Meu pai - com a aeronáutica - fez parte da FEB que lutou na
Itália na Segunda Guerra Mundial. Parte importante de minha vida morei em um
bairro só de ex-combatentes. Reinava ali um espírito de respeito e reverência à
nobre função dos defensores da Pátria.
Acostumei-me a olhar com admiração e respeito a quem
galgasse a carreira militar, considerando, inclusive, a sólida formação
educacional que recebem nas excelentes academias militares do País.
Essa admiração foi posta em xeque quando, agora,
estarrecidos, tivemos acesso ao vídeo da histórica reunião ministerial do dia
22 de abril, coincidentemente no dia em que comemorávamos os 520 anos de nossa
existência como país. Fato este, a propósito, tão omitido quanto omitido em
profundidade também foi o tema do momento, a pandemia que não para de ceifar
vidas de brasileiros.
Senti verdadeiro constrangimento alheio pelos generais que
ali se postavam desconcertados, submissos a um presidente de modos e costumes
reprováveis.
Nenhuma liturgia ao elevado cargo que exerce; discussão sem
pauta; passiva consensualidade com arroubos irresponsáveis de alguns ministros
e uso abundante de termos que envergonhariam Gregório de Matos e Manuel Maria
du Bocage em seus melhores poemas fesceninos...
Fico pensando, constrangido ao máximo, é claro, sobre o que
levaria militares tão nobres a esse opróbrio? Alinhamento a uma ideologia
incompreensível ou os encantos de uma sinecura, mesmo que temporária, mas
providencial, já que a vida não está fácil para ninguém?
Edson Pinto
24/5/2020
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