28 de jul. de 2020

317) 10 PROVIDÊNCIAS QUE URGEM...


Depois de tantos meses de quarentena (e ainda em vigor), tornam-se imperativas visitas ao:

1) Cabeleireiro: Não me cai bem este look Jesus Cristo. Já tenho bem mais que 33 anos...

2) Dentista: Afinal, esses canais já não seguram mais nervos rebeldes...

3) Oculista: Graus de menos, reparos de mais. Minha média móvel de sentar em óculos permanece elevada...

4) Podólogo: Garras só pra gaviões. Além disso, o problema do item seguinte vetou a antiga habilidade de alcançar os pés...

5) Endocrinologista: Espero não encontrar o Jô Soares na minha frente. Tenho pressa...

6) Sebo: Procurar títulos antigos. Os novos já os devorei todos. Não gosto de reler livros...

7) Auto-peças: Carros parados descarregam baterias. Aprendi na prática...

8) Alfaiate: Quem sabe roupas podem ser alargadas. Queria muito evitar tamanhos XL..
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9) Auto-escola: Será que reaprendo a dirigir? Sem óculos, então... Sei não...

10) Posto de Saúde: Inscrever-me para ser dos primeiros a receber, quando disponível, a vacina da Covid-19.

Sem chance de enfrentar outra quarentena...

Edson Pinto
11/7/2020

316) CONSTRANGIMENTO MÁXIMO...


Meu pai - com a aeronáutica - fez parte da FEB que lutou na Itália na Segunda Guerra Mundial. Parte importante de minha vida morei em um bairro só de ex-combatentes. Reinava ali um espírito de respeito e reverência à nobre função dos defensores da Pátria.

Acostumei-me a olhar com admiração e respeito a quem galgasse a carreira militar, considerando, inclusive, a sólida formação educacional que recebem nas excelentes academias militares do País.

Essa admiração foi posta em xeque quando, agora, estarrecidos, tivemos acesso ao vídeo da histórica reunião ministerial do dia 22 de abril, coincidentemente no dia em que comemorávamos os 520 anos de nossa existência como país. Fato este, a propósito, tão omitido quanto omitido em profundidade também foi o tema do momento, a pandemia que não para de ceifar vidas de brasileiros.

Senti verdadeiro constrangimento alheio pelos generais que ali se postavam desconcertados, submissos a um presidente de modos e costumes reprováveis.

Nenhuma liturgia ao elevado cargo que exerce; discussão sem pauta; passiva consensualidade com arroubos irresponsáveis de alguns ministros e uso abundante de termos que envergonhariam Gregório de Matos e Manuel Maria du Bocage em seus melhores poemas fesceninos...

Fico pensando, constrangido ao máximo, é claro, sobre o que levaria militares tão nobres a esse opróbrio? Alinhamento a uma ideologia incompreensível ou os encantos de uma sinecura, mesmo que temporária, mas providencial, já que a vida não está fácil para ninguém?

Edson Pinto
24/5/2020

315) UMA COMPARAÇÃO CONVENIENTE...


SITUAÇÃO 1
Um móvel delicado precisa ser desmontado.
Suas partes são unidas por pregos (malária).
Um martelo (cloroquina), ferramenta adequada, está disponível. Tarefa bem sucedida sem danificar o móvel.

SITUAÇÃO 2
Outro móvel igualmente delicado deve, também, ser desmontado. Suas partes, porém, estão unidas por parafusos (covid-19). A única ferramenta disponível é o mesmo martelo (cloroquina). Tarefa não executada, ou se tentada, o móvel restaria danificado.

CONCLUSÃO:
Ou se providencia uma chave de fendas (remédio correto ainda não disponível), ou o móvel da situação 2 não será desmontado, ou, se tentado, restará irremediavelmente perdido...

A quem, portanto, cabe a decisão? Ao dono do móvel ou ao marceneiro?

Edson Pinto
21/5/2020

314) AS DUAS FACES DO ORGULHO


Do lado positivo, os dicionários definem orgulho como um sentimento de grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra... Mas, do lado negativo, também o definem como um sentimento egoísta que denota arrogância e soberba.

O lado positivo pode e deve até se manifestar em aspectos específicos do comportamento de Bolsonaro. Por esta e outras razões, conseguiu angariar votos suficientes para se tornar presidente. Mas isso não vem, agora, ao caso.

O ponto em questão é a postura que mostra perante a pandemia da covid-19. Nisto, ele tem mostrado só o lado negativo de seu orgulho: arrogância, ao perder contato com a realidade e insistir na sobrevalorização da própria (in)competência; soberba, ao recusar-se a admitir o erro, ou seja, não ter humildade para "dar o braço a torcer"...

Como jamais reconhecerá que errou ao igualar a doença a uma simples "gripezinha", segue criando conflitos políticos como cortina de fumaça para ocultar o problema principal. Enquanto isso, torce - em vão e agoniado - para que tudo passe rápido e ele desperte do pesadelo que o atormenta.

