Nossos corpos são nossos jardins, nossas
vontades são nossos jardineiros. (William Shakespeare)
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Meus amigos mais próximos sabem
que cultivo, há anos, o hábito de caminhadas regulares. Enquanto caminho, penso
na vida, vejo jardins alheios, perscruto novos pássaros que me cruzam a senda,
e me ligo em um "podcast", recurso moderno em favor da velha
sabedoria de que neurônios precisam manter-se ativos. Assim, uno o útil ao
agradável...
Contudo, Ivo, o caseiro de quase
duas décadas, saiu de férias. Ordenei, então, a mim mesmo: Vou cuidar pessoalmente
do jardim! Substituo as minhas caminhadas pela jardinagem. Exercício garantido
para o corpo e para a alma! Dito e feito:
No primeiro dia, confesso, doeram-me
um pouco as costas e suei bastante. No segundo, lamúrias vieram dos músculos das
pernas agora mais usados na faina de agachar para coletar folhas e arrancar as
ervas daninhas. No terceiro e seguintes, comecei a sentir um prazer inenarrável:
À medida que via o resultado do meu trabalho e os músculos cessaram seus
queixumes tudo me pareceu perfeito. Ver o gramado limpo, viçoso, as flores
resplandecentes me deu orgulho, ânimo e vontade de continuar. Acho que vou me
tornar um jardineiro...
A cabeça a mil me leva a memória
de Justin Quayle, o personagem de John Le Carré do livro O Jardineiro Fiel, em
que o diplomata britânico era apaixonado pela jardinagem. Lembrei-me igualmente
de Pu Yi, o último imperador da China, que ao abdicar-se do trono tornou-se jardineiro.
De Camões, que, em Os Lusíadas, dedica impressionantes versos às advertências
que fizera o velho do restelo. Mas lembrei-me também do meu amigo Raul Canovas
que não só concebeu o jardim de minha casa como me deu, há anos, lições de
jardinagem que, infelizmente e por tanto tempo deixei de pôr em prática. Como
terapia ocupacional – salvo melhor juízo – poucas coisas se mostram mais
eficientes do que a jardinagem. Imaginei as turmas do Mensalão, do Petrolão e de tantos outros "ãos" rastelando e refletindo...
Enquanto jardino, impossível também
não ver semelhança com a vida do país em que vivemos: Não se consegue um jardim,
ou mesmo um país bonito se não lhes tiramos as ervas daninhas que malversam o
alimento e o espaço das plantas e pessoas de bem; se não lhe podamos os galhos
secos, inúteis que roubam a seiva vital da Nação e impedem que os ramos novos
brotem e cresçam; se não lhe aguamos na medida certa para que as folhas cresçam
verdes e as flores surjam multicoloridas honrando a natureza bela e pródiga que
Deus deu a nós brasileiros. Há também o rastelar permanente do gramado que nos
dá a exata ideia do que foi este ano de 2015 que ora se esvai e o que serão os
próximos para o nosso querido Brasil.
Precisamos ter em mente que o
rastelo metafórico deve estar sempre às mãos de cada um de nós. É com ele que
afastaremos as folhas secas, os galhos decaídos e revolveremos aquilo que
impede que o "Brasil-Jardim" fique bonito. Um país bonito é,
portanto, um país permanentemente bem cuidado. Vamos fazer de 2016 o ano da
virada! Bom Natal e um 2016 rigorosamente rastelado!
Edson Pinto
Dezembro’2015
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos (as):
Estou voltando esporadicamente ao meu blog apenas para deixar a minha mensagem de Feliz Natal e votos de que tenhamos, todos, um Ano Novo melhor do que nos foi o que ora se finda.
Escrevi este texto RASTELANDO O BRASIL PARA UM FELIZ 2016 que já se encontra aqui publicado, para, com ele, desejar a todos vocês Boas Festas e votos de que sejamos, todos, muito felizes junto aos nossos entes queridos e com esperanças de um Brasil melhor!
Edson Pinto
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