15 de jul. de 2011

173) SERÁ O BENEDITO?


Quem conhece um pouco da história política do Brasil já deve ter ouvido falar em Benedito Valadares. Político mineiro que governou o estado por mais tempo, 12 anos, de 1933 a 1945. A ele prestaram grandes homenagens, incluindo a de darem o seu nome à próspera cidade de Governador Valadares.

Inicialmente obscuro político da provinciana cidade de Pará de Minas, surpreendeu ao povo mineiro quando ainda pouco conhecido deputado federal, em primeiro mandato, foi nomeado por Getúlio Vargas, em 1933, para substituir Olegário Maciel recém-falecido governador do Estado. Primeiro, como Interventor, coisas da Era Vargas, em seguida como governador eleito pela Assembleia Legislativa.

Getúlio teria justificado a escolha do desconhecido Benedito Valadares com esta simplicidade pampeira: “Todos tinham candidatos, só eu não. Então escolhi este rapaz tranquilo e modesto que me procurou antes...” Foi a partir daí que o perplexo povo mineiro começou a se perguntar toda vez que algo inesperado acontecia ou ainda acontece: “Será o Benedito?”

O fato importante é que Benedito Valadares revelou-se um político matreiro, astuto e grande articulador que sobreviveu incólume até mesmo ao irrompido Estado Novo. Os Estados da Federação ganharam interventores, ele, porém, permaneceu governador. E de tão influente sobre Vargas, foi o responsável pela indicação de Adhemar de Barros para governar São Paulo. Catapultou ainda as carreiras políticas de Juscelino Kubitschek e de Tancredo Neves, ambos, presidentes mais adiante.

A sua esperteza rendeu-lhe a alcunha de “Raposa Política” a quem, mesmo sem comprovação, a ele atribui-se frases e feitos que incorporaram ao folclore político mineiro, como: “Estou rouco de tanto ouvir”. Dizia ter aprendido a ouvir, mais do que falar, quando ainda menino observava um leilão na praça de sua cidade. “Quem dá mais pelo passarinho?” perguntava o leiloeiro. Logo alguém dava um lance, em seguida outro e assim sucessivamente. Achou a brincadeira interessante e meteu-se a dar o seu lance sem ter um centavo no bolso, apenas para aparecer. Por essas coisas do destino, o leiloeiro arrematou: “Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, o passarinho é seu meu filho!” Nunca mais falou mais do que ouviu...

Lula não aprendeu nada com Benedito Valadares, pois falou e ainda fala mais do que ouve. Neste episódio todo das obras da Copa do Mundo, para não falar também das Olimpíadas, foi Lula que ao estilo do Benedito menino, quis entrar na brincadeira do leilão para a Copa. Empenhou-se como nunca antes na história do País a prometer que o Brasil faria isso, faria aquilo para termos a melhor Copa do Mundo das tantas que já aconteceram mundo afora. Deu o lance e deixou a conta para a sua sucessora, Dilma Rousseff. Agora vêm os governos tanto o federal como os estaduais dizendo que não colocarão nenhum centavo na construção dos estádios, pois isso é coisa da iniciativa privada.

Aí fica a pergunta que não quer calar: Se os governos não tinham intenção de colocar dinheiro, por que Lula e seus acólitos governadores dos estados sedes acorreram vorazmente ao processo de escolha do país anfitrião? Será que foi só para aparecerem como o menino Benedito, lá na praça de sua cidade natal, quis aparecer no leilão do passarinho, imaginando que ficaria apenas com o brilho de ter dado um lance, mas sem a real pretensão de vencê-lo?

Existiu outro político não tão Raposa como Benedito Valadares, mas que usou bastante o recurso de criar factóides. Trata-se do ex-governador do Rio de Janeiro, César Maia, que se habituou a criar pseudo-fatos para se manter em evidência na mídia. Os fatos anunciados nunca aconteciam, mas a sua exposição pessoal era garantida. Lula sempre teve consciência disso, o que nunca quis considerar é que mais cedo ou mais tarde a verdade prevalece. Por ser imediatista e prático, o futuro normalmente não é incorporado em seu processo decisório.

Agora estamos todos com o abacaxi da Copa do Mundo para ser descascado. Não sei não, mas, ou nos surpreenderemos ainda com a nunca revelada capacidade criativa realizadora do gênio nacional, ou seremos forçados a continuar nos perguntando cada vez que uma nova encrenca do plano da Copa do Mundo nos aponta para o provável fracasso do projeto Lula. Se vier uma solução satisfatória só nos restará expressar:

Será o Benedito?

Edson Pinto
Julho’ 2011

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos


Caros amigos:

A parcela do ministério de Dona Dilma que tem o DNA de Lula começa a se decompor mais rápido do que imaginávamos.

A demissão do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, tem tudo a ver com os lances mal pensados de Lula na aventura da Copa do Mundo e que agora a presidente tem o encargo de honrar.

Busquei em uma figura histórica e folclórica da política brasileira o ponto de partida para a análise desse imbróglio. Ainda não temos estádios, não temos estradas seguras, não temos aeroportos, nem rede hoteleira decente, nem meios de transporte urbanos e pelo que temos visto agora na Copa América, nem time.

Bom final de semana a todos!

Edson Pinto