28 de mai. de 2015

295) SERÁ QUE TEM JEITO?


Olhem bem para a foto que ilustra esta crônica! Fui eu mesmo que a fiz no último dia 18 de maio quando de mais uma de minhas raras e nostálgicas perambuladas pelas ruas de Belo Horizonte, uma das mais progressistas e bem planejadas cidades do País. Quando vou até lá para visitar parentes não há como deixar de ir ao centro, tomar um cafezinho na Praça Sete, um “pit stop” na Savassi, uma visita ao Restaurante do Porto ou mesmo dar um pulinho no indefectível Mercado Municipal próximo à conhecida Praça Raul Soares. O mosaico português está em toda a parte, como nesta pobre calçada. Já explico!

Sim, eu disse “planejada”! Belo Horizonte é mais velha, mas nasceu como Brasília e algumas poucas outras cidades brasileiras. Fruto de um bom projeto político que demandou para a sua consecução a inteligência, a competência e o bom gosto de próceres da engenharia, da arquitetura, do paisagismo e até mesmo de profissionais da bem conhecida e muito apreciada calcetaria portuguesa.  Desta arte, o exemplo magno no País são as calçadas de Copacabana que já viraram símbolo da cidade do Rio de Janeiro.

O Engº Aarão Reis, vencedor com o melhor projeto para a nova capital mineira, a erigiu em cerca de quatro anos partindo de uma visão futurista e forte influência do positivismo da época. Construída para substituir a topograficamente acidentada Ouro Preto e também para suportar o crescimento que a recém-nascida República haveria, portanto, de proporcionar mais espaço e mais conforto para uma população que já vinha crescendo de modo acelerado. Sua inauguração foi no dia 12 de dezembro de 1897. Hoje BH já é uma senhora de 117 anos, 2,5 milhões de habitantes na sua área urbana e 5,8 milhões em sua região metropolitana. Atingiu um IDH 0.810, classificado como “muito alto” até mesmo para os padrões internacionais. Mas tem problemas...

Ainda sobre o projeto da cidade Aarão Reis argumentou a seu favor:

Foi organizada, a planta geral da futura cidade dispondo-se na parte central, no local do atual arraial, a área urbana de 8.815.382 m² dividida em quarteirões de 120 m x 120 m e ruas largas e bem orientadas que se cruzam em ângulos retos e por algumas avenidas que as cortam em ângulos de 45º. Às ruas, fiz dar a largura de 20 metros, necessária para a conveniente arborização, a livre circulação dos veículos, o tráfego dos carros e trabalhos da colocação e reparações das canalizações subterrâneas. Às avenidas, fixei a largura de 35 metros, suficiente para dar-lhes a beleza e o conforto que deverão, no futuro, proporcionar à população (…)”.

Assim nasceu BH, orgulho dos mineiros, mas que como qualquer outra cidade deste País constitui-se num cadinho de culturas formada por gente vinda de todos os quadrantes. Uns cultos, outros ignorantes. Cultos trabalhadores, organizados, mas também cultos ociosos, displicentes, desinteressados. Ignorantes bravos que arregaçaram as mangas para o trabalho e o fazem o melhor que podem. Muitos ignorantes desleixados, despreparados, incompetentes.  À frente da sociedade, políticos cultos, políticos incultos. Uns zelosos, honestos, outros calhordas, preguiçosos, irresponsáveis e despudorados. Nesse cadinho real o bom e o ruim, o bem e o mal se misturam, se fundem, e formam uma massa estranha, difícil de ser compreendida e explicada.

A calçada da foto é consequência da parte dessa massa gelatinosa que, por descuido do lado bom da sociedade, ainda prospera impune. O calceteiro caprichoso dos primórdios fez o desenho harmônico com os mosaicos e criou o efeito de ondas que se expandem ao infinito. Passam-se os anos, o que, em geral, nos sugeriria mais aperfeiçoamento técnico e mais gosto estético e nos vem os “profissionais” da vez. Provavelmente para embutir uma fiação sob a calçada eles se mostram incapazes de recolocar os históricos mosaicos em linha com o desenho original. Simples assim: pretas com pretas, brancas com brancas. O único desafio para apenas dois ou três neurônios seria o de respeitar o desenho original. Aposto quanto quiserem que uma criança de apenas três anos saberia como fazê-lo melhor.

