12 de ago. de 2009

92) OH TEMPORA! OH MORES!

__ Excelência, permita-me um aparte?

__ Pois não, nobre senador, as suas intervenções sempre engrandecem o já elevado nível do debate travado nesta egrégia casa de leis.

__ Muitíssimo grato senador, eu pedi a palavra apenas para dizer que Vossa Excelência não passa de um cangaceiro de merda.

__ Nobre colega, muito me lisonjeia ouvir de sua própria voz tão augusta referência à minha pessoa, razão pela qual retribuo o elogio dizendo que o senhor é a prova viva de que as meretrizes do velho bordel de quinta categoria deixaram crias espúrias neste mundo.

Debates desse naipe estão se tornando uma rotina na nossa câmara alta, a casa que reúne senadores em igual número de todos os estados brasileiros para preservar – pelo menos era o que se imaginava – o famoso pacto federativo.

Nesta mesma casa discursaram no passado grandes patriotas, oradores da fina flor da intelectualidade brasileira, lideres verdadeiros que enchiam de orgulho a alma nacional. Embora sejamos um país jovem, com uma república mais jovem ainda, só proclamada em 1889, tivemos Rui Barbosa, Afonso Arinos, Santiago Dantas, Gustavo Capanema, Teotônio Vilela, Tancredo Neves e Ulisses Guimarães, entre outros, que honraram a Instituição e enriqueceram a vida pública do país.

Agora – valha-nos Deus – temos Wellington Salgado, MG, aquele cabeludo desengonçado tanto física como mentalmente. Temos, ainda, Almeida Lima, SE, se não total, certamente, um quase-idiota. Temos o despudorado Fernando Collor, AL, saído pelos atos desonestos praticados enquanto presidente da República, mas voltando com cara de que nada lhe acontecera no passado e – pasmem - mais arrogante do que nunca. Não nos esqueçamos da destrambelhada Ideli Salvatti, SC, do infiel Renan Calheiros, AL, do nefelibata, embora boa alma e frustrado cantor, Eduardo Suplicy, SP e tantos outros que, metaforicamente, substituíram a cúpula circular de concreto projetada pelo grande Oscar Niemeyer pela famosa lona desmontável que encobre espetáculos de acrobacia, domadores e palhaços que divertem públicos de todas as idades.

Claro que há exceções: Jarbas Vasconcelos, PE, Pedro Simon, RS, Cristovam Buarque, DF e alguns poucos outros que por mais que queiram não conseguem se livrar da mediocridade contaminante do Senado Federal da presente legislatura.

A constância das crises na nossa câmara alta da República, ora com Jáder Barbalho, ora Renan Calheiros e três vezes com Sarney, só para citar casos mais recentes, mostram que as maçãs podres infetam as boas e nunca o contrário. O Senado, bem como o Congresso como um todo, continuam sendo piores do que o país que deveriam representar.

Além de medíocre e inútil, o nosso Senado custa quase 3 bilhões de reais por ano de nossos impostos, quase tudo para pagar mais de 10.000 funcionários que fingem trabalhar, ou são simplesmente fantasmas e mamam nas tetas prodigas do erário público. Enquanto isso, o povão se mata no sol a sol de cada dia para pagar impostos e custear gastos que seriam da responsabilidade do governo como escola, segurança e saúde.

O debate está, pois, novamente no ar: Será que justifica mantermos uma Instituição tão onerosa que mais atrapalha do que ajuda? Será que a Câmara dos Deputados – Instituição igualmente custosa – não poderia absorver as funções constitucionais atribuídas ao Senado simplificando assim a vida política nacional?

Dez entre dez brasileiros de bom-senso dirão que sim. O único obstáculo para que isso se torne realidade é o fato de que são exatamente os interessados na manutenção do “status quo” que precisariam tomar tal iniciativa.

Eu, infelizmente, não acredito que terei tempo de ver isso acontecer...


Edson Pinto
Agosto’2009

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