21 de out. de 2010

141) O RESGATE DOS MINEIROS

Perceberam que Lula anda um tanto quanto sumidinho da mídia? Durante a campanha eleitoral do primeiro turno ele esteve verdadeiramente endiabrado. Bastava alguém colocar um tijolo à sua frente e ele subia, serelepe, para mais um discurso. Assacou tantas obviedades, mentiras, meias verdades e verdades distorcidas que deu no que deu. Muita gente séria e, principalmente os institutos de pesquisas, garantem que boa parte dos votos que Dilma perdeu na reta final do primeiro turno deveu-se ao périplo mambembe de Lula. Ele se achava acima de tudo e de todos. Verdadeiro “rei da cocada preta”, convicto, mais do que nunca, de que a sua alta popularidade levaria Dilma diretamente para o Palácio do Planalto já em 3 de outubro. Como ele sempre diz que é formado na escola da vida, agora - se for de fato um bom aluno - terá assimilado a mãe de todas as lições terrenas, a que nos mostra a humildade como sendo o melhor caminho para o sucesso.

Acontece, porém, meus amigos, que eu não acredito que Lula tenha desaparecido da mídia só porque Dilma Rousseff não levou a eleição no primeiro turno. Nana-nina-não! Raciocinem comigo! Na escola da vida ele até já se tornou doutor. Já havia perdido várias vezes em suas próprias campanhas. Não seria, portanto, razão suficiente para levá-lo a tomar chá de sumiço. Com a face amadeirada que tem, nada que um oleozinho de peroba não pudesse dar um jeito. Eu presumo e tenho quase certeza que a razão do sumiço de Lula deve-se a outra causa. É o que me faz especular a partir do próximo parágrafo.

O prólogo: O resgate dos mineiros chilenos passou a chamar a atenção do mundo. Foi uma ação de resgate das mais emocionantes de tantas quantas temos visto nesta época de comunicação tão farta e rápida. Sabe-se, agora, que mais de 1 bilhão de pessoas em dezenas de países assistiram, comovidas, ao salvamento de cada um daqueles 33 homens que ficaram por mais de 2 meses soterrados a 700 metros na mina do deserto de Atacama. Ao lado dos familiares e das equipes de resgate lá estava o presidente Sebastián Piñera que, a cada abraço em um mineiro saído da cápsula, a cada pronunciamento feito ou mesmo a cada grito “chi-chi-chi, le-le-le” via sua popularidade, mundo afora, subir que nem a Fênix 2, a cápsula do resgate. Lula - como bem sabemos - não tolera ver alguém ser mais amado do que ele. Naquelas circunstâncias, ao vivo e a cores, fora esse, para tristeza de Lula, o fato realmente inconteste. Ele que apoiara Ahmadinejad, Hugo Chaves, Fidel Castro, Rafael Correa, Evo Morales, Muamar Kadafi e diversos ditadores africanos como forma de se tornar mundialmente, universalmente e até mesmo “inter-galaxialmente” conhecido, não podia suportar o fato de 33 mineiros, afoitamente metidos naquele buraco de tatu, pudessem tornar Piñera mais popular do que ele.

Era preciso fazer algo: E nisso, Lula costuma ser muito bom. Planejou correr em paralelo aos acontecimentos do Chile para também pegar carona na atenção da mídia mundial. Precisava igualmente de um resgate a altura, e, por óbvio, tinha que ser o resgate de mineiros. Afinal, o mundo só estava interessado nisso. Já que Dilma curtia a enxaqueca do fracassado primeiro turno, agora era hora de surpreender. Lula, desta forma, vê semelhança entre o desabamento da mina chilena e o desabamento de projeto petista de primeiro turno. Começa a articular o resgate de Dilma e de outros coligados para o segundo turno. Ela, Dilma, sairia de uma cápsula bem mais bonita e confortável do que aquela usada em Copiapó, emergindo soberana, em 31 de outubro próximo, com óculos escuros e o sorriso sincero fabricado e imposto por seus marqueteiros. Na boca do túnel, Lula abraçaria Dilma enquanto sua imagem imperial iria aos quatro cantos do Universo para seu jubilo, vaidade e honra.

Predica e pratica: Era necessário, contudo, testar o resgate de Dilma antes que a mídia mundial fosse chamada para dar cobertura à façanha de Lula. Nada poderia sair errado, senão viria Serra novamente com aquele ditado “predica, mas não pratica”. Ou ele, através de sua alma gêmea, Dilma Rousseff, vencia o segundo turno ou ele nunca mais chegaria a lugar algum, exceto, é claro, à São Bernardo do Campo. José Dirceu, ainda na moita, cuidou da encomenda, dizem, superfaturada, da cápsula “Super Fênix 1000”. Teve que ser refeita algumas vezes, pois Dilma não parava de engordar. A última versão mais parecia um tonel arcado.

O desfecho: Agora vocês já devem estar perguntando o porquê desse projeto não ter dado certo, ainda... Explico: Baixada a cápsula sob olhares ansiosos da cúpula do PT, do ministério inteiro, dos filhos da Erenice Guerra e do próprio Lula, entre outros, a emoção transbordava em abundância. Infelizmente, pelo menos até agora, não deu certo. Especula-se sobre o porquê. Por motivos ainda não bem esclarecidos a cápsula “Super Fênix 1000” trouxe à superfície o primeiro mineiro e ele não era Dilma. Mandou subir o segundo mineiro e esse, também, não era Dilma. Antes que viesse outro mineiro, mesmo com possibilidade de ser a própria Dilma, Lula decidiu adiar o projeto.

O epílogo: Deprimido e desconsolado Lula teve que abraçar o primeiro mineiro a sair da cápsula, Aécio Neves. Em seguida abraçou o outro mineiro, Itamar Franco. Mesmo com chances de que o próximo a emergir pudesse ser a mineira Dilma Rousseff, isso já era demais para Lula. Pensou melhor e assim, ferido pela traição do povo, mandou lacrar a boca do poço. Foi aí que, junto com a cúpula petista, bolou a história da bolinha de papel na careca do Serra.

Edson Pinto
Outubro’2010

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos

Caros amigos:

No mais autêntico modo petista de ser, Lula tentou - nesse recente episódio da agressão física a Serra, no Rio de Janeiro - transformá-lo de vitima em culpado. A edição de imagens feita pelo PT levaria qualquer mortal a acreditar na versão de Lula de que Serra simulou, ao estilo do ex-goleiro Rojas, uma verdadeira farsa.

Felizmente, a Rede Globo, no Jornal Nacional de hoje, apresentou outra parte do mesmo evento em que fica claro que, além da bolinha de papel, houve, sim, outro objeto jogado pelos militantes petistas na carequinha lustrosa do Serra. Bolinha de papel ou não, o fato concreto é que temos agora um novo tema que promete mexer com a campanha nos próximos dias. Vamos aguardar!

Enquanto isso, eu publico uma análise que fiz sobre o episódio do resgate dos mineiros ocorrido na última semana e que mexeu com a emoção de muita gente mundo afora, inclusive com a nossa aqui no Brasil. E, como estamos também soterrados pelas ações da direita e da esquerda para conquistar votos no dia 31 próximo, não foi possível evitar a ligação que fiz de uma coisa com a outra. Por isso, escrevi O RESGATE DOS MINEIROS.

Um bom final de semana a todos!

Edson Pinto