9 de dez. de 2008

63) MENSAGEM DE FIM DE ANO

Há uma feliz proximidade de datas: O Natal e o Ano Novo separados por apenas uma semaninha. Sorte nossa!

No Natal - festa máxima do cristianismo - comemoramos o nascimento de Jesus que, com sua mensagem de humildade e amor ao próximo, conquistou corações e mentes ao longo dos últimos 2000 anos.

Mal o aroma nostálgico do peru natalino ameaça abandonar a memória de nossos sentidos e chegamos ao Ano Novo. Este sim, momento em que, sendo cristãos ou não, comemoramos em uníssono um marco especialíssimo: Deixamos um ano e adentramos outro. Fazemos balanço das realizações e dos fracassos do ano terminado ao mesmo tempo em que renovamos promessas para o próximo.

Não importa a crise econômica, o rebaixamento do nosso clube para a segunda divisão, a chuva que em excesso desmancha morros e faz vítimas inocentes, a violência das ruas, o tráfego infernal das grandes cidades. O que importa é a esperança que depositamos em dias melhores. E isso é mais do que o suficiente...

Deixemos, portanto, que a canção de Charles Aznavour, “Hier Encore”, “Ainda Ontem”, tão bela e cheia de significados reforce em nossos corações as sábias lições de vida que ela contém, para nunca termos de nos arrepender das ações que praticamos quando ainda, há pouco, tinhamos nossos 20 anos...

Um feliz Natal para todos e um Ano Novo muito melhor do que este que já está por terminar.

Volto a atualizar o meu blog somente em janeiro próximo.

Edson Pinto e família
Dezembro’2008
Clique na seta abaixo para rememorar a bela canção de Charles Aznavour:

62) MERO PIXEL (dez'08)

 __ Meu amigo, você sabe quantas estrelas existem na Via Láctea, o conjunto estelar dentro do qual se encontra esse ponto insignificante que é o nosso planeta Terra? São 200 bilhões de estrelas iguais ou maiores do que o nosso provedor de vida, o rei Sol. E veja que a Via Láctea é apenas uma das galáxias de um total estimado de 100 bilhões de outras. Multiplique - se conseguir - os dois números e concluirá que não há espaço suficiente nesse seu caderninho aí para registrar todos os zeros que virão depois do número 2. Então, tente se for capaz!

__ E digo mais: se olhar apenas para a Terra, verá que você nada mais é do que uma simples unidade de uma população que já beira aos 7 bilhões de terráqueos. Portanto, meu caro, você não é nada de especial. Diria eu, agora fazendo uso de uma linguagem mais high-tech, você não passa de um mero e banal pixel. No máximo, no máximo, algo como um daqueles minúsculos pontinhos que na tela do aparelho de TV da sua casa reproduz um pálido fragmento de luz.

__ Espero que já se tenha dado conta de quão insignificante você é diante da grandeza infinita do espaço sideral. E vem, neste momento, se colocar como um ser tão especial como se o universo postasse aos seus pés e, sobre tudo o que ele contém, pudesse reinar soberanamente para mudar sem escrúpulo nenhum a ordem correta das coisas em seu benefício próprio?

__ Se pudéssemos materializar a sua vaidade e transformá-la em uma estrela, aí sim, poderíamos vê-la como uma de especial grandeza, superior ao Sol e até mesmo a quaisquer outras das tantas que inundam o firmamento. Mas, como isso não é possível, resta a você, meu caro, apenas manter-se quieto e ordeiro no lugar que ocupa. Tire definitivamente dessa sua cabecinha presunçosa qualquer intenção de se colocar na minha frente para realizar prioritariamente o seu intento.

__ Mas, senhor, eu só precisava urgentemente...

__ Que falta de humildade, meu irmão. Passar na minha frente, nunca. O melhor que você faz agora é usar as folhas de seu caderninho e limpar-se ali por detrás daquela coluna, pois como um mero pixel que é, pode até brilhar, mas exalar esse cheiro horrível que já me incomoda, nunca...