No mesmo cadinho sou tentado a jogar algumas perguntas para tornar a massa cultural mais palpável: Por que dar um serviço a quem não tem o menor preparo para tal? Quem contrata o serviço não deveria fiscalizar e exigir qualidade antes de pagar por ele? Por que muitos acham que o problema não é deles e sim dos outros e se omitem enquanto a sociedade engole calada sem se mexer, protestar, reclamar e exigir respeito? Por que temos esta postura de achar que as pequenas coisas não são importantes e que por isso podem ser relevadas? Quando vamos ter consciência de que o bem público é feito e mantido com o dinheiro dos impostos que pagamos e que, portanto temos o direito de exigir qualidade no seu gasto?

Quando nos perguntamos por que nunca ganhamos um prêmio Nobel enquanto há países que os tem às dezenas fica-nos um travo na garganta, um desconforto insuportável de ver que em nosso País cada vez mais a impressão que nos fica é que temos involuído. A Política era atividade nobre e honrada, hoje é abominável. Os profissionais eram competentes, hoje são uns porcalhões. A calçada era bem cuidada e elegante, hoje é um lixo.

Será que tem jeito?

Edson Pinto
Maio’2015

PS: Clique aqui: Calceteria Portuguesa



13 de mai. de 2015

294) COLORINDO A VIDA


É da natureza feminina a prodigalidade verbal. Nós homens, exceções à parte, somos mais comedidos. Escutamos mais, falamos menos. As mulheres foram dotadas de qualidades únicas exatamente para propiciar a criação dos filhos da maneira mais competente. Suspeito que a fala abundante tem muito a ver com isso... Os homens não manejam com a maestria devida os instrumentos da educação filial. As mulheres, sim, e devemos dar graças a Deus, pois isso nos libera tempo para curtir o futebol, mexer no carro inúmeras vezes e - por que não - também ficar escrevendo patacoadas?

A base cientifica da constatação de que a mulher fala mais do que o homem encontra-se espalhada por estudos de várias universidades americanas e europeias. Como este meu texto não é um tratado formal, sequer de um ensaio literário, o que requereria de mim mais embasamento eu me sirvo apenas do registro que a psiquiatra americana, Louann Brizendine, fez em seu livro “O Cérebro Feminino”. Nele, ela menciona - e não se assuste, por favor - que estudos comprovam que as mulheres falam em média 20.000 palavras por dia, enquanto os homens falam míseras 7.000.

Verdade cientifica ou não, o fato da vida é que poucos discordariam da evidência de que a mulher fala mais do que o homem. Pronto! Quem tem mulher e filhas em casa sabe muito bem do que estou falando. Eu só tenho mulher e filhos homens, mas tenho uma neta e o meu universo familiar mais amplo incorpora donzelas aos montes. Como homem, às vezes, me surpreendo questionando se o volume de ideias e pensamentos está diretamente relacionado ao de falas produzidas. Fosse isso verdade, seria forçado a admitir que nossas esposas são verdadeiras "Einstein’s" de saia, e nós, pelo pouco falarmos, constituiríamos um exército de néscios insensatos. Minha suspeita relevante sobre isto é que as mulheres externam em falas tudo, ou quase tudo, o que pensam, enquanto os homens selecionam, ponderam, postergam e até descartam muito do que lhes vem à mente. Seriam, então, as mulheres mais sinceras por não censurar a liberação do que pensam? Espero ainda uma resposta da ciência...

