Decidimos e vivemos muito mais em
função de fatores psicológicos do que de circunstâncias objetivas. Quem gosta,
acompanha e entende um pouco de futebol, essa paixão popular, sabe bem do que
estou falando: O elenco é de alto nível, os salários dos jogadores estão sendo
pagos rigorosamente em dia, a torcida é fiel, vibrante e apoiadora, mas o time,
misteriosamente, insiste em não vencer, até mesmo desafios considerados fáceis.
Observem que, em geral, não se
atribui o fracasso do time a um ou a poucos de seus jogadores, mesmo quando
eles não andam na melhor de suas formas físicas e técnicas. A responsabilidade é na maioria das vezes atribuída
ao técnico. Como forma de se contornar esse problemão, o técnico invariavelmente
é trocado. Tanto faz o quão convincente e admirável seja o seu currículo
profissional.
Como visto, o que prevaleceram
não foram exatamente os fatores objetivos da realidade, mas sim os psicológicos.
Quando algo precisa mudar, nossas mentes se condicionam a achar que as coisas
só podem tomar outro rumo se removido o líder. Fica difícil para a mente humana
acreditar que quem está errando no que faz tenha condições de admitir isso e
assim assumir uma mudança substancial em suas ações.
Ações, como sabemos, decorrem dos
pensamentos e das condições intuitivas e das crenças arraigadas que temos. Isto é psicológico e, portanto, elemento
determinador de grande parte de nossos atos. O técnico que tenha consciência disso
e sabedor de que a sua permanência pode mais prejudicar do que ajudar o time, não
raro toma a iniciativa de acertar com a direção do clube a sua saída. Nessas
circunstâncias sair com espontaneidade adquire até um caráter de grandeza
espiritual.
Transportada essa situação para a
política o que vimos hoje é uma presidente que anda errando muito na condução
de seu time. Mesmo que apontem fatores objetivos que viessem a sustentar a sua permanência,
o psicológico da questão já se sobressai a tudo o mais. Até mesmo aqueles mais
crédulos que alimentavam a esperança de uma reviravolta na forma como a nossa
presidente vem conduzido o país já se renderam às evidencias de que é
necessário trocar o técnico do time. Infelizmente, a encrenca em que nos
metemos requer, agora, muito mais desprendimento e espírito cívico elevado do
que se possa imaginar.
Quando o humor das massas entra
em desequilíbrio como tem ocorrido presentemente tornam-se pouquíssimas as
esperanças de que o mal possa ser corrigido com a técnica que foi responsável
por ele. Assim como um clube que não pode prolongar em excesso a sua trajetória
de insucesso, um país também não pode seguir sangrando por mais quatro anos só
porque tem que sustentar a decisão infeliz de ter reconduzido a líder que não
vai nada bem. Mais do que uma questão de honra e de defesa de interesses
políticos o que se faz de maior relevância é a necessidade de que não deixemos
o país ficar pior a cada dia.
Penso que o processo de
impeachment mesmo sendo legal é uma “via crucis” que submete a toda a nação a
um sofrimento de grandes proporções. Penso mais ainda que tudo isso seria
evitado para o bem de todos se a presidente, fortalecida de sua civilidade e
patriotismo, apresentasse a sua renúncia. Mostraria, no mínimo, a nobreza de espírito
que caracteriza os grandes líderes. Passaria para a história como a presidente
que abriu mão de suas vaidades e não a imagem da teimosa que conduziu o País ao
descalabro.
Como Pedro Stédile, líder dos
MST, recentemente definiu Dilma Rousseff como praticamente uma “santa”, bem
faria a ela se acatasse de pronto essa designação e tal qual Santa Maria
Madalena, na foto que ilustra este texto, também renunciasse de suas posses e
passasse para a história santificada e não amaldiçoada. Deixaria de ser “quase”
para ser uma verdadeira santa...
Edson Pinto
Abril’2015
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
E esse imbróglio sobre o governo Dilma? Impeachment, renúncia, terceirização do governo?
Pedro Stédile do MST considera Dilma como “quase uma santa”. Eu me atrevo a imaginá-la uma santa. Vejam se concordam comigo!
Se tiverem paciência, leiam este texto que acabo de escrever.
Bom final de semana a todos!
Edson Pinto
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