28 de jul. de 2020

316) CONSTRANGIMENTO MÁXIMO...


Meu pai - com a aeronáutica - fez parte da FEB que lutou na Itália na Segunda Guerra Mundial. Parte importante de minha vida morei em um bairro só de ex-combatentes. Reinava ali um espírito de respeito e reverência à nobre função dos defensores da Pátria.

Acostumei-me a olhar com admiração e respeito a quem galgasse a carreira militar, considerando, inclusive, a sólida formação educacional que recebem nas excelentes academias militares do País.

Essa admiração foi posta em xeque quando, agora, estarrecidos, tivemos acesso ao vídeo da histórica reunião ministerial do dia 22 de abril, coincidentemente no dia em que comemorávamos os 520 anos de nossa existência como país. Fato este, a propósito, tão omitido quanto omitido em profundidade também foi o tema do momento, a pandemia que não para de ceifar vidas de brasileiros.

Senti verdadeiro constrangimento alheio pelos generais que ali se postavam desconcertados, submissos a um presidente de modos e costumes reprováveis.

Nenhuma liturgia ao elevado cargo que exerce; discussão sem pauta; passiva consensualidade com arroubos irresponsáveis de alguns ministros e uso abundante de termos que envergonhariam Gregório de Matos e Manuel Maria du Bocage em seus melhores poemas fesceninos...

Fico pensando, constrangido ao máximo, é claro, sobre o que levaria militares tão nobres a esse opróbrio? Alinhamento a uma ideologia incompreensível ou os encantos de uma sinecura, mesmo que temporária, mas providencial, já que a vida não está fácil para ninguém?

Edson Pinto
24/5/2020

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