Agora vem algo que, em função dessa superioridade verbal, as mulheres falam de nós de forma cada vez mais frequente e aberta: “Eles fingem que nos escutam, mas, na verdade, o que falamos entra-lhes por um ouvido e sai pelo outro. Homem nunca se lembra do que a mulher falou”. Ainda no campo científico, isso me traz à mente um estudo que li há alguns anos sobre a impossibilidade do cérebro captar mais de uma informação em simultâneo. A nossa memória de curto prazo - explicava o estudo - funciona com um tubo na forma de “Y”, no qual informações vindas de mais de uma fonte se afunilam na junção com a base do “Y” e somente uma delas é admitida para processamento. Assim, se a mulher fala ao mesmo tempo em que o repórter da TV fala sobre o gol do seu time somente uma das informações será acatada. No homem, imagem qual? Foi Donald Broadbent, psicólogo inglês e professor em Oxford, que disse: “Quando ouvimos duas vozes, selecionamos apenas uma, sem levar em conta se o que está sendo dito é correto, e ignoramos a outra voz”. Isto é cientifico!

Mas, milagrosamente, algo aconteceu no meu hábitat. A neta chegou e, ato contínuo, eu me preparei para começar a ajustar o meu “Y” interno às 40.000 palavras que, cientificamente, me dizem seriam produzidas pelas duas princesas de minha vida. Nunca conferi este número, nem pretendo fazê-lo, mas o acato, a princípio. Jornal da TV muito improvável, leitura concentrada, suspensa por ora. Adaptativo com deve ser o homem moderno e ajuizado já me contentava com o William Waack e a Christiane Pelajo no jornal da Globo que – felizmente neste caso – vem-nos cada vez mais próximo do horário em que o galo canta. A essa altura, certamente elas já terão caído nos braços de Morfeu.

Havia, contudo um misterioso silêncio. Ouvia-se o roçar do vento agitando a palmeira do quintal. Os bem-te-vis que nunca deixaram de cantarolar agora se faziam mais ouvidos, mais graciosos. Ecoou claro o som de um cão latindo à distância; de uma porta que se bateu na casa do vizinho. Ao longe, o ruído de uma máquina de cortar grama quebrava docemente o vazio de ruído. Comecei, confesso, a sentir a falta daquele burburinho até então por mim criticado. Ele já fazia parte da minha vida. Não estava preparado para uma mudança tão radical de hábito. Sai do meu esconderijo, o escritório de casa, e fui conferir a razão pelo qual Louann Brizendine, a psicóloga americana, falhava naquele momento. Estariam abalados os pilares mestres da Psicologia Cognitiva ou o que mais poderia ser?

A passos lentos, eu vou até a sala. O que vejo me surpreende, me emociona e ao mesmo tempo me faz esquecer tudo o que pensava saber sobre a diferença comportamental entre a mulher e o homem. Era o mundo se adaptando, se renovando, se reencontrando com a sua trajetória de paz. Elas tinham em mãos um livro de figuras esboçadas no qual, com a habilidade que também é privilégio das mulheres, munidas de dezenas de lápis de cores, coloriam figuras como se o mundo a seu redor tivesse deixado de existir.

Não falei nada para não lhes tirar a concentração, mas tomado de um fervor incomum, postei as mãos e as elevei aos céus agradecendo a Deus pela dádiva. Falei com Deus, e por não ser egoísta, não apenas em meu exclusivo nome, mas de todos nós, os homens de 7.000 palavras.

Creiam!

Edson Pinto

Maio’ 2015

7 de mai. de 2015

293) SUA MAJESTADE A MESA


Muito se fala da roda como sendo a grande e revolucionária invenção de todos os tempos. Foi a partir dela, dizem, que o homem teria avançado e alcançado o progresso dos dias de hoje. Falam-se ainda de invenções outras igualmente importantes: a prensa tipográfica que permitiu a difusão do livro e por extensão da cultura e do saber; a máquina a vapor que foi fundamental na revolução industrial do século XVIII; o papel; o avião; o computador e por ai afora...

Como qualquer pessoa de bom senso, eu também não deixaria de concordar com a importância das mencionadas invenções. A favor delas apenas gostaria de pontuar que uma invenção torna-se importante não necessariamente pela sua complexidade, pelo maior grau de pesquisas envolvidas no seu desenvolvimento ou ainda pela notória genialidade de quem a concebeu. Uma invenção é memorável quando permanece por muito tempo na vida das pessoas e das sociedades. Pode ser até uma invenção bem simples, mas - desde que tenha utilidade e longevidade - ela se torna realmente digna de ser rotulada como uma “grande invenção”.

