Filosofando brevemente com Arthur
Schopenhauer, de Danzig, atual Gdansk, Polônia (1788 – 1860). Três questões
existenciais:
___ Meu caro senhor Schopenhauer,
diga-me se a compreensão que tenho do mundo que me rodeia é limitada, isto é,
não vai além das observações sensoriais que posso diretamente fazer, ou se devo
considerar que existe dentro de mim uma vontade própria, não sensorial, que
nada mais é do que uma extensão de uma Vontade maior, universal e sobre a qual
a minha experiência é zero?
___ Mais: Faz sentido eu considerar
que o meu modo de ver o mundo não inclui, por razões óbvias, nem as coisas
concretas que meus sentidos ainda não puderam captar de forma adequada e nem
mesmo, e principalmente, essa possível Vontade superior e universal a que
respeito, mas que jamais experimentei e que - pelo que imagino - jamais terei
acesso?
___ É coerente, por fim, adotar o seu raciocínio de
que os limites de meu entendimento são, como diz o título deste texto, os
limites da minha visão do mundo?
___ Você sabe, meu caro mortal,
que empiristas como John Locke (1632 – 1704) foram muito objetivos ao afirmar
que todo o conhecimento que adquirimos ao longo da vida só provém de uma única
fonte, a experiência captada pelos nossos sentidos. Ao virmos ao mundo, disse o
colega, aqui chegamos com a mente como se fosse uma folha de papel em branco,
uma “tábula rasa” que precisa ser preenchida pela experiência que nossos
sentidos vierem a captar. São elas que nos permitem entender e teorizar o
mundo. Portanto, nem me passa pela cabeça contestar o grande filósofo inglês,
mas tenho uma maneira ligeiramente diferente de ver essa questão:
___ Comecemos por admitir que o
meu quase contemporâneo Immanuel Kant (1724 – 1804) não estava de todo errado
quando nos explicou que o mundo se divide entre os fenômenos que observamos e o
que ele chamou de as “coisas em si”. O que tenho dito é realmente o que você
pensa e expressou nas três perguntas, ou seja, cada um de nós de per si produz
a própria visão de mundo a partir da experiência particular.
___ Acrescento apenas que, mesmo
concordando com ele, vejo de forma diferente a razão pela qual temos essa
limitação de visão do mundo. Penso que ela não deriva do fato de termos vontade
e fenômenos isolados em mundos distintos e não conectados entre si. Para mim
ambos se fundem, pertencem ao mesmo mundo, em que pese serem sentidos de forma
diversa. Consideram-me pessimista porque, diferentemente do meu outro
contemporâneo Georg Hegel (1770 – 1831), não vejo essa vontade como uma força
positiva, construtiva.
___ Explico melhor: Como nossa
vontade particular se funde à Vontade universal, ficamos à mercê dessa Vontade
despropositada e irracional. Nossos instintos mais primitivos são conduzidos
por essa Vontade o que nos frustra ao tentarmos aliviar tais anseios. Meu caro,
como vê, o mundo não é bom nem ruim, apenas considero-o sem significado cheio
de dor e sofrimento. A única forma que vejo para vocês se livrarem dessa
condição miserável é se privarem do desejo de ser feliz...
___ Isto é o que penso meu amigo,
mas você pode se informar como esse meu pensamento se desdobrou com Nietzsche
quando propôs a noção de “vontade de poder” como explicação básica para as
motivações do ser humano ou mesmo ver como Freud usou o inconsciente para
explicar esses mesmos desejos e instintos básicos sobre os quais falei...
Edson Pinto
Março’ 2014
2 comentários:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Acabo de ler o revelador e intrigante livro de Romeu Tuma Junior, “Assassinato de Reputações”, Editora Topbooks, 2013, 557 páginas.
Se a náusea que ora me acomete não decorre de abuso alimentar é certo que só pode ter sido provocada pela exposição aos fatos desnudados no livro.
Para o bom juízo, sabe-se, devemos sempre avaliar os dois lados. Como os fatos reportados pelo autor já eram de conhecimento público, o que se obtém agora é exatamente o outro lado.
E digo, estarrecido, triste e até mesmo preocupado com o amanhã que a contundência das revelações prenuncia-me incontidos vômitos...
Vale a pena entender melhor o outro lado do caso Celso Daniel, da usina de dossiês do governo, do caso Daniel Dantas, Battisti e inúmeras proezas dos bastidores da pobre vida nacional. Leiam e tirem suas próprias conclusões. Se ao final não sentirem a mesma náusea que sinto, eu concluirei que ando me alimentando mal...
Coincidentemente, ou quem sabe levado pelo inconsciente, havia escrito nesta semana o texto de hoje publico com o título "O LIMITE DO MEU CAMPO DE VISÃO É O LIMTE DO MUNDO” Nele, reflito filosoficamente sobre os limites da visão que temos do nosso mundo.
Sem forçar, concluo que o livro que mencionei tem tudo a ver com as múltipas faces da verdade...
Bom final de semana a todos!
Edson Pinto
Oi Edson!
Sua publicação desta semana é profunda e instigadora de algumas questões, tais como: qual o raio do nosso campo de visão, o poder da nossa vontade e o que é a felicidade?
Dentre tantas interrogações, o que é verdade pra mim é que a felicidade não é um desejo e sim uma força positiva, um estado de espírito, algo intrínseco que brota de nós e não um bem que adquirimos, por isto a tal falada busca da felicidade não existe.
Beijos, Regina.
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