"Quando
você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz
nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia, não com bens, mas
com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por
influência mais do que pelo trabalho e que as leis não nos protegem deles, mas,
pelo contrário, são eles que estão protegidos de nós; quando perceber que a
corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então
poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada" (Ayn
Rand).
_____ o O o _____
Não passa pela cabeça de nenhuma
pessoa de bom senso a ideia de que o governo Lula e o de sua sucessora, Dilma
Rousseff, atuaram, de propósito, como patrocinadores deste show de
incompetência na execução do projeto da Copa do Mundo que já começa na semana
que vem. Justiça seja feita: Se não demonstraram competência para fazer
acontecer, na extensão, nos custos e no tempo corretos, todas as obrigações
assumidas quando da aceitação dos encargos impostos pela FIFA, por que iríamos,
agora, imaginar que o atual descalabro tenha sido premeditado e, portanto,
tratar-se de algo maquiavelicamente bem concebido?
Quem não consegue planejar para o
bem, com grande certeza também não o consegue para o mal... É, infelizmente,
puro despreparo. Coisa típica de quem nunca havia gerido, antes e com sucesso, sequer
uma simples lojinha de artigos baratos. Mas, apesar de todas essas
demonstrações de incompetência, tenho sido levado a pensar – cada vez com mais
convicção - nestes dias pré-Copa que o governo, mesmo perdendo a batalha, já deve
ter vislumbrado uma forma de tirar proveito da própria lambança. E isto, sim,
tem uma esperteza planejada de última hora. Discorrerei sobre esta minha
suspeita mais adiante...
O “O Estado de São Paulo” do
domingo passado demonstrou em um criativo infográfico a situação de dois grupos
de obras que são importantes para o sucesso da Copa em cada uma das doze
cidades que acolherão os jogos. Clique neste link para acesso à matéria: http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2014/06/01/E5.pdf.
O que se depreende da sua leitura é aquilo que todos nós brasileiros, bem como os
estrangeiros que vêm nos acompanhando, já sabemos desde há 3, 4 anos: Vamos
entregar uma Copa meia-boca. Mas o governo continuará com a manjada cantilena de
que faremos a melhor Copa de todos os tempos. O discurso agora é o de que as obras
são mais importantes para o pós-Copa do que durante a Copa. E aí vem a
surpresa que os espertos de plantão têm em mente. Aguardem!
Antes, algumas questões de fundo:
Por que temos demonstrado, nos
últimos tempos, tanta incompetência se este País já foi capaz de construir uma
cidade inteira como Brasília em apenas quatro anos, construiu Itaipu, Furnas, estradas,
pontes, como a Rio/Niterói e tantas outras obras de grande porte no passado sem
que tivéssemos, nas respectivas épocas, este sentimento de incompetência que
nos assola no presente? Será que desaprendemos? Será que nos falta recursos
financeiros suficientes para as obras? Será que não sabemos exatamente do que
precisamos?
Nada disso! Nem se forem tomados
cada item isoladamente, nem se forem considerados todos ao mesmo tempo. O mal que
nos acomete de forma brutal é o mal da política suja associada ao fato de que
criamos o nosso próprio Leviatã, este estado balofo de 40 ministérios, de
dezenas de milhares de cargos por nomeação política e o que tudo disso decorre,
como a burocracia, o compadrio e a corrupção entre outros tantos fatores
negativos. Os pactos políticos que geram coalizões esdrúxulas só para acomodar
acólitos tem um preço muito alto a ser pago. Põe-se gente em posições de mando
que não seriam admitidas para cargos inferiores na atividade privada devido ao
despreparo e inabilidade para a tarefa. E o pior é que essa gente, sabidamente,
não está lá para produzir, senão para cumprir ordens do partido político e –
“en passant” – também tirar uma casquinha para o seu próprio deleite, pois
ninguém é de ferro...
Minha tese: O governo Dilma vem há tempos caindo de maduro.
Já deu o que tinha de dar. A Copa parecia ser a tábua de salvação, mas deu tudo
errado. A economia desacelerou-se, a saúde foi pro beleléu, a segurança pública
escafedeu-se, a corrupção exacerbou-se, os lideres partidários proeminentes
foram para a Papuda e o pior: não conseguiram realizar as obras da Copa pela
incompetência e outros problemas sobre os quais já falei. Por fim, e para o
desespero maior do governo, as eleições virão logo depois da Copa. O barco está
afundando...
Imaginem agora, se por uma sem
precedente intervenção divina - ainda nesta semana - todas as obras de
mobilidade urbana, aeroportos e outros itens de infraestrutura fossem concluídos!
Ainda assim, permaneceria indelével a impressão de que o estado foi um péssimo
gestor. Gastou muito, fez mal feito e de afogadilho e ainda pode perder as
eleições de outubro. O que fazer então? Bingo! Ordenou o 40º ministério, o do
Marketing político: Segurem a conclusão de todas as obras que porventura
pudesse ainda ser inauguradas antes da Copa. Vamos usar o discurso de que o que
vale é o que virá depois. Assim, passada a Copa e até que as eleições cheguem,
o governo inaugurará tudo o que não inaugurou até agora. Será um festival de
inaugurações, foguetório, discursos, exposição na mídia e a volta do velho chavão:
Nunca antes na história deste País se inaugurou tanto quanto agora...
Será que isso será suficiente
para ganhar as eleições?
Edson Pinto
Junho’ 2014
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Estamos vivendo o final da fase pré-Copa. Semana que vem inicia-se a Copa propriamente dita e lá por meados de julho aí vem o pós-Copa, o Brasil real com suas mazelas e esquisitices...
Quanto à Copa em si, só nos cabe torcer para que o Brasil se saia bem. O que de fato acontecerá encontra-se no terreno das imaginações, das hipóteses e das ilusões.
Porém, quanto ao pré e ao pós já dá para se fazer algumas análises e até mesmo projeções. É o que faço na crônica desta semana, GOVERNO TRABALHANDO.
Bom final de semana a todos e que comecemos bem a Copa!
Edson Pinto
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