Já somos 15 milhões de brasileiros com mais de 60 anos. O IBGE estima que em mais 20 anos esse número cresça para 30 milhões. Viva, portanto, o progresso da medicina e as melhorias das condições de vida em geral de nossa população!
Já temos Política Nacional para os Idosos, Leis Federais, Estaduais e Municipais e até mesmo um Estatuto que, juntamente com uma miríade de regulamentos de órgãos vários dos diversos níveis de governo, organizam, de forma ampla e profunda, tudo aquilo que podemos imaginar como sendo bom para os velhinhos de nosso Brasil varonil... Isto, infelizmente - por si só - não garante que os idosos de hoje e do futuro contarão com os merecidos carinho e atenção da sociedade, tal qual aqueles, não tão numerosos que habitavam o país em meados do século passado, já recebiam da juventude educada por padrões familiares marcadamente cristãos.
É a lei novamente sendo instituída para mitigar a escassez cada vez maior dos princípios da boa educação e da necessária civilidade. Como sempre, leis podem organizar certos aspectos das relações sociais, mas podem, também, servir para que os espertinhos de sempre façam uso abusivo de suas bondades. E - como é da essência humana - se é lei, é obrigatório e, quando algo se torna obrigatório, não há como deixarmos de considerar que a liberdade, esse dom precioso que nos deu a natureza, esteja nos sendo furtivamente surrupiada. Mais adiante explicito melhor este meu ponto de vista com exemplos objetivos.
Estou me aproximando dos 60. Aguça-me, agora mais do que nunca e de forma renitente, o questionamento ético sobre como utilizar as prerrogativas da legislação devotada à turma da “melhor idade”. Diga-se de passagem, esse burlesco eufemismo que procura embaçar a nossa visão para a mais real e imutável de todas as certezas humanas: o inexorável fim do ciclo vital com a sua natural e saudável conseqüência que é a renovação.
O que me atordoa, é o fato de que a lei só pode criar parâmetros a partir de números médios, de tendências, de amostras e de outros indicadores, científicos ou não, que determinam condições gerais. Não pode, contudo, individualizar. Esse é o perigo, porque as pessoas apresentam condições de envelhecimento diferentes: Guy Glinski, 90 anos, bateu o recorde mundial de pára-quedismo, na Flórida, na modalidade de queda livre com um acompanhante. Nola Ochs, 95 anos, formou-se em 12 de maio último na Universidade Fort Hays. Anna Variani, 97 anos, renovou recentemente sua Carteira Nacional de Habilitação, em Bento Gonçalves, RS, para continuar dirigindo seu fusquinha quando de suas ações de assistência social na cidade. São inúmeros os exemplos de que a determinação legal da idade a partir da qual alguém se torna um idoso e merecedor de atenção especial é muito relativa.
Já temos Política Nacional para os Idosos, Leis Federais, Estaduais e Municipais e até mesmo um Estatuto que, juntamente com uma miríade de regulamentos de órgãos vários dos diversos níveis de governo, organizam, de forma ampla e profunda, tudo aquilo que podemos imaginar como sendo bom para os velhinhos de nosso Brasil varonil... Isto, infelizmente - por si só - não garante que os idosos de hoje e do futuro contarão com os merecidos carinho e atenção da sociedade, tal qual aqueles, não tão numerosos que habitavam o país em meados do século passado, já recebiam da juventude educada por padrões familiares marcadamente cristãos.
É a lei novamente sendo instituída para mitigar a escassez cada vez maior dos princípios da boa educação e da necessária civilidade. Como sempre, leis podem organizar certos aspectos das relações sociais, mas podem, também, servir para que os espertinhos de sempre façam uso abusivo de suas bondades. E - como é da essência humana - se é lei, é obrigatório e, quando algo se torna obrigatório, não há como deixarmos de considerar que a liberdade, esse dom precioso que nos deu a natureza, esteja nos sendo furtivamente surrupiada. Mais adiante explicito melhor este meu ponto de vista com exemplos objetivos.
Estou me aproximando dos 60. Aguça-me, agora mais do que nunca e de forma renitente, o questionamento ético sobre como utilizar as prerrogativas da legislação devotada à turma da “melhor idade”. Diga-se de passagem, esse burlesco eufemismo que procura embaçar a nossa visão para a mais real e imutável de todas as certezas humanas: o inexorável fim do ciclo vital com a sua natural e saudável conseqüência que é a renovação.
