Nada poderia aborrecer mais a
presidente Dilma que aquela notícia que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa
Civil, acabara de lhe passar logo no primeiro encontro do dia.
__ Presidenta, há uma corrida dos
beneficiários do Bolsa Família aos bancos, pois a imprensa divulgou informações
de que o governo está prestes a dar fim a esse importante programa social. Por
isso, estão desesperados e formam, neste momento, longas filas em frente às
agências da Caixa Econômica Federal. Isso, com toda a certeza, é coisa da
oposição para desestabilizar o seu governo tendo em vista as próximas eleições.
__ É um absurdo – diz, raivosa, a
presidente – precisamos identificar imediatamente os autores desse boato e
assim cortarmos o mal pela raiz. Ninguém vai abalar o meu governo! O PT e o nosso
grande líder, Lula, não poderão jamais se decepcionar comigo. Quem foi que passou
essa mentira para a imprensa? Vamos pessoalmente buscar a origem deste
“zum-zum-zum” maligno?
__ Presidenta, já ouvi de vários jornalistas
que essa informação teria sido passada pela Maria do Rosário, ministra da
Secretaria de Direitos Humanos, em entrevista que concedeu, ontem, rapidamente,
quando saia do Ministério. A presidenta sabe que a Maria não pode se ver diante
uma câmera que fica toda alvoroçada. Vamos chamá-la!
__ Rosário, que merda essa sua
entrevista de ontem, hein? – questionou objetivamente a presidente com maternal
afabilidade que lhe é peculiar. Viu o que está acontecendo com os beneficiários
do Bolsa Família? O que foi que você disse à imprensa? Explique-se,
imediatamente!
__ Presidenta, em primeiro lugar
eu não falei dessa forma! Eu apenas repassei a informação que tinha ouvido da
Ministra Ideli Salvatti de que o programa Bolsa Família acabaria no dia em que
a miséria tivesse sido erradicada por completo do País. Por que não checamos
então a informação diretamente com ela? Vou convocá-la para vir aqui, já!
__ Ministra Ideli, “cacildes”, o
que foi que você falou com a Rosário sobre o fim da Bolsa Família vinculado à
extinção da miséria?
__ Eu apenas disse, presidenta, o
que ouvi da Miriam Belchior, ministra do Planejamento, que esse negócio de bolsas
parece não ter fim. Ora alguns dizem que vamos usar as existentes, ora que
serão trazidas novas, mas nunca disse que iríamos terminar com elas. Repassei,
salvo engano, exatamente o que ouvi da Izabella Teixeira, ministra do Meio
Ambiente. Por que não a chama aqui para esclarecer isso, definitivamente?
__ Ministra Izabella, minha Narizinho
do sitio de Pica-pau amarelo, que raios caíram na sua cabeça para você fazer
essa análise esdrúxula e inconveniente sobre o fato de que o uso de bolsas é um
assunto que nunca tem fim? Você já deveria saber que faremos tantas quantas forem
necessárias para nos garantir os votos de 2014?– extravasou a presidente com a
sua conhecida afabilidade de madrasta da Branca de Neve.
Calma, presidenta! Eu não falei
nada disso. Apenas comentei com a Miriam o que escutei no dia anterior
diretamente da Marta Suplicy, ministra da Cultura, de que a bolsa dela era tão
bonita que estava causando ciúmes nas demais ministras quando se apresentavam
para reunião no gabinete presidencial. Ela me disse que esse ciúme estava
prestes a ter um fim, pois o Supla se prepara para gravar um rock pauleira contendo
severas críticas a esse modismo ministerial de exibição do importante acessório.
Chame a Marta?
Martinha, esticadinha, até quando
vou ter que fazer o que o seu “ex”, senador famoso, não conseguiu, isto é, pedir
que controle essa matraca e não fique por aí falando abobrinhas que podem, como
neste caso, abalar a estabilidade de meu governo.
__ Presidenta, isso é uma
calúnia. Eu não disse nada de comprometedor. Apenas cometei com a Miriam a sua
bronca pessoal de ontem sobre as bolsas que vimos usando quando em visita ao
seu gabinete.
__ Então, vocês querem dizer que
a origem do boato do fim do Bolsa Família surgiu aqui no meu gabinete e a
partir das minhas palavras?
__ O que eu disse à Marta no
encontro de anteontem, minhas estimadas comadres, era que eu não estava mais a
fim de ouvir discussões frívolas sobre bolsas aqui no meu gabinete e que,
portanto, daquele momento em diante, o uso desse acessório feminino aqui no meu
gabinete estava extinto. Decretei, portanto e tão somente, o fim das bolsas
como acessórios quando vocês visitarem o meu gabinete.
Entenderam, ou vou ter que
aceitar as críticas de que meu ministério é tão grande, confuso, fisiológico, acomadrado
e exagerado que já se tornou ingovernável?
Edson Pinto
Maio’ 2013
3 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos:
Esse imbróglio relacionado com a possível extinção do programa Bolsa Família que levou milhares de beneficiários a uma correria bancária fez-me lembrar do famoso conto de Machado de Assis, século XIX, “Quem Conta um Conto” que nos mostra de forma hilária como as versões de um fato real podem evoluir ao longo de sua divulgação até se tornarem boatos comprometedores.
Com a liberdade de ficcionista, achei de supor como a as coisas poderiam ter ocorrido. Leiam o meu texto/conto “QUEM CONTA UM CONTO”. É boato também, é claro...
Bom feriado de Corpus Christi e bom final de semana a todos!
Edson Pinto
Caro Edson. Este desgoverno do pt vive cometendo suas gafes, alem de nos brindar com os mensações e tudo o mais,seus lulinhas, suas transposições do são francisco, e tudo o mais que tem de podridão. Estas trapalhadas do bolsa servem somente para mostrar quanto os eleitores de cabresto estão comprados. infelizmente que vota não acessa este tipo de informação via internet. abraços
De: JB Santos
Para: Edson Pinto
De fato não dá para acreditar mesmo! São mentiras e mais mentiras , desencontro de informações o que gera desconfiança nesse governo, montado que esta em cima de um vulcão de corrupção."
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