Nunca, como agora, tenho me lembrado tanto do nome histórico de Jules Henri Fayol, francês, que, com méritos, foi considerado o fundador da Teoria Clássica da Administração. Mesmo para os que não tenham estudado a matéria Administração na faculdade, certamente já ouviram falar de Fayol. Entre tantas importantes contribuições para o conhecimento do moderno enfoque administrativo, demonstrou enorme sapiência ao definir com primorosa objetividade a função básica do Administrador ou, como mais popularmente se denomina: Gerente. Em 1916, Fayol publicou na França a sua grande obra, Administração Industrial e Geral. Anos mais tarde, seu livro e decorrente teoria ganharam o mundo. A forma de gerir as organizações nunca mais seria a mesma.
Os verbos planejar, organizar, dirigir, controlar e coordenar têm sido o mantra da boa gestão. Quando bem aplicados no contexto das funções gerencias levam as empresas, a administração pública e as organizações de todas as ordens ao sucesso. Tornou-se tão fundamental para a otimização de quaisquer empreendimentos que proliferam cursos superiores e até mesmo em nível de pós-graduação específicos para a área administrativa. Esses cursos, associados à prática dos princípios administrativos modernos, formam os gerentes de que o mundo necessita para funcionar bem, com presteza e ao custo mais baixo aceitável.
No Brasil, e isso já é uma característica de nossa cultura, nem tudo que é bom e essencial consegue manter-se ativo. A maioria das organizações, é claro, sabem da importância de planejar, organizar, dirigir, controlar e coordenar. Seus gerentes fazem isso, em geral, muito bem. Mas, infelizmente, há setores da vida nacional que parecem ter dado sumiço na figura do gerente tal qual - como exemplo - andam, por aí, sumindo com moçoilas que se envolvem com jogadores de futebol.
__ Onde está o gerente que planeja, organiza, dirigi, controla e principalmente coordena?
Na gestão da coisa pública tem-se a impressão de que os gerentes já foram assassinados, esquartejados e suas partes jogadas aos “rottweileirs” que habitam o canil da burocracia estatal: Vejamos algumas situações:
(1) Passando pela marginal do Rio Pinheiros, proximidades da raia olímpica da USP, como faço 3 vezes por semana, vejo que o mato cresce ao lado das pistas, os bueiros estão entupidos, as faixas mal pintadas, os postes com suas fiações mal dispostas, inclinados e sujos, sem contar o desagradável odor que emana do rio podre. Onde está o gerente dessa importante via pública?
(2) Os aeroportos já não cabem mais gente, pois foram projetados erroneamente para capacidades muito inferiores à demanda atual. Não tem gerente?
(3) Salvo as poucas e boas estradas já privatizadas, todas as demais Brasil afora são precárias em quaisquer quesitos que se queira analisar. E os gerentes desse importante item da infra-estrutura econômica do País, sumiram?
(4) Falar de hospitais públicos, do desempenho das escolas e outros serviços essenciais à vida da população, nem é preciso. Lamentavelmente, não funcionam a contento. Não têm gerentes!
A máquina pública, como sabido, está abarrotada de gente em todos os escalões de sua estrutura, inclusive com muitos gerentes. Há de se deplorar, contudo, que muitos deles ou não vão ao trabalho ou simplesmente acomodam-se nos gabinetes e odeiam sair a campo onde os serviços públicos são requeridos.
No Brasil, a Administração Pública consegue inverter uma das lógicas da teoria clássica de Fayol. Este nos ensinou que a estrutura organizacional típica tem o formato de uma pirâmide. Mais gente na base metendo a mão na massa para que as coisas aconteçam e menos gente acima fazendo o necessário gerenciamento com base nos 5 verbos para que tudo saia da melhor forma e pelo menor custo possível.
O que ocorre, contudo, é que os gabinetes da Administração Pública Brasileira andam superlotados de gerentes, secretárias, motoristas, "aspones", mordomos servidores de cafezinho, ascensoristas entre outros, enquanto nas estradas, nos plantões dos hospitais, nas classes de aulas das escolas e onde quer que as coisas devam acontecer, só se vê gatos pingados a servirem aos objetivos das respectivas instituições. A pirâmide está, definitivamente, de cabeça para baixo e nós os cidadãos que pagamos quase 40% do PIB em impostos continuamos com nossas cabeças quentes e sem esperanças.
Assassinaram, sim, os gerentes com políticas que lhes deram status e remuneração dignos, mas sem fazê-los gerenciar com os cinco verbos fundamentais da administração moderna: planejar, organizar, dirigir, controlar e coordenar.
Se Fayol estiver me ouvindo peço-lhe socorro, pois a coisa anda preta em matéria de administração aqui neste país que quer ser do primeiro mundo; quer liderar outras nações; quer organizar a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e mostra irrequieta disposição de fazer qualquer bizarrice que lhe dê prestígio internacional.
Socorro Fayol! Salve nossos gerentes da inoperância! Salve a nossa administração pública e proteja o povo brasileiro!
