17 de jul. de 2010

129) CIÚME MOLUSCULAR

Pouca gente se deu conta de que o presidente Lula quebrou a programação e o protocolo ao se recusar de estar presente ao último jogo da Copa do Mundo acontecido no dia 11 de julho em Johanesburgo, África do Sul. Seria mais do que natural e politicamente correto que o nosso presidente, representando o Brasil, o país a sediar a próxima Copa, lá estivesse ao vivo. Na linguagem das relações internacionais tal funciona como rito da boa educação entre os povos. O presidente Jacob Zuma, simbolicamente, passaria o bastão para Lula como a dizer: Agora é com vocês!

Mas, isso não aconteceu e pelo visto ninguém sentiu a falta de Lula. Descortesia do nosso “polido” presidente para com os anfitriões sul-africanos e para com a alta direção da FIFA? Desilusão e desencanto pelo fato do nosso selecionado não ter chegado à final da Copa? Razões imperiosas como a visita que decidiu fazer ao nosso vice-presidente em sua enésima internação no Sírio Libanês? Cansaço pelas muitas viagens que tem feito, como ele mesmo disse? De tudo, certamente, um pouquinho. Mas, pelo que me falaram, o motivo real foi bem outro e isso merece ser comentado:

Imbuído do protagonismo internacional recentemente reforçado pelas ações no Irã e o decorrente confronto com o Conselho de Segurança da ONU bem como de todas as peripécias que vem encetando para se tornar um líder mundial, Lula, estrategicamente, recuou de cumprir a obrigação oficial do encerramento da Copa. Depois de consultar Marco Aurélio Top Top e embalado por umas canjebrinas danou-se a refletir:

__Como ficará meu prestígio ao me posicionar como personagem secundária ao lado da Rainha Sofia da Espanha e do Príncipe Willem Alexander da Holanda, estes, legitima e orgulhosamente, representando seus países vitoriosos na Copa?

__ Olharão para mim e pensarão: lá está o presidente perdedor e perder, como todo mundo muito bem sabe, não é comigo. Por isso, não devo me expor e além do mais (e aqui está o ponto principal da recusa de Lula) apareceu agora esse meu primo, molusco como eu, o tal do polvo Paul, que deu para acertar tudo. Isso me irrita e como não consigo ficar por baixo, melhor eu dar o fora.

__ O problema de organizar a Copa no Brasil já não será mais meu. Que Dilma ou Serra se virem. Eu só crio factóides, fazer não é mais comigo...

Nosso presidente está, em verdade, muito preocupado apenas com o rumo que certas coisas estão tomando. Acima de tudo, a história do polvo Paul que não lhe sai da cabeça. Nem a trapalhada tipicamente petista dos múltiplos e amalucados programas de governo registrados pela candidata Dilma, nem as consequencias das continuadas transgressões à lei eleitoral para benefício de sua candidata, nem qualquer outra coisa que se possa imaginar, tem lhe preocupado tanto. Para superar “esses outros probleminhas” ele conhece muito bem a fórmula correta: é só dizer, repetidas vezes, que não sabia de nada até o povão acreditar. Sempre deu certo, por que não daria certo novamente, raciocina Lula cada vez mais orgulhoso de si mesmo.

Mas, o Paul, o primo molusco que acerta tudo, continua a fustigar-lhe os miolos. Não consegue dormir só de pensar que apareceu um molusco mais esperto do que ele. Em frente ao espelho, por várias vezes, neste último final de semana, foi visto indagando nervosamente:

__ Espelho, espelho meu, existe algum molusco mais esperto do que eu?

Só perguntando ao próprio Paul, mas, por soberba, com isso Lula não concorda. E assim, tormentosa e deprimida passou-se a semana do presidente. Tem pela frente a batalha para evitar que Dilma continue perdendo pontos nas pesquisas, mas tem também que cuidar do seu próprio destino. Faltam só 4 meses para as eleições e em 5 meses ele deixar a presidência. Tornar-se-á o Secretário Geral da ONU? Conseguirá um mandato diretamente de Deus para dar um jeito neste mundo tão desarrumado como só ele, Lula, aqui na terra poderia fazer? Tudo é possível na mente de Lula.

__ Mas, e esse Paul que tudo acerta?

Ah, Lula já sabe como conviver com ele. Aguardem! Em breve trocará o próprio nome para Luiz Inácio Polvo da Silva, ou melhor, para fins das suas ambições internacionais, Luiz Inácio Octopus da Silva.

Estamos conversado!


Edson Pinto
Julho’ 2010

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos

Caros amigos:

Futebol e política sempre tiveram muito que ver um com o outro. Futebol movimenta as massas e dá projeção para políticos que sabem tirar proveito das vitórias. Nas derrotas, contudo, desconversam e se fingem de mortos. Seria verdade ou trata-se de excesso de malícia de minha parte?

Lula tinha programado tirar proveito integral da trajetória do selecionado brasileiro no rumo do hexa. Percalços, alguns previsíveis, outros inesperados, mudaram o seu plano e isso precisa ser registrado e - o quanto possível - analisado sob a ótica das vicissitudes momentâneas. Por isso, escrevi nesta semana CIÚME MOLUSCULAR.

Bom final de semana a todos!

Edson Pinto