13 de ago. de 2011

176) SEMANA RUÇA, MONTANHA RUSSA

 A semana que acaba desenrolou-se frenética, ruça. Também, quem imaginou pudesse ser diferente? Já no topo da montanha russa, nos instantes que precedem ao grande mergulho, a adrenalina acelera o coração, a pressão arterial sobe aos píncaros e os brônquios se dilatam a não mais poder. Chegado ao fundo, nova subida, chacoalhante e marcada por suspiros recuperadores até que o novo topo prenuncie mais emoções. Haja coragem!

Assim tem sido essas últimas semanas de tantas incertezas econômicas e políticas aqui e alhures: Obama consegue se safar na undécima hora com a elevação do endividamento da até então mais confiável economia de todas, mas o mundo reage com os problemas disto decorrentes. A adrenalina volta pulsante, os ânimos se acirram, o bloco europeu sacoleja e riquezas virtuais se derretem no sobe e desce das bolsas mundo afora. Já quebraram a Grécia, a Irlanda e Portugal. Quebrarão a França, a Itália e a Espanha? E as economias em desenvolvimento, como a nossa, passarão incólumes ou não há como deixar de serem respingadas pela carnificina da economia global? No meio, de novo, o Brasil. Outra marolinha ou o que se nos apresenta é o refluxo típico das ondas que antecedem os tsunamis?

No universo de Brasília, a já chamada “espanada nos ministérios” joga algum alento àqueles que acreditam haver uma forma de vermos os cofres públicos saqueados com mais decência e não da forma descarada que se tornou o padrão da original Esplanada. A base aliada - esta figura exótica e de propósitos escusos - treme, porque a “espanada” tende a chegar a mais gente, com grande probabilidade, a quase toda. A nação da mais elevada carga tributária, da mais exorbitante taxa de juros, dos elevados índices de corrupção e de outras mazelas sacode o seu pó, mas não o aspira. A casa continua suja e a culpa é do espanador...

E à base? Ah! À base só resta a ameaça de obstruir os projetos do governo choramingando por quanto seus pleitos não estão sendo saciados. Que pleitos legítimos defendem? São, por certo, os cargos na miríade de ministérios com o poder de receber, cada qual, uma cópia da chave das burras do erário público. De lá tiraram, tiram e certamente tirarão, de forma impiedosa, para os partidos, para os padrinhos e para si mesmos o que o Leviatã tirou do povo sacrificado por uma das maiores cargas tributárias do mundo.

Mais adrenalina ainda porque quem foi preso era do partido A ou do partido B e, como que traídos, se sentem desprestigiados pela presidente que preza mais a honestidade que a rapinagem. Será que Dona Dilma consegue segurar essa barra?

De Jacundá, onde 96% da população não têm acesso à rede de esgoto, porém, nenhum sinal de desespero. Quem não tem água tratada, nem luz elétrica para substituir a lamparina, nem feijão suficiente na panela e nem consciência do que acontece, não há como perceber a existência de tanta gente importante momentaneamente tão estressada. Que importa esse frenesi das bolsas e esses engravatados que levam milhões da Republica já em avançado estado de putrefação de costumes? E la nave va!

Há semanas que têm razão para serem recordadas. A famosa semana de fevereiro de 1922 rompeu com o passado e nos levou ao modernismo. As que ocorrem nestes tempos em que vivemos nos rompem com a pasmaceira, mas nos embarcam, ruçamente, na montanha russa de sistemas econômicos perversos.

Que a próxima já nos seja melhor!

Edson Pinto
Agosto’2011

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos


Caros amigos:

Há semanas e semanas. Falo, ao final desta, do que ela nos trouxe de emoção.

Não sei o quanto meus amigos andam acompanhando esse “revival” de crises econômicas e políticas que nos atormentam diuturnamente.

Infelizmente, melhor seria mudar para Jacundá. Lá, os problemas não importam porque simplesmente não existem...

A semana prestes a findar esteve ruça. Vejam se concordam com minha crônica SEMANA RUÇA, MONTANHA RUSSA.

Já que a semana, ao eu parece não foi boa, que tenham todos, pelo menos, um bom final dela!

Edson Pinto