O que me atordoa, é o fato de que a lei só pode criar parâmetros a partir de números médios, de tendências, de amostras e de outros indicadores, científicos ou não, que determinam condições gerais. Não pode, contudo, individualizar. Esse é o perigo, porque as pessoas apresentam condições de envelhecimento diferentes: Guy Glinski, 90 anos, bateu o recorde mundial de pára-quedismo, na Flórida, na modalidade de queda livre com um acompanhante. Nola Ochs, 95 anos, formou-se em 12 de maio último na Universidade Fort Hays. Anna Variani, 97 anos, renovou recentemente sua Carteira Nacional de Habilitação, em Bento Gonçalves, RS, para continuar dirigindo seu fusquinha quando de suas ações de assistência social na cidade. São inúmeros os exemplos de que a determinação legal da idade a partir da qual alguém se torna um idoso e merecedor de atenção especial é muito relativa.
Quem no Brasil, que tendo mais de 40 anos, não há de se lembrar de que as pessoas de idade, com dificuldades de locomoção, outras necessidades especiais ou mesmo uma mulher - apenas por cavalheirismo - eram brindadas por um jovem com a cessão de seu acento no ônibus cheio; uma delicadeza de alguém que, na fila do Banco, permitia-lhes passar na sua frente para um atendimento mais rápido; uma precedência na entrada ao elevador ou ao transporte público? Éramos educados para nos adiantar abrindo-lhes uma porta, por exemplo, e esperando que ela passasse com segurança. E não precisava de lei para que isso tudo acontecesse. __ Tudo isso acabou? Infelizmente, é o que nos dá por entender. Ou, o que seria ainda pior: a “legalização” das boas maneiras, tal qual se faz, hoje, no nosso país, já começa a produzir efeitos contrários. E isso sim, é muito ruim...
Estou na fila do Banco: Dois Caixas, apenas, para atender cerca de 40 clientes, incluindo os onipresentes “Office-Boys” que levam aquela montanha de contas e lá ficam um tempão que parece nunca ter fim. Entra um cidadão de bermuda, tênis da moda, cabelo pretinho, “glostorado” e passa na frente de todos. Alegação: idoso no uso do seu direito. O Caixa pede documento para verificar se, de fato, o cidadão se enquadra naquela categoria beneficiada? Que nada... Seria até admissível que aquele cidadão tivesse 60 ou mais anos. Porém, de tão saudável e despreocupado como se encontrava, pelo menos para o meu arcaico e démodé padrão cívico/moral, deveria – pensei conformado - abrir mão daquela bondade legal. Criamos, assim, uma categoria de pessoas que está acima de todas as demais, pelo menos por ora. O dito cidadão tinha, decerto, melhores condições físicas e muito mais tempo disponível do que muitos daqueles outros que, como uma manada resignada, caminhava em fila para o abatedouro.
Em outro Banco: Igualmente com fila longa, entra um senhorzinho miúdo. Esse sim, nitidamente passando dos 70. Passa na frente de todos e abre uma pasta cheia de papéis que devorariam bons 20 minutos do nosso já tão assoberbado caixa. Está criada agora a figura do “Office-Old”, se assim fica chique dizer a respeito da versão privilegiada do “Office-Boy”. Esperteza de alguém, ou não?
Fila do Caixa Automático: Uma mulher aproxima-se com sua vovó velhinha e entra na frente. A pobre senhora mal sabe o que está fazendo ali. A moça, esperta por certo, pegou a pobre vovozinha apenas para usurpar-lhe o direito que lhe concede o Estatuto do Idoso. A velhinha não tinha cartão, não sabia operar essa modernidade dos diabos e muito menos tinha fundos para retirar daquele máquina cuspidora do vil metal. Criamos a vovó de aluguel.
Nos supermercados: As vagas reservadas para idosos ocupam – por força da lei – as melhores posições no estacionamento. Haja Annas Variani e outros velhinhos motorizados para ocupá-las! Conclusão: Só gente jovem as utiliza, desmoralizando completamente a exigência legal, mesmo porque, se não o fizer, não haverá vaga onde estacionar o seu carro.