Passada a crise (e vai passar, se Deus quiser!), o que ficará de seu orgulho: o valor e a honra de um lado, ou a arrogância e a soberba do outro?

Edson Pinto
01/5/2020

313) EU PERDOO...


De coração, perdoo aqueles que em atitudes negacionistas se recusaram a aceitar as evidências, hoje inquestionáveis, de que a covid-19 é muitíssimo mais séria do que uma simples "gripezinha"...

Já passamos, no Brasil, de 5 mil mortos, mais de 70 mil oficialmente infectados, sem considerar que, com testagem em abrangência adequada, os números seriam assustadoramente maiores.

Agora o que se vê? O caos em hospitais pela falta de leitos de uti’s; o horror de cemitérios superlotados, vide Manaus; as consequências nefastas para a economia, especialmente para os mais vulneráveis socialmente. E hoje, tristemente, o recorde de mais de 400 mortes contabilizadas em único dia...

Perdoo-os porque sei que, no fundo de suas almas puras, o negacionismo refletia mais o desejo sincero por um mundo melhor para todos. Queriam passar a tranquilidade de espírito que nos faz vencer a adversidade e seguir com as nossas vidas como se nada estivesse acontecendo...

Também os perdoo porque acreditaram na autoridade constituída, crentes de que ela representava a verdade, a esperança, a razão...

Finalmente, perdoo-os por saber que agora compreendem a evidência de que querer-se otimista, mais do que uma saudável e positiva postura ante a vida, não nos autoriza ao abandono da realidade, dos fatos, da lógica e da ciência.

O mundo, lamentavelmente, não é sempre o que se quer dele, mas o que dele nos é possível obter.

Calma! Vai passar! Mas, se puder, fique em casa!

Edson Pinto
28/4/2020

312) COM A PALAVRA OS NEGACIONISTAS...


•Filhos angustiados por nem mesmo poderem despedir dos pais levados pela covid-19...

•Jovens médicos e enfermeiras com suas carreiras e vidas ceifadas pela mesma maldita doença...

•Crianças que mal podem compreender a morte dos pais também levados pela pandemia assassina...

•Pessoas morrendo em filas de alguns hospitais por superlotação e incapacidade de atendimento...

•Horripilantes sequência de covas rasas onde estão sendo enterradas dezenas, centenas de pessoas sem o conforto derradeiro de familiares.

Tudo isso retrata a miséria que presentemente assola o mundo, e de forma crescente também o nosso País, por essa pandemia de virulência sem precedentes, inimaginável, assustadora.

Como se diz que imagens valem mais do que mil palavras só resta perguntar àqueles que são contra o isolamento social prudente se é ainda preciso desenhar para que acreditem na severidade desta pandemia?

Com a palavra os negacionistas...

Edson Pinto
21/4/2020

311) SAUDADE DO MEU MAVERICK


Em 1975 comprei um Maverick vinho, carro elegante, esportivo... Uma máquina poderosa, mas voraz consumidora de combustível.

Em 1978 decidi vendê-lo. Precisava ficar em linha com a mentalidade ecológica que em vigor na época. Veio o choque do petróleo com decorrente aumento astronômico do preço do combustível. Foi triste, no entanto, guardei a desconfiança que um dia tudo poderia ser diferente, para melhor, é claro...

20/04/2020, o petróleo, com contratos para fechamento em maio próximo, chega ao inacreditável, inimaginável, surreal valor negativo de US-37,63. É isso mesmo, valor negativo... Produtores de petróleo estão pagando para os compradores o levarem. Não têm capacidade de armazenamento e o melhor é pagar para se verem livres do excesso do ainda chamado “ouro negro”.

Aí lembrei do meu Maverick que bebia mais do que o Zeca Pagodinho. Tivesse-o, ainda, estaria agora na hora de - ao invés de gastar com combustível - ganhar uma graninha quanto mais rodasse pelas estradas deste nosso imenso País..
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Viram como neste mundo real em que vivemos não há nada que seja permanente, exceto, por ora, as leis de Newton?

Edson Pinto
20/4/2020

310) EXPLICANDO PARA MIM MESMO...


“Comigo me desavim (desentendi)
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim”
(Sá de Miranda)

Edson, por que o isolamento, também chamado de quarentena, é necessário para o enfrentamento do coronavírus?

Vou tentar explicar com números e exemplos, ok? Então siga meu raciocínio:

1) Suponha que o país X, muto bem organizado por sinal, tenha 1.000 leitos de UTI’s instalados. Cerca, apenas, de 10% deles, ou seja, 100 leitos constituem a reserva para eventualidades.

2) Surge uma nova pandemia, no caso a do coronavírus que leva à doença covid-19. Para evitar muitas mortes dos mais vulneráveis esse evento passa a exigir, repentinamente, 4.000 leitos adicionais de UTI’s durante 5 meses (20 semanas). Média de 800 leitos adicionais por mês.

