19 de ago. de 2008

40) A MÃO DE DEUS (agosto'08)

 Este texto foi escrito para corroborar a admiração que meu amigo Manuel Jorge, Manú, poeta, expressou por esta foto que, pelas mãos de Deus, chegou até ele.
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Oscar, o arquiteto, lança seu olhar lógico sobre o casario rude da viela centenária e admira-se com a obra que gente tão simples houvera concebido. Não tem betume, mas o pavimento tosco absorve a água, previne a erosão, guarda umidade e temperatura em doses exatas; e mais, aproveita com harmonia a abundância de fragmentos insossos da rochosa montanha, sem degradar, como convém aos homens de virtudes. Só pode ter a mão de Deus, exclama...

Cândido, o artista, vê no contorno levemente sinuoso da vereda que embica em direção à capelinha a costear a jazida vermelha de ferro e no amálgama das cores cruas, docemente contrastantes, inspiração das mais profundas: Imagina redivivos, Rembrandt, Matisse, Van Gogh e outros mestres das telas para aqui enriquecerem o tesouro das artes. Só pode ter, exclama também, a ajuda da mão de Deus...

Bento, o pastor de almas, olha para o céu azul e enleva, a não mais poder, preces sinceras agradecendo ao Supremo pelo dom da vida. Reforça seu recorrente desejo de paz, união dos homens, bondade e amor. Está, neste cenário, exclama com alma pungente, a ajuda da mão de Deus...

Manú, o poeta de alma sensível, emerge - como ele mesmo disse - do recôndito de seu ser para lançar olhar amoroso sobre a beldade de vestido de chita que com divina sensualidade estica os braços aos céus. Sente envolvida a própria alma e a voz que ecoa no vazio de si mesmo para em seguida despertar-lhe a consciência abstrata de seu nada absoluto. Tem, também, a certeza da mão de Deus...

Mas o suspiro que de súbito sufoca o grito do poeta é só dele e de mais ninguém...

Edson Pinto
postado em 19/08/08

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