1 de set. de 2009

95) DILMA VESTIDA, DILMA DESNUDA...



Aprecio muito a obra de Francisco de Goya (1746-1828). Já em outras ocasiões falei do genial espanhol que dominou a pintura Neoclássica, mas que esteve, também, presente quando o Romantismo veio ao mundo. Pela sua habilidade com os temas populares, muito valorizados no reinado de Carlos III, conquistou a simpatia da nobreza e tornou-se o pintor oficial da corte para retratar, como poucos antes tão bem fizeram, a família real da Espanha.

Em 1792 ficou completamente surdo. Como conseqüência tornou-se mais ligado às dores de seus semelhantes e passou a pintar o grotesco e a dar mais atenção às críticas sociais. No ápice de sua criatividade envolveu-se em um romance tórrido com a duquesa de Alba, linda e viúva. Duas de suas obras mais conhecidas, A Maja Vestida e A Maja Desnuda retratam essa paixão e sugerem a dimensão mundana do affair. Sem querer me alongar em excesso nessa sinopse da vida de Goya, vale ainda registrar que o erotismo das duas obras o levou a ser julgado pela Inquisição.

Por razões óbvias, deixo de lado o aspecto erótico do duplo retrato da duquesa de Alba para ver, sob outro aspecto, neste caso, o moral, certa semelhança com a nossa ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Dilma vestida com o seu traje de candidata favorita do presidente Lula inspira confiança e faz por merecer os votos do povo. Para a imagem de pureza tão necessária aos cargos públicos, Lula aplica-lhe, ainda, o sagrado termo “mãe” adicionando-lhe a sigla PAC. Sendo verdade, quem não votaria na mãe de Jesus, na própria mãe ou mesmo na mãe do programa de aceleração do crescimento? É tudo o que o povo quer: um programa que lhes melhore a vida e uma mãe... Desnudada, porém, pela revelação das mentiras cometidas, deixa o seu caráter frágil exposto como um corpo desprovido de suas vestes.

Dilma mentiu em seu currículo sobre cursos nunca feitos ou nunca terminados. Mentiu que não tinha preparado um dossiê para incriminar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua falecida esposa, Dona Ruth, relacionando-os ao caso dos cartões corporativos. Mentiu no episódio da Varig e agora também mente no caso da reunião com a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, a quem “sugeriu” agilidade no caso do filho do senador Sarney. Mostrou-se, agora desnuda, ser detentora de uma tendência incorrigível para a prática da mentira. Seria uma mitomaníaca de nascença ou teria adquirido esse péssimo hábito à medida que vem se aprofundando no relacionamento com a cúpula do PT?

Pena que Dilma desnuda não tem como ficar parecida com a duquesa de Alba. De qualquer forma, é melhor vê-la agora desnudada enquanto não assume a cadeira de Lula do que depois de lá se assentar. Com a tropa de choque que o governo conseguiria reforçar no caso de vitória do PT em 2010 e com a jogada mirabolante do pré-sal, não haverá Inquisição capaz de tirá-la de lá.

E o pior, em 2014, seria de novo: Lula, lá...

Edson Pinto
Setembro’2009

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