5 de jun. de 2014

268) GOVERNO TRABALHANDO...


"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia, não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência mais do que pelo trabalho e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de nós; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada" (Ayn Rand).

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Não passa pela cabeça de nenhuma pessoa de bom senso a ideia de que o governo Lula e o de sua sucessora, Dilma Rousseff, atuaram, de propósito, como patrocinadores deste show de incompetência na execução do projeto da Copa do Mundo que já começa na semana que vem. Justiça seja feita: Se não demonstraram competência para fazer acontecer, na extensão, nos custos e no tempo corretos, todas as obrigações assumidas quando da aceitação dos encargos impostos pela FIFA, por que iríamos, agora, imaginar que o atual descalabro tenha sido premeditado e, portanto, tratar-se de algo maquiavelicamente bem concebido?

Quem não consegue planejar para o bem, com grande certeza também não o consegue para o mal... É, infelizmente, puro despreparo. Coisa típica de quem nunca havia gerido, antes e com sucesso, sequer uma simples lojinha de artigos baratos. Mas, apesar de todas essas demonstrações de incompetência, tenho sido levado a pensar – cada vez com mais convicção - nestes dias pré-Copa que o governo, mesmo perdendo a batalha, já deve ter vislumbrado uma forma de tirar proveito da própria lambança. E isto, sim, tem uma esperteza planejada de última hora. Discorrerei sobre esta minha suspeita mais adiante...

O “O Estado de São Paulo” do domingo passado demonstrou em um criativo infográfico a situação de dois grupos de obras que são importantes para o sucesso da Copa em cada uma das doze cidades que acolherão os jogos. Clique neste link para acesso à matéria:  http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2014/06/01/E5.pdf. O que se depreende da sua leitura é aquilo que todos nós brasileiros, bem como os estrangeiros que vêm nos acompanhando, já sabemos desde há 3, 4 anos: Vamos entregar uma Copa meia-boca. Mas o governo continuará com a manjada cantilena de que faremos a melhor Copa de todos os tempos. O discurso agora é o de que as obras são mais importantes para o pós-Copa do que durante a Copa. E aí vem a surpresa que os espertos de plantão têm em mente. Aguardem!

Antes, algumas questões de fundo:

Por que temos demonstrado, nos últimos tempos, tanta incompetência se este País já foi capaz de construir uma cidade inteira como Brasília em apenas quatro anos, construiu Itaipu, Furnas, estradas, pontes, como a Rio/Niterói e tantas outras obras de grande porte no passado sem que tivéssemos, nas respectivas épocas, este sentimento de incompetência que nos assola no presente? Será que desaprendemos? Será que nos falta recursos financeiros suficientes para as obras? Será que não sabemos exatamente do que precisamos?

Nada disso! Nem se forem tomados cada item isoladamente, nem se forem considerados todos ao mesmo tempo. O mal que nos acomete de forma brutal é o mal da política suja associada ao fato de que criamos o nosso próprio Leviatã, este estado balofo de 40 ministérios, de dezenas de milhares de cargos por nomeação política e o que tudo disso decorre, como a burocracia, o compadrio e a corrupção entre outros tantos fatores negativos. Os pactos políticos que geram coalizões esdrúxulas só para acomodar acólitos tem um preço muito alto a ser pago. Põe-se gente em posições de mando que não seriam admitidas para cargos inferiores na atividade privada devido ao despreparo e inabilidade para a tarefa. E o pior é que essa gente, sabidamente, não está lá para produzir, senão para cumprir ordens do partido político e – “en passant” – também tirar uma casquinha para o seu próprio deleite, pois ninguém é de ferro...

Minha tese: O governo Dilma vem há tempos caindo de maduro. Já deu o que tinha de dar. A Copa parecia ser a tábua de salvação, mas deu tudo errado. A economia desacelerou-se, a saúde foi pro beleléu, a segurança pública escafedeu-se, a corrupção exacerbou-se, os lideres partidários proeminentes foram para a Papuda e o pior: não conseguiram realizar as obras da Copa pela incompetência e outros problemas sobre os quais já falei. Por fim, e para o desespero maior do governo, as eleições virão logo depois da Copa. O barco está afundando...

Imaginem agora, se por uma sem precedente intervenção divina - ainda nesta semana - todas as obras de mobilidade urbana, aeroportos e outros itens de infraestrutura fossem concluídos! Ainda assim, permaneceria indelével a impressão de que o estado foi um péssimo gestor. Gastou muito, fez mal feito e de afogadilho e ainda pode perder as eleições de outubro. O que fazer então? Bingo! Ordenou o 40º ministério, o do Marketing político: Segurem a conclusão de todas as obras que porventura pudesse ainda ser inauguradas antes da Copa. Vamos usar o discurso de que o que vale é o que virá depois. Assim, passada a Copa e até que as eleições cheguem, o governo inaugurará tudo o que não inaugurou até agora. Será um festival de inaugurações, foguetório, discursos, exposição na mídia e a volta do velho chavão: Nunca antes na história deste País se inaugurou tanto quanto agora...

Será que isso será suficiente para ganhar as eleições?

Edson Pinto
Junho’ 2014