Vejam que estou falando de “Idosos” que a lei caracteriza como sendo as pessoas com mais de 60 anos. Não estou falando de outras categorias beneficiadas por leis específicas, como mulheres grávidas, pessoas com dificuldade de locomoção e assemelhados. Até mesmo a Ministra Marta Suplicy julgou-se beneficiária de uma lei qualquer que concede às “autoridades” a prerrogativa de não se submeterem ao controle de bagagens nos aeroportos do país...
Pelo andar da carruagem, com todas essas generosidades neo-socialistas, só nos resta implorar ao bondoso Deus que nos poupe da iminência de, em breve, não inventarem de que outras minorias passem, também, a gozar dos mesmos benefícios: Talvez sejamos obrigados a ceder nossos lugares nas filas para os índios, principalmente se estiverem munidos daqueles enormes facões de puro aço que segundo o PT faz parte de suas tradições tribais desde o descobrimento, em 1500. E vejam que Cabral encontrou nossos índios em pleno neolítico, a idade da pedra polida e que eles nem “tapa-sexo” usavam. Não me surpreenderia se vierem, ainda, a estender o sistema de quotas para negros nas vagas de estacionamentos e filas bancárias. Tudo é possível... E as “autoridades” ficariam de fora? Claro que não, passariam na frente de todos.
Posso até imaginar mais ou menos a seqüência de uma fila tipicamente brasileira em futuro próximo: 1º) As “Autoridades”, seja lá o que isto queira dizer; 2º) A destemida, arrogante e protegida pela FUNAI índia Tuíra Kayapó, por razões óbvias; 3º) Índios com facões; 4º) Índios sem facões; 5º) Negros, independente da real cor da pele, porém desde que se declarem negros; 6º) Idosos; 7º) Mulheres Barrigudas, mesmo que não seja gravidez por que isto será difícil de se identificar; 8º) Mulheres com criança no colo. Aqui, marmanjos poderão substituir as crianças desde que estejam usando chupeta; 9º) Pessoas com dificuldade de locomoção e, no final da fila: 10º) os que ainda esperam ser beneficiados por uma nova lei.
De exceção em exceção, nos tornamos um país complicado de se entender e de nele viver. Claro que não sou contra dar atendimentos prioritários a quem deles necessitem, mas a questão de fundo é saber o quanto os cidadãos estão fazendo uso correto dessas bondades legais. E o quanto nossos generosos legisladores ainda se disporão a criar mais e mais novos nichos de privilégios. Acaso nossa educação cívico/moral não tem sido suficiente para que as gentilezas surjam de forma espontânea e não pela força da lei? Se não, não seria o caso de reforçar nossos currículos escolares e usarmos a mídia onipresente em todos os lares para incutirmos princípios da boa civilidade? Lembram que tínhamos nas escolas uma matéria chamada Educação Moral e Cívica? Sabe? Acabou!
Enquanto eu me sentir em boas condições físicas - independente de quantos anos tiver - preferirei continuar agindo de modo a me fazer mais digno de uma vaga no céu, do que de uma vaga reservada no estacionamento do supermercado ou de uma posição mais privilegiada na fila do Banco.
Edson Pinto
postado em 31/05/08
Estou na fila do Banco: Dois Caixas, apenas, para atender cerca de 40 clientes, incluindo os onipresentes “Office-Boys” que levam aquela montanha de contas e lá ficam um tempão que parece nunca ter fim. Entra um cidadão de bermuda, tênis da moda, cabelo pretinho, “glostorado” e passa na frente de todos. Alegação: idoso no uso do seu direito. O Caixa pede documento para verificar se, de fato, o cidadão se enquadra naquela categoria beneficiada? Que nada... Seria até admissível que aquele cidadão tivesse 60 ou mais anos. Porém, de tão saudável e despreocupado como se encontrava, pelo menos para o meu arcaico e démodé padrão cívico/moral, deveria – pensei conformado - abrir mão daquela bondade legal. Criamos, assim, uma categoria de pessoas que está acima de todas as demais, pelo menos por ora. O dito cidadão tinha, decerto, melhores condições físicas e muito mais tempo disponível do que muitos daqueles outros que, como uma manada resignada, caminhava em fila para o abatedouro.