Você já parou pra pensou sobre uma prosaica mesa?  Esse móvel simples, prático e útil que há milênios desempenha um papel relevante à humanidade?  Ela estava nos palácios dos Faraós do Egito; na Dinastia Shang da China antiga; na Grécia de Platão; na Roma do Imperador Tácito e do poeta Virgilio; nas reuniões secretas dos Templários e na conspiração dos Inconfidentes Mineiros. Ela está, hoje, em nossas casas, nos escritórios, nas lojas, nas oficinas, nos museus, nas escolas, nos bares e em mil outros lugares, especialmente em restaurantes.

 Não dá para imaginar uma casa que não tenha uma sequer, na maioria das vezes até para múltiplo uso. Serve para a refeição do dia a dia, para o estudo das crianças, para o chá das visitas, o corte do tecido da dona de casa costureira. Serve para suportar o arranjo de flores que dá vida e alegria ao lar; serve para receber as compras quando se chega do supermercado e, metaforicamente, até para a discussão da relação do casal e da família quando a ela se apela dizendo: “vamos colocar nossos problemas sobre a mesa”. E não esquecendo de que marcam as primeiras lições de Inglês dos nossos pequenos quando se afirma, mesmo que jocosamente, “the book is on the table”...

Nos escritórios não dá nem para imaginar como, sem uma mesa adequada, se produziria os relatórios, escreveriam os textos, calculariam os resultados e fariam reuniões de trabalho. Em uma loja, ela é imprescindível para demonstrar a mercadoria, fazer o pacote e servir ao cliente em potencial o cafezinho que estimula o fechamento do negócio. Nas oficinas é com ela que se consertam as peças, lixam-se a madeira, faz-se polir o metal, apertam-se os parafusos e soldam-se as peças quebradas para fazer reviver o velho aparelho doméstico. É ela que suporta esculturas nos museus, os livros da professora na escola, os cadernos que os alunos aprendem as primeiras e as mais avançadas letras, como também – em um bar – é nela que o boêmio afoga as mágoas do amor perdido...

Nos restaurantes, ela acomoda os casais, os grupos de amigos e as famílias que procuram um lugar tranquilo para uma das atividades mais prazerosas que o ser humano pode ter: uma boa refeição, um vinho na medida certa e acima de tudo um momento de convívio especial que o tira da rotina e o coloca em uma nuvem de paz. Soubessem todos os "restauranters" da importância de uma mesa para quem valoriza esses momentos, jamais colocariam algumas no corredor, próximas a lugares barulhentos, coladas à porta do banheiro ou em locais que sejam potencialmente capazes de anular toda a atmosfera que se exige de um lugar aprazível.

Aqui eu entro com o que o pessoal de casa atribui a mim como sendo uma das minhas chatices mais exageradas: sempre tomo a iniciativa da escolha da mesa que julgo ser das melhores do restaurante. Meu critério é muito simples: evito mesas em lugares de passagem onde circula muita gente; busco uma que esteja em uma área bem arejada, de pouco ruído e de preferência em um cantinho mais isolado que me permita falar sem incomodar ou ser incomodado. Fujo daquelas que ficam coladas no toalete, na boca da cozinha onde os garçons transitam com frenesi ou nas proximidades de outras mesas onde grupos barulhentos já se instalaram.

Isso é ser chato?

Penso que não! Mesmo porque, não sou de chegar tarde a restaurante e ter que ficar com a única mesa que todos que me antecederam já recusaram. Principalmente, se sou frequentador assíduo de determinado restaurante já até tenho a minha mesa de preferência e é para ela que eu me dirijo. Onde frequento pouco, ou estou indo pela primeira vez, é que me dou ao capricho dessa chamada chatice.

Será que eu estou errado ou prestando uma reverência a essa majestade soberana, indispensável e de efeito mítico que é a mesa?

Edson Pinto

Maio’2015 

1 de mai. de 2015

292) SÓ PARA GÊNIOS?