__ Vá seu mero e fedorento pixel para detrás da coluna e limpe-se como puder! Chegou a minha vez e tenho que pentear os meus cabelos...

Edson Pinto
Dez'08

4 de dez. de 2008

61) CRENÇA E CONHECIMENTO


Pergunta 1: Quem é a única prima da sobrinha do pai do irmão de sua mãe?

Se você não conseguir responder rápido a essa pergunta, não tem problema. Poucas pessoas conseguiriam dar uma resposta imediata. A maioria, desde que pegue papel, lápis e tenha paciência e algum método investigativo chegará à conclusão correta de que a tal mulher só pode ser a sua própria mãe.

Outra pergunta: Por que os espelhos invertem nossa imagem da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, mas nunca de cima para baixo ou de baixo para cima?

Novamente, difícil de se obter uma resposta imediata. Talvez, com a ajuda da Ciência, você consiga alguma explicação mesmo que parcial para esse enigma que desde Platão, o grande filósofo grego, tem se colocado no rol das especulações metafísicas. Não quero ser leviano nem pretensioso a ponto de oferecer aqui e agora uma resposta para o enigma. Deixemo-lo, pois e pelo momento, para a investigação de mentes sofisticadas e bem iluminadas.

O que penso ser interessante considerar dos dois questionamentos é o fato de a vida nos colocar, em geral, situações prontas para as quais raramente nos sentimos motivados a questioná-las. Tomamos todas como verdades inquestionáveis e assim poupamos a necessidade de pormos em funcionamento os bilhões de neurônios com os quais a Natureza nos presenteou.

Sendo mais confortável aceitar que no espelho meu braço direito vira o esquerdo e vice versa porque sempre foi assim, por que, então, deveria eu especular a fundo sobre a razão disso, jogando fora, desse modo, o meu precioso tempo? Sabendo, como sei, que sua mãe é prima de Maria por que deveria eu passar pela intrincada análise da relação de irmão, pai comum, tio e filha do tio?

Mas, e a vida como um todo? Não é muito diferente: Por comodismo, obediência servil, falta de motivação para agir, fraqueza moral e outras razões, temos a tendência a nos encaixar no que filosoficamente chamamos de zona de conforto, onde nada pode nos incomodar. Ficamos ali quietinhos, torcendo para que ninguém nos veja e assim vamos assistindo, incólumes, o marasmo do passar do tempo. Tal qual a figura do aluno obediente que se esconde nas fileiras do meio e nunca se atreve nem para bagunçar, nem para questionar, muito menos para apresentar as suas idéias, se é que as tem. Termina o curso, pega seu diploma e se torna um número na série da infinita mediocridade.

Em boa medida o que deveríamos cultivar seria certo grau de ceticismo em relação à realidade que percebemos, especialmente quanto às crenças que consolidamos ao longo de nossa experiência terrena. Não é sem razão que os grandes filósofos sempre argumentaram em favor da distinção clara entre conhecimento verdadeiro e crença.

Por exemplo: O cidadão americano pode pensar que Barack Obama representa a esperança na política de seu país apenas por causa do inusitado histórico de ser - pelo que já foi dito - a novidade na política de seu país. A crença de que Obama trará progresso pode ser, de fato, verdadeira. Mas, o fato de ser "a novidade" não é a irrefutável evidência de sua condição de arauto da esperança e promotor do progresso. Neste exemplo é improvável que sua crença seja conhecimento, mesmo considerando que ela seja verdadeira. O que confirmará a esperança depositada no fenômeno Obama será a forma e efetividade como ele ajudará os EUA, e a reboque o resto do mundo, a adentrar-se a uma nova fase de progresso econômico e social que, como infelizmente tudo indica na atual situação, parecer estar rapidamente se esgotando.

A minha crença nessa possibilidade é verdadeira, afirmo. Só não posso afirmar se ela se sustenta em base sólida de conhecimento real. Resta-me esperar...

Edson Pinto
Dezembro’08