9 de ago. de 2008

38) POR QUE VOCÊ NÃO TELEFONOU? (agosto'08)


__ Jorge, por que você não telefonou?

__ Precisava?

__ Não, claro, bobagem minha...

__ Então por que você me faz essa pergunta, Teka? Até parece uma cobrança...

__ Você tem toda a razão Jorge. Eu não devia ter me manifestado sobre a falta que senti do seu telefona. Apesar de ter total consciência de que você está sempre muito ocupado com infindos afazeres, problemas no trabalho, o trânsito e tantas outras coisas que te ocupam todo o tempo - confesso – bobeei e assim deixei-me dominar pelo egoísmo de merecer uma ligação sua. Vacilei, de fato, Jorge. No fundo, no fundo, eu queria mesmo era só ouvir a sua voz. Não acrescentaria nada para você, sei disto. Desculpe-me!

__ Espera aí Teka, vamos racionalmente esclarecer esse ponto. Você sabe como sou objetivo e como gosto de tratar com responsabilidade os problemas que me acorrem no dia-a-dia. Sei que está tudo bem com você, com as crianças e com a casa. Por que então eu deveria fazer uma ligação? Só para dizer alô querida, tudo bem e aí voltar para os meus problemas do escritório? Você não acha melhor eu dedicar todo o meu esforço para vencer as dificuldades materiais da minha luta diária e só falarmos à noite quando volto para casa, ou no final de semana depois da volta do futebol com a turma? Você é feliz, não nos falta nada, não é?

__ De novo Jorge, você tem toda a razão. Esse ingênuo e inexplicável sentimento guardado em meu peito desde que o conheci parece ser o que me leva a ter desejos tão egoístas como esse de querer simplesmente te ouvir. Pode ser afeição em excesso, uma carência, uma emoção que domina minha alma, uma tristeza momentânea, um pressentimento, sei lá...

__ Francamente, eu não consigo explicar, Jorge. Acontece e pronto... Sabe: eu sou uma romântica fora de moda, daquelas que ainda acreditam que ao serem envolvidas pelas asas do amor devem entregar-se plena e incondicionalmente, mesmo ferindo-se na espada escondida em sua plumagem. “Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis...” como nos falou Khalil Gibran ao discorrer sobre o amor.

__ Oh meu Deus! Vacilei de novo, Jorge, e acabei falando mais com a alma do que com a razão. Sem querer falei de amor... Eu não queria aborrecê-lo, desculpe-me de novo, meu amor...


Edson Pinto
09/08/08

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