12 de nov. de 2011

186) DILMA, EU TE AMO!


Quando ao final de 2010 Lula se despediu dos seus oito anos de governo, fiquei triste. Não que morresse de amores pelo líder sindical - inteligente, é verdade - que soube como ninguém surfar a onda de prosperidade que Papai do Céu concedeu ao Brasil justo no período em que ele, Lula, se encontrava instalado no poder. Bom para o destino do País, melhor ainda para a democracia que comprovou de forma inequívoca o seu preceito maior de igualdade e oportunidade para todos. A minha tristeza foi mais pelo fato de termos perdido uma das mais ricas fontes da qual se servem os cronistas do cotidiano. Lula oferecia vários episódios hilários, alguns esdrúxulos, diversos carentes de base ética e até mesmo outros totalmente desprovidos de bom senso, prato cheio para a crônica política.

Sem Lula e agora como uma presidente séria, compenetrada, um tanto avessa aos espalhafatos midiáticos que bem o caracterizava pensei: doravante, somente análises sisudas e por isso com poucas chances de propiciar diversão, objetivo maior de quem escreve descompromissadamente, como eu. Subestimei - confesso - a capacidade do ex-presidente de deixar o seu DNA no governo. Não o deixou na pessoa de Dilma, a nova presidente, mas sim e com grande intensidade em expressiva parcela do ministério que legou à sua sucessora. Com um ministro caindo a cada 45 dias, por motivos os mais invulgares, minha tristeza acabou!

A herança maldita de Lula para Dilma concentra-se no seu ministério. Seis dos herdados já limparam as gavetas. Um deles, Nelson Jobim, ministro da Defesa, saiu pelo motivo que toda a Nação já conhecia: seu agigantado ego, maior do que o seu próprio físico. Os demais, cinco até agora, saíram pelo motivo que mais representa a imagem do modo petista de se fazer política, ou seja, avançando impiedosamente na burra do erário para satisfazer planos dos partidos políticos da base de apoio e - porque ninguém é de ferro - também os próprios bolsos.

Alfredo Nascimento (Transportes), Antonio Palocci (Casa Civil), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esportes) e agora na marca do pênalti o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Este, falastrão, de gestos arroubados a ponto de um dia dizer que “só a bala sairia do ministério” e no outro aviltar a mais nobre de todas as declarações que um ser humano deveria fazer. A de que se ama alguém. Neste caso, seja lá o que o ministro quis dizer, ficam dúvidas enormes quanto à credibilidade do que fala.

Tanto apego ao cargo de ministro que, como sabido, tem remuneração muitíssimo inferior à de um Executivo de nível equivalente na iniciativa privada, fica-se a impressão de que existem outras causas a justificar tamanha vontade de permanecer no cargo. Especula-se que pode ser o desejo de se cumprir o nobre objetivo de servir a sociedade; poderia ser ainda a inata busca humana pelo poder; a ganância desmesurada pelo vil metal que o gigantesco estado brasileiro acumula vorazmente ao praticar uma das maiores cargas tributárias do mundo, ou quem sabe, pelo menos no caso de Carlos Lupi, o seu verdadeiro amor pela presidente. Afinal, como nos ensinou Blaise Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Edson Pinto

Novembro’2001

5 de nov. de 2011

185) Homo sapiens
















Cem mil anos, despida de qualquer outra ambição,
Nossa espécie, neste mundo em luta ferrenha
Contra pestes e guerras na pedra a história desenha
Valente, até que, em 1800, atinge seu primeiro bilhão

Pouco mais de um século, em 1930, sem grande alarido
É dobrado. Em 1974, quatro bilhões e no mesmo contexto
O planeta recebe em 1987 o quinto e em 1999 o seu sexto
Bilhão de almas com claros sinais de já se fazer exaurido.

Chegando em 31 de outubro deste 2011 ao sétimo bilhão
Ficamos perplexos quanto ao que nos espera o futuro
Já com ameaças às vidas do céu da terra e do mar

Em 2024 quando o oitavo vier, será que teremos ou não
Tornado nosso pobre planeta sustentável e maduro,
Para uma vida digna a toda essa gente poder entregar?


Edson Pinto

31/10/2011