Edson Pinto
Julho’ 2010
Os verbos planejar, organizar, dirigir, controlar e coordenar têm sido o mantra da boa gestão. Quando bem aplicados no contexto das funções gerencias levam as empresas, a administração pública e as organizações de todas as ordens ao sucesso. Tornou-se tão fundamental para a otimização de quaisquer empreendimentos que proliferam cursos superiores e até mesmo em nível de pós-graduação específicos para a área administrativa. Esses cursos, associados à prática dos princípios administrativos modernos, formam os gerentes de que o mundo necessita para funcionar bem, com presteza e ao custo mais baixo aceitável.
No Brasil, e isso já é uma característica de nossa cultura, nem tudo que é bom e essencial consegue manter-se ativo. A maioria das organizações, é claro, sabem da importância de planejar, organizar, dirigir, controlar e coordenar. Seus gerentes fazem isso, em geral, muito bem. Mas, infelizmente, há setores da vida nacional que parecem ter dado sumiço na figura do gerente tal qual - como exemplo - andam, por aí, sumindo com moçoilas que se envolvem com jogadores de futebol.
__ Onde está o gerente que planeja, organiza, dirigi, controla e principalmente coordena?
Na gestão da coisa pública tem-se a impressão de que os gerentes já foram assassinados, esquartejados e suas partes jogadas aos “rottweileirs” que habitam o canil da burocracia estatal: Vejamos algumas situações:
(1) Passando pela marginal do Rio Pinheiros, proximidades da raia olímpica da USP, como faço 3 vezes por semana, vejo que o mato cresce ao lado das pistas, os bueiros estão entupidos, as faixas mal pintadas, os postes com suas fiações mal dispostas, inclinados e sujos, sem contar o desagradável odor que emana do rio podre. Onde está o gerente dessa importante via pública?
(2) Os aeroportos já não cabem mais gente, pois foram projetados erroneamente para capacidades muito inferiores à demanda atual. Não tem gerente?
(3) Salvo as poucas e boas estradas já privatizadas, todas as demais Brasil afora são precárias em quaisquer quesitos que se queira analisar. E os gerentes desse importante item da infra-estrutura econômica do País, sumiram?
(4) Falar de hospitais públicos, do desempenho das escolas e outros serviços essenciais à vida da população, nem é preciso. Lamentavelmente, não funcionam a contento. Não têm gerentes!
A máquina pública, como sabido, está abarrotada de gente em todos os escalões de sua estrutura, inclusive com muitos gerentes. Há de se deplorar, contudo, que muitos deles ou não vão ao trabalho ou simplesmente acomodam-se nos gabinetes e odeiam sair a campo onde os serviços públicos são requeridos.
No Brasil, a Administração Pública consegue inverter uma das lógicas da teoria clássica de Fayol. Este nos ensinou que a estrutura organizacional típica tem o formato de uma pirâmide. Mais gente na base metendo a mão na massa para que as coisas aconteçam e menos gente acima fazendo o necessário gerenciamento com base nos 5 verbos para que tudo saia da melhor forma e pelo menor custo possível.
O que ocorre, contudo, é que os gabinetes da Administração Pública Brasileira andam superlotados de gerentes, secretárias, motoristas, "aspones", mordomos servidores de cafezinho, ascensoristas entre outros, enquanto nas estradas, nos plantões dos hospitais, nas classes de aulas das escolas e onde quer que as coisas devam acontecer, só se vê gatos pingados a servirem aos objetivos das respectivas instituições. A pirâmide está, definitivamente, de cabeça para baixo e nós os cidadãos que pagamos quase 40% do PIB em impostos continuamos com nossas cabeças quentes e sem esperanças.
Assassinaram, sim, os gerentes com políticas que lhes deram status e remuneração dignos, mas sem fazê-los gerenciar com os cinco verbos fundamentais da administração moderna: planejar, organizar, dirigir, controlar e coordenar.
Se Fayol estiver me ouvindo peço-lhe socorro, pois a coisa anda preta em matéria de administração aqui neste país que quer ser do primeiro mundo; quer liderar outras nações; quer organizar a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e mostra irrequieta disposição de fazer qualquer bizarrice que lhe dê prestígio internacional.
Socorro Fayol! Salve nossos gerentes da inoperância! Salve a nossa administração pública e proteja o povo brasileiro!
Edson Pinto
Julho’ 2010
Um comentário:
De: Edson Pinto
Para: Amigos
Caros amigos:
O Estado arrecada em impostos quase 40% de tudo o que o País produz. Uma das maiores cargas tributárias do mundo, todos sabemos, mas, os serviços que recebemos em troca, também sabemos, deixam muito a desejar.
Metemos o malho nos políticos e com razão, embora não raro nos esquecemos de que há deficiências sérias na gestão da máquina estatal. Refletindo sobre isso cismei de que existe uma função que pode, também, levar uma parte da culpa pelo nosso custoso e precário serviço público. Escrevi Socorro Fayol, o Gerente Sumiu!
Bom final de semana a todos!
Edson Pinto
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