8 de mar. de 2012

195) PIBINHO ROSCOFE


Análises completas a respeito do raquítico PIB brasileiro de 2011 que cresceu apenas 2,7% em relação ao ano anterior, inundarão, com toda a certeza, o noticiário desta e das próximas semanas. Será dito tudo o que já estamos cansados de saber e que, infelizmente, continuam sendo identificados como os fatores cruciais que impedem o País de ter um crescimento compatível com a sua grandeza territorial, com a sua expressiva população e com o gigantismo de sua abençoada riqueza natural. Somos o B do BRIC exatamente pela conjugação desses fatores considerados, entre outros, como pré-requisitos para o status de potência emergente.

Lanço mão no título deste texto do adjetivo “roscofe” associado a um substantivo na sua forma diminutiva, pibinho, ou PIB (produto interno bruto) de pequena monta. Assim, destaco algo que já faz parte da nossa maneira, brasileiríssima por sinal, de lidar com os temas que nos são importantes. É essa tendência que nos caracteriza como malfeitores de tudo o que nos toca empreender, ou seja, o famoso “meia boca”. Nada é bem feito, completo, com otimização de recursos e a tempo. Primamos pela falta de planejamento. Adoramos o afogadilho, a conclusão de última hora e tudo isso com custos que são superiores aos que seria razoável esperar.

Não fosse pela forma arrogante, típica dos franceses, de sugerir um pontapé em nossos traseiros para fazermos as obras da Copa do Mundo de 2014 andarem com mais celeridade, teríamos dado plena razão ao tal Monsieur Valcke, pois, não raro, nem pontapés nos nossos traseiros são suficientes para nos fazer funcionar mais rápidos e melhores. Pode anotar: Teremos estádios e obras de mobilidade urbana, necessárias a Copa, inauguradas, e a maioria de forma incompleta, na semana de abertura do importante evento. Voltarei neste tema em junho de 2014. Se não for esse o caso, ficarei surpreso e feliz. Pode esperar!

Bem, o pibinho de 2,7% que me apoquenta e sei, também, a muita gente, não condiz com o discurso lulopetista. Em 2009, ficamos negativos. Em 2010, o 7,5% de crescimento nada mais representou do que a evolução de dois anos, então teríamos tido, na média, algo como 3,5% ao ano. A marolinha, segundo Lula, já teria passado. Como explicar que agora Dona Dilma não consegue nem os 3% da Alemanha de uma Europa em plena crise? Lamentável! Pode-se colocar a culpa no “tsunami de liquidez” provocado pelos EUA e pela Europa que geraram, via excesso de moeda, a valorização do nosso Real, asfixiando pelo câmbio a nossa Indústria e abarrotando o nosso mercado interno com as quinquilharias produzidas mundo afora. Ou ainda às taxas de juros praticadas no País, as mais altas do mundo, alegadamente para evitar o recrudescimento da inflação e que o governo não consegue fazer descer a níveis civilizados. Os agentes do chamado Mercado Financeiro jogam contra a baixa das taxas, pois, afinal, quanto mais juros sacados dos tomadores desesperados mais comissões lhes irrigam as próprias hortas.

Tudo pode ser dito e obviamente faz todo o sentido, mas o que não está sendo combatido e com toda a certeza ainda não o será por longo tempo é a exagerada dimensão do nosso Estado. Enquanto tivermos o Leviatã dos três níveis de governo empregando centenas de milhares de barnabés e de cargos de confiança que pouco ou mal produzem, mas custam altos salários e explodem o sistema previdenciário do funcionalismo público; enquanto o Estado estiver metido em atividades que poderiam, com mais eficiência, ser tocadas pela iniciativa privada; enquanto nosso sistema político for tão caro e tão corrupto; enquanto não mudarmos a mentalidade de que o Estado deva servir ao povo e não o contrário, teremos – infelizmente - esse pibinho roscofe.

A propósito, o adjetivo roscofe tem origem no nome de um famoso relojoeiro alemão/suíço, Georges Frederic Roskopf, que no final do século XIX desenvolveu um relógio barato com a intenção de popularizar o seu uso. Dizem que cópias de má-qualidade teriam comprometido a qualidade do produto e assim transferido a imagem negativa dos relógios do senhor Roskopf para tudo o que não funciona bem ou deixa muito a desejar.

Não é exatamente o caso de nossa máquina estatal, um tanto roscofe e com o seu pibinho subnutrido?

Edson Pinto
Março’2012

Um comentário:

Blog do Edson Pinto disse...

De: Edson Pinto
Para: Amigos


Caros amigos:

Monsieur Valcke, da FIFA, recomendou-nos um solene “pontapé no traseiro” para ver se andamos mais céleres com as obras da Copa do Mundo de 2014.

Nem tínhamos bem assimilado esse desaforo e já nos vem o raquítico “pibinho” de 2,7% que a pátria amada, membro proeminente do BRIC, conseguiu como crescimento no primeiro ano do terceiro mandato lulopetista.

Refleti sobre isto e escrevi PIBINHO ROSCOFE

Bom final de semana a todos!

Edson Pinto