22 de mai. de 2009

80) VIVANDEIRAS ALVOROÇADAS


“... São as vivandeiras alvoroçadas que vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar"
Atribui-se ao Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente do período militar, essa frase tão emblemática quanto vigorosa, tomado, evidentemente, as circunstâncias políticas da época.

Quando ele a pronunciou em histórico discurso ao Estado Maior do Exército, em agosto de 1964, quis metaforicamente chamar a atenção de seus pares para o fato de que vivandeiras, que o Aurélio nos define como sendo vendedoras de mantimentos que seguem a marcha das tropas para abordá-las nos bivaques, áreas de seu estacionamento, e aí tirar proveito das condições reinantes.

Felizmente, o regime militar já terminou há considerável tempo, mas as vivandeiras que, tal como as baratas que podem sobreviver até a hecatombes nucleares, ainda estão acompanhando o poder. Agora, não mais o militar, mas quaisquer outros que se estabeleçam, desde que deles se possam tirar proveitos egoísticos.

Lula fora, antes e no início de seu primeiro mandato, olimpicamente desdenhado pelas elites, termo, por sinal, que ele, Lula, adora mencionar, principalmente quando precedido da preposição “de” conjugado com o artigo no plural “as” naquela forma que agrada em cheio ao populacho: dazelites.

“Azelites”, portanto, são capazes de tudo até de apoiar um inconstitucional 3º mandado para Lula, a partir, simplesmente, do ainda prematuro desassossego provocado pela doença da candidata do planalto, Dilma Rousseff. A ministra, mal tendo começado o tratamento médico que, como tudo indica, será coroado de êxito, já, tristonha, vislumbra das janelas do Palácio a chegada das vivandeiras que articularão extravagâncias, de forma alvoroçada, com os granadeiros que se refestelam nos bivaques de Brasília.

Não vem ao caso discutir se Lula fez um bom governo ou não. O importante é que a tentação do continuísmo não venha a nos conduzir pelos mesmos maus caminhos trilhados pela nova safra de ditadorzinhos que surge com grande ímpeto na América Latina de nossos dias. Todos nós sabemos muito bem quem eles são...

A alternância de governo é benéfica sob todos os aspectos que se queira considerar. A máxima popular de que “em time que está ganhando não se deve mexer” não se aplica adequadamente à política. Nada pior para um país do que um longo período sob o comando de uma mesma turma.

A História está repleta de exemplos de que isso é verdade. Para não ser longo, mirem-nos nos exemplo de Cuba, no Franquismo, no Salazarismo, nas monarquias absolutistas de passado, no Peronismo e até mesmo no nosso militarismo de duas décadas. Começam bem, depois se degradam...

Até dois mandados de 4 anos cada, como temos, parece ser a fórmula ideal. Não devemos mexer nisso.

Edson Pinto
Maio’2009

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