Aprecio muitíssimo um poema atribuído, embora com certa controvérsia, a Jorge Luiz Borges. Pela mensagem que nos traz, guardo-o em um caderno onde coleciono preciosidades. Vez por outra dou uma repassada nesse meu tesouro em forma de pasta escolar e nunca deixo de reler o texto “Instantes”. É curto, meia página, se tanto, mas contém sabedoria que enciclopédias monumentais talvez não fossem capazes de nos ofertar.
Jorge Luiz Borges, quando vivia o seu 85º aniversário, um ano antes de morrer em 1986, refletiu sobre a vida que teve e o quanto a faria diferente se ainda pudesse revivê-la: “cometeria mais erros, não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, correria mais riscos e contemplaria mais amanheceres” entre tantas outras pequenas coisas que disse ter negligenciado ao ter optado por uma vida convencional. Vale à pena ler esse texto e, mais do que lê-lo, saborear cada uma de suas reflexões como se fosse o néctar dos deuses (clique aqui)
É exatamente nesta época do ano, quando a magia do espírito natalino invade nossos corações, que refletir sobre a vida passa a ser quase uma necessidade. Muitos não gostam do Natal porque os fazem tristes ao suscitar-lhes lembranças desconfortáveis. Os entes queridos que já se foram, a nostalgia dos tempos passados e que se consideravam melhores ou mesmo as coisas que deixaram de fazer ou as fizeram da forma inapropriada.
Mas, há os que encontram júbilo na época ao compartilhar a alegria das crianças que anseiam e podem receber o presente anelado. As pequenas almas puras que ainda acreditam no mito do Papai Noel. A reunião da família e dos amigos. As luzes que simbolizam a vida e a música natalina, eterna, que nos comove e encanta.
E quando o frisante espocar anunciando um novo ano é chegado o momento em que deveremos ter a certeza de que um novo ciclo está por começar. Agradecer por mais um ano vivido e rogar a Deus por paz, saúde, amor e prosperidade.
É o que desejo para todos os meus amigos, esposas, filhos, pais, parentes porque eles são parte fundamental da minha própria vida. Sem eles a vida cairia na mesmice que Borges lamentou.
Um Feliz Natal para todos. Um Ano Novo melhor e tão bom quanto quisermos torná-lo. Lá, quando fevereiro vier, haveremos de restabelecer nossos encontros semanais. Enquanto isso, quero: “ir a mais lugares onde nunca fui, tomar mais sorvete, subir mais montanhas, levar bem poucas coisas a sério e ter mais problemas reais do que problemas imaginários”, pois, como nos disse Borges:
“Disso é feito a vida”
Edson Pinto
Dezembro’2011