11 de ago. de 2015

300) DOBRANDO A META...

Para um determinado programa governamental, a presidente Dilma andou recentemente falando que não tinha estabelecido meta. Mas, sugeriu que, quando se atingisse a meta, então, deveriam dobrar a meta. Se alguém entendeu esse intricado raciocínio, que bom. Parabéns! Se não, vai aqui uma interpretação: Não ter meta é o mesmo que meta zero, não é? Então, se você atinge esse zero e depois dobra esse mesmo zero, logo a meta final continuará sendo zero, pois, segundo a Matemática, zero multiplicado por qualquer número será sempre zero, ou não é mais? É claro que ela não quis zombar nem enganar ninguém de forma consciente. O problema é que ela é confusa assim mesmo. Provas disso se espalham por toda a vida nacional. Mas isso é assunto de política e eu quero, hoje, é falar apenas dos textos do meu blog.

Não vou falar, repito, das metas da Dilma, mas sim das minhas próprias metas relacionadas com o meu esforço prazeroso de publicar com certa regularidade textos neste blog. Em outubro de 2008 atingi a minha meta de 50 textos publicados. Na época impus-me dobrar a meta e fui para o 100º texto que publiquei um ano depois no mês de outubro de 2009. Impus-me, então e novamente, dobrar a meta para 200 e isso aconteceu em abril de 2012. Na ocasião, claro, não fui leviano a ponto de prometer novo dobro da meta, pois entraria numa exponencial impossível de realização. Quem não se lembra de Malba Tahan em “O Homem Que Calculava” que conta essa deliciosa história:

Um Rei, para gratificar um sábio que lhe prestara bons serviços concede-lhe o direito da escolha de um presente. O sábio pede, então, que seja presenteado com grãos de trigo. Seguindo o desejo do sábio, mas surpreso com a singeleza de seu pedido, o Rei ordena que lhes trouxessem um tabuleiro de xadrez. O sábio então diz: coloquem 1 grão de trigo na primeira casa do tabuleiro, 2 na segunda, 4 na terceira, 8 na quarta e continuem dobrando a quantidade de grãos até concluir as 64 casas do tabuleiro. Será que o Rei foi capaz de atender ao pedido do sábio? Ao final do texto volto ao assunto.

Este meu texto de hoje é o de número 300, como pode ser visto no seu título. Este e os outros 299 encontram-se postado no blog e podem ser acessados facilmente. Pode ser pouco para quem vive profissionalmente de publicar seus pensamentos fazendo critica do cotidiano ou mesmo externando sua criatividade na forma de textos ficcionais. Mas pode ser muito para quem, como eu, já faz contagem regressiva e tem consciência da preciosidade de cada novo dia que ganha de presente quando levanta da cama ao amanhecer. É como regular o consumo das trufas que se esgotam da última caixa. Cada uma delas merece ser saboreada com prazer extremo. Para um homem maduro, cada novo dia vale mais do que vale para um jovem que tem uma infinidade de dias pela frente. Não se deve desperdiçá-los nem deles fazer uso impróprio. Escrever, por óbvio, não é usar irresponsavelmente o dia que se ganha de presente, mas a vida, convenhamos, tem muitas outras tarefas igualmente prazerosas.

Atingi 300 textos investindo ao redor de igual quantidade de meus preciosos dias. Agora que atingi a meta torno-me propenso a acatar o brilhante raciocínio de Dilma. Não colocarei meta adicional alguma. Se me virem eventualmente dobrando a meta é porque não produzi mais nada. O dobro de zero, como já dito, será sempre zero. A única coisa que gostaria de continuar tendo como meta seria o de sempre agradecer aos amigos que ao longo destes meus 8 anos de blog tiveram a paciência de ler os meus textos. Muitos se manifestaram e ainda se manifestam sobre o que escrevo. Obrigado a todos! Se não me virem escrevendo no blog, fiquem tranquilos! Estarei fazendo jardinagem, caminhando pelas ruas do bairro, cuidando da horta caseira, passeando com a família, almoçando ou jantando com amigos ou mesmo lendo blogs dos outros...

A propósito, o Rei, mesmo com toda a sua fortuna pessoal somada a do seu reino, não conseguiu presentear o sábio com os grãos de trigos que ele pediu de presente. Se tivessem conseguido dobrar os grãos nas 64 casas do tabuleiro de xadrez, seriam necessários exatos 18.446.744.073.709.551.615 grãos de trigo (18,4 quintilhões). É sabido que 1 m³ desse cereal contém aproximadamente 15 milhões de grãos. Extrapolando para o fantástico número de 20 algarismos acima mencionado isto ocuparia um espaço correspondente a 12.000 km³.  Considerando as dimensões do celeiro como sendo 4 metros de altura por 10 metros de largura, teríamos um comprimento de 300 milhões de quilômetros lineares, ou seja, o correspondente a uma estupenda viagem de ida e volta deste nosso maravilhoso planeta ao rei Sol.  

Edson Pinto

Agosto’2015