Em outro Banco: Igualmente com fila longa, entra um senhorzinho miúdo. Esse sim, nitidamente passando dos 70. Passa na frente de todos e abre uma pasta cheia de papéis que devorariam bons 20 minutos do nosso já tão assoberbado caixa. Está criada agora a figura do “Office-Old”, se assim fica chique dizer a respeito da versão privilegiada do “Office-Boy”. Esperteza de alguém, ou não?
Fila do Caixa Automático: Uma mulher aproxima-se com sua vovó velhinha e entra na frente. A pobre senhora mal sabe o que está fazendo ali. A moça, esperta por certo, pegou a pobre vovozinha apenas para usurpar-lhe o direito que lhe concede o Estatuto do Idoso. A velhinha não tinha cartão, não sabia operar essa modernidade dos diabos e muito menos tinha fundos para retirar daquele máquina cuspidora do vil metal. Criamos a vovó de aluguel.
Nos supermercados: As vagas reservadas para idosos ocupam – por força da lei – as melhores posições no estacionamento. Haja Annas Variani e outros velhinhos motorizados para ocupá-las! Conclusão: Só gente jovem as utiliza, desmoralizando completamente a exigência legal, mesmo porque, se não o fizer, não haverá vaga onde estacionar o seu carro.
Vejam que estou falando de “Idosos” que a lei caracteriza como sendo as pessoas com mais de 60 anos. Não estou falando de outras categorias beneficiadas por leis específicas, como mulheres grávidas, pessoas com dificuldade de locomoção e assemelhados. Até mesmo a Ministra Marta Suplicy julgou-se beneficiária de uma lei qualquer que concede às “autoridades” a prerrogativa de não se submeterem ao controle de bagagens nos aeroportos do país...
Pelo andar da carruagem, com todas essas generosidades neo-socialistas, só nos resta implorar ao bondoso Deus que nos poupe da iminência de, em breve, não inventarem de que outras minorias passem, também, a gozar dos mesmos benefícios: Talvez sejamos obrigados a ceder nossos lugares nas filas para os índios, principalmente se estiverem munidos daqueles enormes facões de puro aço que segundo o PT faz parte de suas tradições tribais desde o descobrimento, em 1500. E vejam que Cabral encontrou nossos índios em pleno neolítico, a idade da pedra polida e que eles nem “tapa-sexo” usavam. Não me surpreenderia se vierem, ainda, a estender o sistema de quotas para negros nas vagas de estacionamentos e filas bancárias. Tudo é possível... E as “autoridades” ficariam de fora? Claro que não, passariam na frente de todos.
Posso até imaginar mais ou menos a seqüência de uma fila tipicamente brasileira em futuro próximo: 1º) As “Autoridades”, seja lá o que isto queira dizer; 2º) A destemida, arrogante e protegida pela FUNAI índia Tuíra Kayapó, por razões óbvias; 3º) Índios com facões; 4º) Índios sem facões; 5º) Negros, independente da real cor da pele, porém desde que se declarem negros; 6º) Idosos; 7º) Mulheres Barrigudas, mesmo que não seja gravidez por que isto será difícil de se identificar; 8º) Mulheres com criança no colo. Aqui, marmanjos poderão substituir as crianças desde que estejam usando chupeta; 9º) Pessoas com dificuldade de locomoção e, no final da fila: 10º) os que ainda esperam ser beneficiados por uma nova lei.
De exceção em exceção, nos tornamos um país complicado de se entender e de nele viver. Claro que não sou contra dar atendimentos prioritários a quem deles necessitem, mas a questão de fundo é saber o quanto os cidadãos estão fazendo uso correto dessas bondades legais. E o quanto nossos generosos legisladores ainda se disporão a criar mais e mais novos nichos de privilégios. Acaso nossa educação cívico/moral não tem sido suficiente para que as gentilezas surjam de forma espontânea e não pela força da lei? Se não, não seria o caso de reforçar nossos currículos escolares e usarmos a mídia onipresente em todos os lares para incutirmos princípios da boa civilidade? Lembram que tínhamos nas escolas uma matéria chamada Educação Moral e Cívica? Sabe? Acabou!
Enquanto eu me sentir em boas condições físicas - independente de quantos anos tiver - preferirei continuar agindo de modo a me fazer mais digno de uma vaga no céu, do que de uma vaga reservada no estacionamento do supermercado ou de uma posição mais privilegiada na fila do Banco.
Edson Pinto
postado em 31/05/08
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