9 de out. de 2011

183) JUSTIN & STEVE



Faz exatos quarenta e três dias que parte expressiva da família ficou ao redor do computador esperando que chegasse a meia-noite. Naquela 0h do dia 26 de agosto o objetivo era nobre: conseguir comprar pela Internet, e o quanto antes, o ingresso para a apresentação do neossóptilo do momento, Justin Bieber, que aconteceria hoje, 8/10, aqui em São Paulo.

Obviamente, o esforço familiar era para tornar feliz a minha netinha de 10 anos que como a maioria da garotada de sua faixa de idade passou a devotar extraordinária paixão pelo imberbe cantor canadense. Poderia chamá-lo de fenômeno midiático, ídolo teeneger ou ainda adjetivá-lo de forma contemporaneamente mais juvenil.

Prefiro, no entanto, associá-lo ao mais notável sinal do viço, do verdor e da exuberância que denota o maravilhoso fenômeno da continuidade da vida, o renascer. As folhas que fenecem no outono da vida, como sabemos, dão lugar às novas da primavera. Daí, perdoe-me o substantivo pouco usual, mas a penugem que significa início de vida (do grego ptílon) da ave recém-nascida (também do grego, neossós) sugere-me associá-lo a esta marca da aurora da temporalidade.

A existência alongada tende a ser chata na medida em que as experiências acumuladas nos tornam prisioneiros do conhecimento adquirido. Já vimos tantas coisas acontecerem que, salvo raras exceções, as novidades são insuficientes para juvenescer nosso ânimo. Marchamos cabisbaixos pelas sendas que levam ao fim da jornada sem perceber que por detrás de nós o mundo se renova continuamente. Para os que se encontram no seu prelúdio, tudo é motivador, tudo faz sentido, tudo flameja.

A trajetória humana seria uma lástima sem os elementos revitalizantes que brotam mesmo que alheios a nossa vontade. É como se tudo se renovasse a cada instante de forma continua, infinita. O que passou, passou. O novo vem para tocar a vida para a frente, sempre...

Por ironia do destino, justo agora o mundo perde o talentoso Steve Jobs, criador do computador do uso fácil com o qual compramos o ingresso para o show de Justin Bieber. É dele esta reflexão: "... a morte é provavelmente a maior invenção da vida. É o agente de transformação da vida. Ela elimina os antigos e abre caminho para os novos"

E os novos que são? São os que se colocam cheios de vigor e alegria no começo de uma nova jornada. É a netinha de 10, o Justin Bieber adolescente, a flor que brota de onde há pouco uma folha seca se desprendera, a ave recém-nascida ainda coberta por tênue penugem. O porvir, a esperança...

Cansada fisicamente pelas 12 horas que hoje dedicou ao evento, mas feliz por ter tornado o seu sonho realidade, minha netinha acaba de chegar aqui em casa enquanto eu, ainda me servindo dos ícones das interfaces legadas por Steve Jobs, escrevia este texto.

Só me restou perguntar-lhe:

__ E aí, como foi o show “my baby, baby”?

__ Boa noite!



Edson Pinto

Outubro’2011

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos

Caros amigos:

Nesta semana morreu Steve Jobs, o gênio da informática que com sua grande criatividade melhorou em muito a nossa vida.

Também na mesma semana, chegou ao Brasil para alegria de adolescentes o cantor-fenômeno, Justin Bieber.

Uma página que passa, outra que chega...

Não é por outra razão que refleti sobre o fundamento subjacente aos dois personagens. Leiam JUSTIN & STEVE

Bom domingo a todos!

Edson Pinto