30 de jan. de 2011

150) OS DOIS LADOS DA MOEDA

Em meu último texto, Tempo de Colher, que publiquei em 17 de dezembro antes das tradicionais férias de início de ano do meu blog, tratei do tema universal da renovação. Falei, inspirado pelo espírito natalino, que a vida se renova em ciclos. Um deles é a virada de um ano em que tudo já aconteceu para outro branquinho como uma folha de papel onde escreveremos um novo capítulo das nossas próprias histórias. E esse novo ano já começou! Mal saímos do burburinho das festas, férias, viagens, muita chuva e presidenta nova, já começamos a olhar para o carnaval. A globeleza no ar para nos envolver no evento que mais representa a imagem do nosso país. Vivamos, portanto e intensamente, 2011 antes que ele, logo, logo, se torne também um ano velho.

Nem tudo na vida acontece como queremos: Os impostos continuam confiscando vorazmente cada vez mais os parcos salários do trabalhador. O IPVA, o IPTU, o FORO, a escola dos filhos, a conta do cartão de crédito que sustentou as férias da virada do ano, mas que agora precisa ser paga. O condomínio aumentou. O carro precisa ser licenciado. E a inspeção veicular? Os pedágios aumentaram em quantidade e valor e mesmo assim o transito ficou pior. Para completar o drama, janeiro apresentou aqui na região leste o maior índice pluviométrico dos últimos 68 anos. As serras fluminenses derreteram-se com tanta água e levaram quase um milhar de almas. Foi, neste inicio de 2011, o que o Vale do Itajaí foi em novembro de 2008. Chega de tanta tristeza! Deve ter acontecido também algo de bom. Vejamos:

Que maravilha! Entramos 2011 sem nos lembrar de Dunga, aquele teimoso que por um bom tempo nos fez sofrer com a seleção que ele afirmava ser imbatível. Com a sua arrogância e seu casaco de pequeno príncipe foi nos engabelando em 2010 até que os holandeses nos fizeram deixar a África do Sul antes do que sonhávamos. Caímos no papo furado do “comprometimento” e deixamos em casa o menino Neymar e outros craques nascentes que poderiam realizar o nosso sonho do hexa. Não aconteceu, mas em compensação, espero, falaremos de Dunga apenas quando estivermos nos referindo a um dos anãozinhos do famoso conto de fadas dos irmãos Grimm, Branca de Neve.

Passione resistiu um pouco mais, mas acabou já no iniciozinho deste ano. Não ouviremos falar mais de Fred nem de Chiara em que pese, esta, como uma barata que sobrevive até a hecatombes, ter encontrado um novo ambiente paradisíaco para se reerguer. Queira Deus que Silvio de Abreu não a ressuscite em outra novela ainda em 2011.

Na política, algo sempre muda quando o ano é de eleição. E foi o que aconteceu em 2010. Malgrado tiriricas da vida tenham ludibriado o nosso sistema eleitoral, houve aprimoramento com a aplicação da chamada “Ficha Limpa”. Alguns medalhões enferrujados saíram de cena: Jarbas Barbalhos e opositores fracotes perderam eleições ou foram deserdados pelo voto popular. O senador Mão Santa que não parava de falar mesmo com o plenário apresentando-se deserto agora vai pregar no Piauí. E o empombado ex-ministro Tarso Genro, protetor do Cesare Battisti, passou a ser um problema só dos gaúchos. Que o bravo povo do sul saiba como engoli-lo, pois o fizeram governador.

Mas o grande alívio para 2011 será, pelo menos para 13% dos brasileiros, uma vez que Lula teria terminado o mandato com 87% de aceitação popular (CNT/Sensus), o descanso que ele nos propiciará, espero, em 2011, quiçá também em anos vindouros. Já dá para sentir certa brisa de racionalidade vindo do Planalto Central. Nunca antes na história deste País, o protagonismo mambembe de um presidente populista incomodou tanta gente de bom senso como na série de 8 anos encerrada em 31 de dezembro último. Confesso que, pessoalmente, estou perdendo uma profícua fonte de temas para o meu blog. Lula ao sair de cena presta, sem dúvidas, uma verdadeira homenagem aos amantes da circunspecção, do bom juízo e do tino adequado. Vez por outra ainda poderemos ouvir falar de seu legado: Um passaportezinho diplomático para seus parentes aqui; o estouro dos gastos públicos com reflexos no recente aumento da inflação ali; as questões internacionais mal resolvidas ou mal conduzidas como a do caso Cesare Battisti, do Ahmadinejad, do Hugo Chaves, dos dissidentes cubanos, do Zelaya de Honduras e outras insensatezes megalomaníacas do ex-presidente.

Felizmente, ele será gradativamente esquecido até que lula passe a significar para 87% do povo apenas um molusco que se come preferencialmente frito. Os 13% de hoje já o sabem desde há muito.

Que tenhamos todos um bom 2011. Agora volto a publicar semanalmente,

Edson Pinto
Janeiro’2011