19 de ago. de 2011

177) O LEGADO QUE VALE A PENA


Vez por outra, conceitos ou até mesmo palavras entram na moda. E moda, como nos sugere o uso rotineiro do termo é coisa passageira. Chega quando menos se espera, conquista os adesistas clássicos dos primeiros momentos, os chamados inovadores, e logo se espalha por um universo mais amplo até chegar o momento em que cai em desuso.

Neste tema recorrente da Copa do Mundo que acontecerá aqui no Brasil em 2014, o termo “legado” virou moda. Primeiro o que dizem os dicionários sobre este substantivo masculino: herança, disposição feita em testamento em benefício de alguém, entre outras. No sentido que tem sido aplicado na questão da Copa do Mundo quer se referir aos investimentos em infra-estrutura urbana e social a serem feitos no País por exigência do caderno de encargos da FIFA e que permanecerão para benefício de todos os brasileiros quando terminado o evento.

Nada mais simples de ser entendido: Qualquer cidadão pode compreender bem isto quando compara o que acontece na sua própria casa. Em função de um evento familiar importante como, por exemplo, o casamento de um de seus membros, a casa é reformada, pintada, móveis novos são comprados para que os parentes que virão de longe e que lá se hospedarão tenham uma boa impressão e sejam bem recebidos. Passado o casamento, a casa ainda bonita fica, por um bom tempo, servindo à família. Isto é legado.

Levando-se em conta tal enfoque, só os “desmancha-prazeres” inatos seriam capazes de apor restrições à realização das obras que ficarão como legado. Obviamente, não lhes tiro a razão do temor legitimo e justificado que também tenho quanto ao exagerado custos das obras e ao desvio do dinheiro público devido à endêmica corrupção e desmandos daqueles que deveriam bem zelar pelo erário da pátria, mas não o fazem. Neste particular é que vejo a oportunidade de contarmos com um legado maior do que simplesmente as obras físicas em aeroportos, sistemas de transportes urbanos mais confortáveis e ágeis, estádios decentes que atraiam famílias por que terão estacionamentos sem flanelinhas, banheiros limpos, assentos confortáveis e segurança. Teremos ainda uma rede hoteleira mais ampla, novas soluções para o combate à violência, visibilidade mundial e outros tantos benefícios que surgem na esteira da efeméride.

O legado que poderíamos conquistar seria a moralidade no trato da coisa pública. Vejo com bons olhos a limpeza que a presidente Dilma vem comandando no seu ministério. Já foram, por motivos diversos, quatro defenestrados, algumas dezenas de barnabés de comportamentos escusos e tem potencial de irem muitos outros. Tudo isso acontecendo no momento em que se discutem as obras da Copa. Vejo aqui a oportunidade ímpar para darmos apoio à faxina que ora acontece. Não devemos ficar indiferentes ao visível desconforto que a turma do mal, do Congresso, por sinal a maioria, já começa a manifestar contra a limpeza na malandragem de partidos e seus agentes arrecadadores infiltrados na máquina pública.

Se em função desse apreço do brasileiro para com o futebol soubermos tirar proveito da nova moralidade em curso, já com boa parte dos corruptos sendo expurgada pelas espanadas da presidente Dilma, ai teremos a possibilidade de sonharmos com o legado que valerá a pena conservar no pós-copa. Afinal, não é só de Copa do Mundo e de Olimpíadas que vivemos. O País todo está para ser construído. Se for sem corrupção, tanto melhor!

Edson Pinto
Agosto’2011

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos


Caros amigos:

Enquanto preparo este e-mail, assisto o repórter da Globo mostrando as condições sub-humanas em que vivem os desabrigados pelas inundações do ano passado em Alagoas.

São mais de 8 mil pessoas morando em acampamentos improvisados enquanto as “casinhas” não ficam prontas.

Um campo de refugiados de guerras desses que se vê na África e em outros lugares miseráveis do mundo normalmente apresentam condições melhores.

O governo deve ter liberado verbas suficientes para promover a reconstrução, tal qual aconteceu com as enchentes das serras fluminenses. Mas, onde está o dinheiro? Sumiu como somem as verbas dos ministérios do Turismo e dos Transportes.

Está, portanto, na hora de aproveitarmos a faxina da Dona Dilma para termos esperança de um legado melhor.

Vejam se concordam com minha crônica O LEGADO QUE VALE A PENA.

Bom final de semana a todos!

Edson Pinto