3 de set. de 2010

134) VOU-ME EMBORA PRA JACUNDÁ

 “Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei.
Vou-me embora pra Pasárgada”

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Se Manuel Bandeira quis ir para Pasárgada porque aqui ele não era feliz, eu estou convencido de que em Jacundá minha existência será uma aventura igualmente jubilosa, afortunada, bendita e inconseqüente. Por isso, vou-me embora pra Jacundá. Se Dilma vencer - juro - jamais volto de lá...

O Brasil tomou conhecimento de Jacundá graças ao jatinho do Jornal Nacional que, a comando remoto de William Bonner e Fátima Bernardes, leva Ernesto Paglia para os mais estranhos rincões deste nosso País. Você que pensava que a nova superpotência na qual Lula transformou o Brasil já tinha superado todos os seus atrasos históricos, acaba de descobrir que em Jacundá tudo é ainda muito diferente:

96% da população não têm acesso ao sistema de esgoto; mais da metade das casas não recebe água encanada; a estrada que leva ao município é estreita e toda esburacada; as leis de trânsito são desconhecidas e menores de idade dirigem e pilotam motos sem nada a temer; violência, estupros, assassinatos e bandidagem fazem parte do cotidiano do jacundaense. Ah! A cidade tem cerca de 60 mil habitantes e o prefeito, como informa a justiça Eleitoral, é “indefinido”. Seja lá o que isso significa, deve ser motivo de grande orgulho e incomensurável júbilo para aquela boa gente.

Aloísio Mercadante, o irrevogável, tem dito na TV que sob a batuta do seu grande mestre Lula o Brasil cresceu vigorosamente enquanto São Paulo, sob o comando do PSDB de Serra, tem sido um grande fracasso. Fico pensando, como o Brasil pode crescer sem que São Paulo vá junto. Ou São Paulo não faz mais parte do Brasil ou o Brasil de Lula não ta nem aí para este insignificante Estado da federação que representa, isoladamente, mais de 1/3 do PIB e conquistou, por mérito e por razões que dispensam argumentos, o título de locomotiva da economia brasileira.

Só há uma explicação: Jacundá, assim como Pasárgada, tem tudo que ver uma com a outra. O povo de Jacundá é feliz e vota em que Lula mandar. “Em Pasárgada tem tudo/É outra civilização/Tem um processo seguro/De impedir a concepção” Em Jacundá ninguém fica triste, pois tudo o que aqui na nossa civilização julgamos importante, lá não faz a menor falta. Rede de esgoto pra que? Se o mestre já disse que o tênis é esporte “daselites”, o que já não terá dito para o jacundaense sobre água encanada, segurança, estrada asfaltada e segura, leis de trânsito e todas essas minúsculas bobagens pequeno-burguesas que tanto incomodam à nomenclatura esquerdista do poder:

Por isso, e por muitas outras razões, Jacundá é para mim até mais do que Pasárgada. Jacundá é um paraíso perdido bem no miolo do Pará. Se for pra lá, nunca mais hei de voltar...

“Tem alcalóide à vontade/Tem prostituas bonitas/Para a gente namorar”. Sim, isso tudo em Pasárgada, Bandeira já disse. Eu acredito, de verdade verdadeira, que posso encontrar isso também em Jacundá.

E porque eu quero ir prá Jacundá só se a Dilma vencer? Por que não vou de qualquer modo se “lá serei amigo do rei e terei a mulher que quero na cama que escolherei”?

Simples! A Jacundá real vive de esperanças e um pouco, também, da Bolsa Família. Se Dilma não vencer, Jacundá, certamente, não perderá a Bolsa Família que já faz parte do seu cotidiano, mas verá pelos olhos das instituições democráticas, da imprensa livre, outro País bem diferente do de lá. Vencendo Dilma, vence Lula, vence o PT, vence o fisiológico PMDB e mais do que isso, triunfará sobre a verdade, a ilusão. E povo feliz é povo que não vê. Se não vê, basta somente ouvir tudo o que o mestre disser. Por isso, vou pra lá.

“E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada”, isto, é, pra Jacundá


Edson Pinto
Setembro de 2010

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos


Caros amigos:

A semana está por terminar e temos um feriado prolongado pela frente, 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Tempo suficiente para que as lambanças da Receita Federal com a quebra criminosa do sigilo fiscal de cidadãos de bem seja amenizada. Depois do feriado, os caras-de-pau de sempre continuarão fingindo que não sabiam de nada e ainda ameaçarão processar as vitimas. “E o sol da liberdade em raios fúlgidos brilhou no céu da pátria nesse instante...”

Escrevi nesta semana o texto VOU-ME EMBORA PRA JACUNDÁ. Tem tudo que ver com o Brasil verdadeiro, aquele omitido nas magníficas apresentações que levaram o Brasil a conquistar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Bom final de semana e bom feriado a todos!

“Ó pátria amada/Idolatrada/Salve,Salve!”

Edson Pinto