De diversos amigos do Facebook recebi o desafio que ilustra este texto.  Se você é participante da rede social deve tê-lo visto também, pois ele faz parte dessas publicações virais que vez por outra surgem na internet.  Li várias respostas na seção de “comentários”, sendo que a totalidade fazia algum sentido e se escudava em raciocínio aparentemente lógico e demonstrável.

 Uns afirmavam que o resultado seria 90, pois considerava a lógica de se multiplicar, em cada linha, o número da esquerda pelo numero da mesma posição que dá continuidade a sequencia numérica e que está, ou estaria, na linha seguinte. Assim, como na linha do número 5 (à esquerda) a sua multiplicação pelo número 6 da linha seguinte levou ao resultado 30, bastaria a multiplicação do 9 pelo seu lógico sequente que seria o 10. Neste caso o resultado seria, obviamente, 90. A hipótese aqui assumida é a de que os algarismos 7 e 8 foram propositadamente omitidos apenas para confundir o desafiado.

Outra resposta que também faz sentido é considerar que o resultado de uma linha corresponde ao resultado da linha anterior acrescido do dobro do número da primeira coluna da linha analisada. O 42, por exemplo, se explicaria pela soma do resultado de 30 da linha anterior somado ao dobro de 6, isto é, 12, da linha para a qual se faz o cálculo. Por essa lógica, o 90 como resultado da linha da interrogação se justificaria, pois o número 72, que se pressupõe estaria na linha anterior omitida, somados ao dobro de 9, isto é, 18, levariam ao mesmo 90.

O que pega neste exercício é saber o que há por trás da omissão dos números 7 e 8 na sequência. Seria exatamente esse o enigma a ser desvendado? O número 234569 (formador da sequência da primeira coluna) teria alguma propriedade especifica como, por exemplo, ser um número primo, um fatorial, um número perfeito, poligonal, ou mesmo um número de Fibonacci, de Bell ou Catalão? Não é nada disso. Há de se questionar, então, se trata de uma omissão capciosa ou se devemos respeitar a sequência tal qual apresentada?

Sem querer polemizar, pois meu objetivo neste texto é outro, como saberão no parágrafo seguinte, eu me arriscaria a dar a resposta que considera a sequência tal qual demonstrada, isto é, nada foi omitido sem que isso tivesse sido explicitado na formulação do desafio. Parto, portanto, do principio de que as informações só são essas. Assim, diria eu que o resultado seria 60.  Explico: Já que não há como garantir que o próximo número seria o 10 ou o 0 ou mesmo o 1, então eu só posso trabalhar com os números dados. Usei o resultado da linha anterior, 42, somando duas vezes o número 9 da linha pedida. Se for isso que o autor do teste esperava como resultado, ou se é o 90 ou outro número qualquer só ele pode explicar. Devolvo o desafio a ele...

Eu fico, contudo, com a lição que esse problema nos sugere, ou seja, a de que a verdade é uma das questões mais profundas e difíceis para nós os seres racionais. Não é por outra razão que filósofos desde priscas eras têm discutido o tema sem que uma conclusão satisfatória e definitiva se tenha alcançado. Fala-se em vários tipos de verdades, inclusive em verdades relativas, aquelas que se moldam a cada circunstância. O que para uma pessoa faz todo o sentido para outra pode nada significar.

Quando olhamos o quadro político em que vivemos somos – não raro – surpreendidos com a multiplicidade de verdades que são apresentadas para um mesmo fato, um mesmo comportamento. Temos inúmeras versões dos mesmos eventos, suas relativizações, suas temporalidades, a exegese das nossas leis, os costumes presentes e pretéritos e, acima de tudo, os aspectos morais. Pode ser legal, mas não ser moral. E até mesmo, em sendo moral, nem tanto...

Resolver os enigmas da vida não é um desafio só para os gênios como se instiga no desafio matemático acima. Pode e deve ser algo muito simples, pois, como nos ensinou o mestre Khalil Gibran:

“A simplicidade é o último degrau da sabedoria”.

Edson Pinto

Maio’ 2015