29 de out. de 2010

142) O ASNO E A CARGA DE SAL


“Um asno carregado de sal atravessava um rio. Um passo em falso e ei-lo dentro da água. O sal então derreteu e o asno se levantou mais leve. Ficou todo feliz. Um pouco depois, estando carregado de esponjas, às margens do mesmo rio, pensou que se caísse de novo ficaria mais leve e caiu de propósito nas águas. O que aconteceu? As esponjas ficaram encharcadas e, impossibilitado de se erguer, o asno morreu afogado. Moral: Algumas pessoas são vítimas de suas próprias artimanhas.” (Fábula de Esopo, século VI a.C.) ________________________________________________________

No próximo domingo vamos às urnas para decidir sobre a qualidade de nossas vidas para os próximos 4 anos. “Decisão” pode ser considerada um ato pessoal, posto ser fruto do que pensamos e consideramos como sendo a melhor escolha face a uma dada questão. Decidimos inúmeras vezes ao longo do dia e mesmo ao longo de toda a vida, procurando, é claro, a obtenção do melhor resultado possível. Assim é na hora de escolher a roupa que vamos usar naquele dia; o que vamos comer; o momento certo de atravessarmos a rua sem sermos atropelados; a carreira profissional que queremos seguir; o cônjuge com o qual partilharemos nossas vidas e até mesmo os líderes que vão, dentro da organização política do país, cuidar de nossos interesses.

Acima da decisão pessoal que, como o termo propriamente indica, é particular, temos a decisão difusa representada pela vontade do coletivo, do povo, da sociedade. É o somatório das vontades individuais formando uma vontade única. Democraticamente, aceitamos que essa vontade agregada, ou seja, a decisão da maioria, prevaleça sobre as nossas vontades individuais. Simples assim, só nos compete, como indivíduos, cuidar de que as nossas próprias vontades e suas conseqüentes decisões em matéria política sejam as melhores possíveis e, ao mesmo tempo, esperar que as dos demais cidadãos sejam igualmente frutos de reflexões maduras e isentas de espertezas. No mundo ideal é isso o que deveria prevalecer para todos os atos da vida social.

O pensador iluminista Voltaire em “Cândido, o Otimista”, seu clássico romance filosófico, trata brilhantemente do tema da ingenuidade em contraposição à esperteza e os reflexos disso na sociedade de sua época, o século XVII. De forma sarcástica, Voltaire leva Cândido a questionar a convicção que tinha de que vivia o melhor dos mundos possíveis. Seu mestre, o filósofo Pangloss, insistia em colar em sua cabeça a máxima de que tudo era para o melhor no melhor dos mundos possíveis "Tout est pour le mieux dans le meilleur des mondes possibles". Mas não era. Os espertos seguindo seus próprios objetivos adoram iludir os Cândidos da vida e, por meio de espertezas, vão seguindo tão longe quanto conseguirem, a menos, é claro, que os puros se conscientizem de suas ingenuidades.

A Política é, desde há muito, terreno fértil onde germina com incrivel exuberância as sementes da artimanha e do embuste. Os políticos, em geral, mentem em profusão com o propósito único e oculto de tão somente alcancar ou manter o poder de que já dispõem. Em lá estando, e usufruindo das benesses que a prerrogativa lhes confere, esquecem as promessas e traem nossas vãs e cândidas esperanças. Mas a culpa disso não é só dos que enganam. Na maioria das vezes, a culpa pode e deve ser atribuída também a quem se deixa enganar ao acreditar que fazendo tal ou qual escolha com base em tal ou qual benefício prometido e desejado se dará muito bem.

O que falta é termos consciência de que se a política cuida do coletivo então nossas decisões hão de considerar isso como mais importante do que o beneficio pessoal possível, pois aquele, no longo prazo e estruturalmente, prevalece sobre este. A nação deve ser vista pela ótica da plenitude e não do benefício pontual. O uso de artimanhas pode até nos dar alguma vantangem momentânea, mas, como na fábula de Esopo, pode nos tornar vitimas delas mesmas.

No próximo domingo quando clicarmos o botão verde do CONFIRMA da urna eletrônica, certamente deveremos nos lembrar da importância do nosso voto para a escolha do que seja o melhor para o Brasil. Que cada um vote com independência em quem julga ser o melhor para conduzir os destinos da pátria. O importante, é que, acima de todas as artimanhas eleitoreiras injetadas em nossas cândidas cabeças, tenhamos discernimento para a prática do voto consciente.

Clique _ _, veja a foto e confirme pressionando a tecla verde...

Edson Pinto
Outubro’2010

2 comentários:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos

Caros amigos:

Depois de amanhã, domingo, 31, vamos novamente às urnas para a decisiva escolha do nosso presidente para os próximos 4 anos. Candidamente, acredito que todos nós brasileiros estejamos de fato levando a sério a importância desse ato. Votar é chancelar a escolha que fazemos para o futuro.

Em linha com isso, escrevi o texto O ASNO E A CARGA DE SAL. Morna reflexão sobre a relevância e responsabilidade da escolha que faremos no próximo domingo. Vejam se concordam comigo!

Boa votação e feliz final de semana a todos!

Edson Pinto

Unknown disse...

Qual a moral da história dessa fábula?