3) A ciência já descobriu há tempos, que os surtos, epidemias ou pandemias grassam de forma irregular. No início do contágio, se nada for feito, lá pelas semanas 4, 5 ou 6 ocorre um pico que poderia, por exemplo, exigir, ao mesmo tempo, 2.000 leitos.

4) Obviamente esses leitos não existem. Mesmo que existissem, todo os demais componentes do sistema de saúde estariam esgotados. Não haveria médicos, enfermeiros, respiradores, equipamentos de proteção, remédios e outros prontamente disponíveis. Consequência: colapso total do sistema de saúde levando a enormes perdas de vidas que poderiam ser evitadas houvesse recursos adequados.

5) A arma inicial para enfrentar o inimigo é o isolamento. Com ele, dois resultados são esperados:

    5.1) a velocidade do contágio é reduzida devido ao brusco afastamento social. O pico é evitado.

    5.2) a redução das atividades sociais e econômicas minimiza eventos regulares que demandam leitos de UTI’s, liberando-os para uso dos casos graves de covid-19

6) Enquanto a população, ao máximo possível, se isola, o sistema de saúde é incrementado criando muito mais leitos, mais profissionais são envolvidos, mais respiradores, mais recursos são alocados para o enfrentamento da doença.

7) Findo o isolamento o sistema já está pronto para atender a nova demanda agora amenizada. Menos gente morrerá. A economia voltará gradativamente ao normal, talvez até mesmo mais vigorosa, mais pujante, mais criativa. É como o pós-guerra que cria oportunidades de crescimento nunca imaginadas.
 
Fui claro Edson?

Edson Pinto
4/04/2020

309) CÁ ENTRE NÓS...


Já imaginaram essa pandemia de COVID 19 tendo a Terra população idêntica à atual, isto é, 7,7 bilhões, porém sem a internet, sem as redes sociais, sem aplicativos de mensagens e outras maravilhas da informática e telecomunicações que já incorporamos ao nosso dia a dia?

Entre os séculos XIX e XX a Varíola matou cerca de 300 milhões; a Peste Negra, no século XIV, 50 milhões e a Gripe Espanhola, no início do século XX, outros 20 milhões.  E olha que o mundo tinha, em cada uma dessas épocas, bem menos gente.

Agora, dos 7,7 bilhões que somos, quantos pereceriam ou seriam afetados com essa nova doença de tão fácil transmissão? Tenho até repulsa em imaginar: dezenas de mihões, talvez...

Com a comunicação instantânea que temos hoje, ficou mais fácil prever, prevenir, orientar, trocar experiências, combater, enfim, o inimigo... Disso ninguém tem dúvida, em que pese o obscurantismo de gente que considera a situação como produto de imaginária conspiração indo contra a ciência e os fatos.

Saibam, existe um poder superior de um mundo de micro-organismos que vive de articular formas para extinguir a nossa espécie. Os vírus, as bactérias e outros são os alienígenas que nos espreitam com a foice da morte permanentemente afiada.

Viva, portanto, o WhatsApp, o Face Book, e seus congêneres. Eles nos permitem visitar, sem contato físico, nossos parentes idosos, solucionar nossas pendências externas sem sair de casa e outros. Ainda bem!

Edson Pinto
17/3/2020

308) DE COMO COISAS SIMPLES SE TORNARAM COMPLICADAS...


Não faz muito tempo – após uma refeição em qualquer restaurante – bastava pedir um cafezinho. Pronto! Nada mais brasileiro, mais simples, mais rápido, mais prazeroso...

No entanto, mudam-se os tempos e os hábitos ficam mais sofisticados...

Hoje, em resposta ao pedido de um simples cafezinho o garçom devolve uma saraivada de perguntas tão ligeiras quanto embaraçosas:

__ Expresso, cappuccino, macchiato, latte, com chantilly, ristretto, curto, longo, pingado, carioca, breve, mocha etc., etc.?

Se ocorre de estar sem paciência para tão refinada escolha, cancele o pedido ou, então, seja prático dizendo:

Traga o que você quiser. Para mim tanto faz...

Edson Pinto
16/7/2019

307) PARA QUEM, COMO EU, GOSTA DE UM ABACAXI BEM DOCINHO...



Descrição em versos decassílabos que Caramuru, do árcade Frei Santa Rita Durão, faz ao de Rei de França quando descrevendo as frutas do Brasil (canto VII, estrofe XLIII, do poema épico sobre o descobrimento da Bahia, Caramuru):

"Das frutas do país a mais louvada
É o régio ananás, fruta tão boa,
Que a mesma natureza namorada
Quis como a rei cingi-la da coroa:
Tão grato cheiro dá, que uma talhada
Surpreende o olfato de qualquer pessoa;
Que a não ser do ananás distinto aviso,
Fragrância a cuidará do paraíso."

Edson Pinto
13/4/2019