nesta semana a minha crônica com o título de “O FIM DA POESIA”. Se estiver certo, nem tudo está perdido. Há, sim, soluções para isso.
Boa final de semana a todos!
Edson Pinto
De: Paulo Mococa
Para: Edson Pinto
EDSON, BOA NOITE.
MUITO BOA ESTA CRÔNICA.
PAULO H. B. MOLLO
MOCOCA
De: JB Santos
Para: Edson Pinto
Lí e gostei do texto de sua crônica: "O fim da Poesia". Acredito que nem tudo esta perdido. É só dar asas a imaginação."
De: Adriana Costa
Para: Edson Pinto
Talvez não esteja de todo perdido !! Afinal é maravilhosa a sensação de escrever cada vez que as palavras aflora em minha mente de forma mágica e belíssima !!
De: Manuel Jorge
Para: Edson Pinto
A palavra no verso, deveria representar o expoente da mente, mas, para transferi-la para o papel, há que, no mínimo ter a cultura de um Edson Pinto, senão só sairão excrescências do tipo "éguinha pocotó, pocotó, pocotó".
Excelente,Edson
Podemos dizer que é uma poesia da era digital !!!
:)
Um abraço
Saleh
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