8 de jul. de 2009

87) DA LIBERDADE...


Poucas palavras entre as dezenas de milhares em quaisquer que sejam os idiomas são tão fortes em significado quanto Sua Alteza Real, o substantivo feminino “liberdade”. Embora nem todos saibam bem explicar a grandiosidade e extensão de sua abrangência, sabem, contudo, a falta que ela faz quando vem a ser cerceada, agredida ou no extremo, suprimida.

A história da humanidade é feita de lutas pela liberdade. Vitórias e retrocessos. Mais aquelas do que estes têm sido ao longo dos tempos a motivação maior da trajetória da nossa raça. Não fosse pelo amor a ela, o mundo teria se estagnado e provavelmente muito pouco teríamos avançado além do fato de termos descido das árvores nos separando em definitivo de nossa origem primata.

Nem guerras, nem povos escravizados, nem catástrofes absurdas e muito menos tragédias tipicamente humanas com o Holocausto foram suficientes, até então, para deter o ímpeto de cada ser pela liberdade. Filósofos de todas as épocas, origens e linhas de pensamentos sempre viram a liberdade pelo lado da recusa do homem em se sentir submisso, servil e sim, positivamente, reconhecendo sua necessidade por autonomia para agir, responsavelmente, conforme sua vontade e instintos. Para Kant, ser livre é ser autônomo, assim como para Spinoza, ser livre é deixar-se seguir conforme sua própria natureza.

E a liberdade levou o homem a descobrir novas terras e habitá-las. A liberdade de investigar os mistérios da natureza o levou a descobrir as maravilhas que o Criador caprichosamente ocultou na forma de partículas minúsculas como os átomos e seus elétrons. Esses, uma vez descobertos e bem compreendidos nos deram luz, calor e a energia movedoras de tudo, inclusive deste computador que dele ora me sirvo para divagar na busca da sensatez fugaz, produto casual da divagação dos loucos.

A liberdade de investigar levou o homem ao espaço para ampliar seu conhecimento do Universo e ao fundo do mar para melhor compreender a formação de nosso planeta e a conhecer outros seres que nele habitam. Ao penetrar, com liberdade, nas entranhas do corpo humano encontrou formas de reparar os males causados pelas doenças e o modo de mitigar nossas dores. Com liberdade inventou os meios de transporte e comunicação que aproximam as pessoas, matam saudades e unem corações. Tudo, tudo, só porque o homem contou com a liberdade.

E aí tudo vinha muito bem até que esse mesmo homem, deslumbrado com o progresso e no exercício pleno de sua liberdade de criar sofre uma recaída sem precedentes e inventa o telefone celular. Com isso, nos remete de volta aos galhos das árvores de onde nunca saíram - por falta de liberdade - os ancestrais de nosso momento inaugural.

Edson Pinto
Julho’09

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